domingo, 22 de novembro de 2015

TRADIÇÃO
Vânia de Farias
Para Sol Siddartha

Recebe neto querido,
o que tenho para ti:
meus dias, que já se foram
e os que ainda estão por vir

São dias de tanto enlevo
de descobertas e encanto
de sonhos que hoje vivo
como canto de acalanto

O que te entrego hoje
já me foi entregue antes
por meus pais, velhos amigos
por mestres, e amigos tantos

me deram tudo que tenho
guardado em minha memória
fotografias tão nítidas
e suas tantas histórias...

De justiça ou crueldade
coisas de seres humanos
que embora estejam fadados
a um dia, serem anjos

se comportam como monstros
em momentos equidistantes
seus corações já não amam
seus olhos já não abraçam

seus braços não acalentam
suas mãos apenas enlaçam
as vítimas que caem inertes
após os golpes cruéis

e as fitas que amordaçam...
Suas bocas, já não oram
suas mãos não acariciam

apenas o olhar frio
a espreitar sua presa
como feras predadoras
sua fome, não tem freio

são piores que alguns bichos
que tem o seu próprio freio:
a natureza amiga
que lhes tolhem sem rodeios.

 Vânia de Farias
imagens google
 

Nenhum comentário:

Postar um comentário