sábado, 14 de novembro de 2015


INSOLÊNCIA


Quando um dia empunhavas
aquela arma de fogo
tão jovem ainda, teus braços
galhos frágeis, sem socorro.


Mas tua mente em fornalha
cobrava determinado
o fruto de meu trabalho
ó meu  jovem insolente
em que mesmo trabalhavas?

Tens horas extras, neste teu labor
qual foi o dia, em que abandonaste
o sonho de viver um grande amor?

Hoje namoras com a morte astuta
transformaste-te em seu anjo cruel
e me visitas nesta tarde quente
teu rosto pálido, qual amargo fel

encontro-me em dúvidas:
qual bolsa entrego agora
mas tu já sabes, escolheste
não queres a sacola
 agora entendo o que te perturba
é teu futuro, sem teto sem céu
nesta nação onde o horror assola.

Pergunto-te tonta e angustiada
és tão criança, pra missão tão dura!
Tirar a vida, caso não te entregue
o que tu queres, anjo da morte rude

desconcerto-me ante a realidade
tão crua e dura, para alguns rapazes
a vida que escolhes, é quem te escolheu...
Não tens saída, teu futuro encolhe

estás inserto, nessas estatísticas
partirás cedo, ainda tão jovem!
São muitos abatidos, qual feras no asfalto
teu sangue verte, qual rio de fogo
chegando perto dos portões e muros
de nossas casas, casebres, sobrados
mansões, mansardas, ninguém está seguro.

Mas hoje peço a Deus, misericórdia
para nós dois, e para outros homens
peço também por tua mãe que um dia
te amamentou quando tinhas fome.

Velou teu sono, tua febre alta
e te trocou, como as mães que cantam
velhas cantigas, para o filho insone
mas hoje chora perto do cadáver
seu filho morto, por outro covarde
mais pusilânime dos que hoje jazem.

Na sua face, amargura e dor
é seu filhinho, que morreu agora
e para muitos é um ladrão apenas
mas para ela é seu tesouro! E chora.

Teu sangue, quente escorre na calçada
minha amargura é minha motriz i
meus olhos querem ver outra paisagem
e suas lentes, ver vida feliz!

Vânia de Farias Castro.
Em 13/11/2015
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