terça-feira, 31 de janeiro de 2017

AMBIGIDADE

AMBIGUIDADE
Vânia de Farias

Quantas esperas, esperei um dia
de quantos dias deu-se minha espera
e não chegaste como prometias
em meus delírios de vivermos em festa

quantos pedidos te pedi, quem dera...
Que tu me desses, o pedido ainda
que fosse amargo, meu sofrer pois era
tua amargura que sorvia rindo...

Teu rosto pálido qual morto na pedra
me olhavas triste, em tarde tão fria
mais fria a lápide onde eu escrevia
o epitáfio do amor que morria



domingo, 29 de janeiro de 2017

MINHA PORTA


MINHA PORTA
Vânia de Farias

Hoje, posso enfim te reabrir
e deixar entrar outras notícias
boas notícias trazidas por fadas
ou por duendes, ingênuos e simples


alguns elfos, também virão
trazendo flores em ramalhetes em suas mãos
falarão de um mundo onde a magia
é a irmã dileta dos sonhadores...

Chegarão pássaros em bandos
chefiados pelo bem ti vi
focando sempre no belo, no ético
de onde vem, ninguém enxerga o feio

ninguém vê o abjeto e chulo
seus olhos são imaculados
e jamais se conspurcarão
ao verem paisagens pestilentas

só a alegria e amizade construída
em cima de jardins perfumados
 a base dessa linda construção
é um campo de lírios dançando ao vento.

Ah! Como gosto de receber o bem ti vi
ele sempre me conta belas histórias
de crianças brincando e sorrindo
construindo castelos de sonhos...

Sonham com um futuro
onde cuidarão de outras crianças
serão pediatras

manterão a segurança de seu bairro
serão policiais
construirão belas e seguras construções
serão engenheiros

zelarão da saúde de seus compatriotas
serão enfermeiros
Salvarão vidas, com desvelo e coragem
serão bombeiros...

lutarão como os cavaleiros antigos
pela manutenção da justiça
serão advogados

E continuam sonhando, com homens
que garantirão a materialização de seus sonhos
serão homens justos!

Vânia de Farias.
Em 11 de abril de 2016

sexta-feira, 27 de janeiro de 2017

OLHOS CEGOS VEEM MAIS LONGE

OLHOS CEGOS VEEM MAIS LONGE
Vânia de Farias.

Hoje te ouvi falar de amor
de ternura e compaixão
também de renúncia e perdão


de como é belo caminhar dando as mãos

a quem queremos mais que a própria vida
quero voltar a te ver nesta estrada
que me fales outra vez dos belos campos

e de tuas plantações de margaridas...
Quero outra vez, ouvir tua história
de como amaste, da grande devoção
te ouvir cantar doce melodia
 dos que conheceram o amor um dia

dos que viram o mundo pelo olhar do outro
que não se faz necessário compreender
nem entender o universo do mesmo
basta apenas querer habitar este universo

querer partilhar de suas maravilhas
dores, dúvidas e desejos ir realizados
de separação e de reconciliação
das noites e dias de espera

e da imensa alegria do retorno...
Falaste-me que basta apenas
confiar na visão do outro
como o cego a ouvir a descrição de uma bela paisagem

do êxtase sentido na presença
de Kandinsk, de Miró, Picasso,
Monet, Frida e Mondrian
de tantos outros mestres do passado

tu não entendias e nem entendes de arte
mas entendes de amar, e de como é importante
ser feliz com a felicidade do ente amado
de se extasiar com o êxtase do nosso amor.

Falaste-me de como é divino ver
pelos olhos do outro quando o mesmo
possa viajar mais longe, e quiçá
trazer para nós, notícias de outras paragens

do que viu e sentiu por lá
do que viveu e sofreu e se alegrou,
e se não formos felizes para sempre
que sejamos felizes para hoje!

Vânia de Farias.
Em 10 de abril de 2016.

DESESPERO

DESESPERODESESPERO
Vânia de Farias

Tentaram me atropelar
o motivo? Desespero
pautado na ambição
na ignorância servil...


Estava eu caminhado
voltando pro meu castelo
de sonhos, já que desejo
um mundo mais justo e belo

nas mãos trazia uma bandeira
com a foto da brasileira
mais falada do momento

seu nome? Dilma Roussef
hoje nossa presidenta
mulher forte e guerreira
que não teme adversários

não foge da luta em vida
e sempre será lembrada
como uma mulher valente
que luta contra dragões

do poder, incompetentes
que soltam fogo das ventas
mas da boca só bravatas
não são éticos nem honestos

e suas vidas transatas
estão cheias de escândalos
falsidade e mentiras
assassinatos cruéis

modelos que saem da vida
bem como das passarelas
que foram cedo jogadas
para a morte do corpo
pelas mãos dos homicidas.

Esses homens sem escrúpulos
lutam com todas as armas
as mais sórdidas e obscuras
para atingirem seu fito.

E seus asseclas insensatos
cometem os mesmos crimes
mentem, roubam, caluniam
e tentam até homicídios

contra os que não compartilham
de suas escolhas torpes
qual a culpa que eu tenho
se os mesmos são tão tolos?

Se escolheram votar
em um homem sem palavra
cujo passado envergonha
até os já condenados?

A escolha é dos dementes
sem noção de realidade
que agem como hienas
rindo sem motivo azado.

E agora querem à morte
de quem pensa diferente
mas se mesmo eu estivesse
em uma rua caída

coberta de sangue rubro
como muitos já o foram
não serviria a fúria
desses loucos em devaneio

já que naquele momento
meu voto já havia feito
a diferença que quero
fazer para continuar

com o progresso que o nosso
país amado tem sido
contemplado com o comando
da Dilma e outroslíderes

protagonistas da história
que sabem fazer à hora
não esperam que o outro
faça, e ganhem a glória.

Vânia de Farias Castro
Em 26 de outubro de 2014.

DEMOCRACIA

DEMOCRACIA.
Vânia de Farias.

Está muito difícil andar por aqui 
me apunhalam pela frente mesmo
outros me agridem verbalmente
e uns tantos me humilham sem escrúpulos...


Onde foram parar os sonhadores?
Os utópicos e defensores dos mais fracos
os cavaleiros modernos e suas ideias
libertárias, progressistas e corajosas?

Sim, é preciso coragem para me defender
para mostrar ao mundo
que não se envergonham de mim,
dos meus e dos que lutaram bravamente
para me manterem de pé.

Toda a América Latina, me ataca
ontem, hoje e por muito tempo
mas partirei certamente
deixando um gosto amargo
nas bocas desdentadas dos poderosos

homens trabalhadores lutam diuturnamente
para manterem seus corpos de pé
pagam um preço demasiado alto
enquanto outros, apenas se locupletam

de toda a riqueza produzida
 pelos que são considerados inferiores
são considerados marginais...

Partirei sim, e já levo em minha mochila
os sonhos de muitos brasileiros
as utopias dos que sonham para si
e para os outros, um mundo de igualdade

onde homens e mulheres, sejam respeitados
e dignificados em suas diferenças
onde o amor seja uma bandeira colorida
como um arco íris a se levantar sobre os céus!

Partirei por um tempo... Preciso respirar
e outros ares,
serão necessários para manter minha pulsação
e meu coração pulsará mais forte

e o pulmão de muitos,
 para gritarem numa lufada triunfante:
Democracia! Volta para abençoar esses infantes!

Vânia de Farias.

ELEGIA À LILI ELBE

ELEGIA A LILI ELBE
Vânia de Farias

E minha echarpe voou
como gaivota solitária
acima dos pântanos


dando reviravoltas

girando, a procura de mim
ou de mais nada
voou em direção ao oceano...

Por que meu Deus!
Tanto engano?
Se sou uma bela rosa
triste e calma

presa em um vaso
tão estranho...
sei que és Senhor
e Soberano

e tuas leis, sempre
justas e amorosas
mas como posso
ser apenas rosa

presa a este vaso
e solitária?
Meus sonhos foram
cortados, qual mortalha

a enterrar um corpo
já sem vida
minha echarpe voa
voa, decidida

a procura da essência
já perdida
a procura de mim
rosa cortada!

Homenagem a Lili Elbe
(Einar Mogeus Wegener)
Lei nº 9.610, de 19.2.1998 (Lei de Direitos Autorais)
Súmula nº 386 do STF
Foto google

MAÇÃ SEM PECADOS

MAÇÃ SEM PECADOS
 Vânia de Farias

Hoje te seguro com mãos trêmulas
lembro-me com ternura de nossos atentados
contra quase tudo que o mundo nega
lembro-me ainda das gargalhadas


podíamos sorrir como mulheres comuns
escancarar nossas bocas saboreando a alegria
nossa alegria tinha sabor de uva passa
ou de qualquer doce originado do sacrifício

sim, muitas mulheres foram jogadas
nas fogueiras da incompreensão,
do desrespeito e do abandono
usaram letras de todas as cores...

Letras que denunciavam seus pecados
nossas imagens de mulheres sensatas e pulcras
eram embrulhadas em toalhas de linho branco
e guardadas em nossos baús de ilusões

naqueles instantes, só os olhos a sorrirem.
Podíamos usar qualquer vestido
com transparências ou fendas
qualquer comprimento nos era permitido

nosso colo podia se insinuar impunemente
nenhum homem se sentia no direito de nos ultrajar
de nos violentar, de nos usar...
Nossas roupas faziam parte de nossa essência

revelava nossa capacidade de sedução
de encantar, de embebedar
alguns olhos desprevenidos
podíamos ser convidadas para posar diante de um artista

ou sermos eternas musas de um poeta...
Nossos corpos continuavam nos pertencendo.
Podíamos saborear qualquer doce,
qualquer salgado, ou mesmo uma deliciosa ave

e nos aventurar pelas estradas do prazer
nos permitíamos saborear cada bocado
mesmo que lá fora fosse pecado se permitir
o prazer de um bom prato

de um vinho ou um doce
aqueles prazeres só eram permitidos
quando estávamos sozinhas: eu e tu, minha maçã
minha maçã sem pecados!

Vânia de Farias.
14 de junho de 2016.

INSOLAÇÃO

INSOLAÇÃO
Vânia de Farias.

Hoje nossos corações
ficaram ensolarados
na verdade eles sofreram
de insolação, coitados


eis que os dois esqueceram
do protetor indicado:
cautela, não se aproximem
eis que o incêndio é macabro

mas não é que os danados
não usaram de cautela
e após muita querela
a paixão os dominou

foram se amar lá pras bandas
da praia de Jacumã
numa linda enseada
acordaram de manhã

quase bêbados de paixão
mas não cuidaram a contento
daquela nova emoção

se perderam na bagunça
da pequenina barraca
era tanta coisa junta
parecia o mercado
da feira de Oitizeiro.

E os pobres corações
após a insolação
ficaram com tanta febre
que precisaram chamar
todo o corpo de bombeiros

para apagar o incêndio
causado pelo encontro
daqueles dois corações
parecendo mais dois tontos

sem um zorro pra acudir
agora um tal desencontro.

Vânia de Farias
Em 23 de fevereiro de 2015.

SAUDADE

Saudade.
Vânia de Farias

Hoje eu queria te ver
rever teus olhos gelados
a me fitarem com firmeza, penetrantes...
quase cortando minhas carnes


chegando tocar a semente...
Fico constrangida e feliz
esperançosa e triste
apenas com teu olhar...

teu silêncio me incomoda
mas teu corpo grita
e consegue falar aos quatro ventos
o quanto ainda me amas, me desejas

me consideras bela como no passado
que ainda teima em ser
o que queiramos que seja:

Presente embalado em papel crepom
ou será celofane? Ou retalhos de cetim?
Este presente é tão vivo em mim...

E ainda levanto em um rompante
para ir ao teu encontro... Para saber
como estás, e ouvir tuas mentiras
ou acreditas mesmo no que dizes?

Quando te faço perguntas:
já sei a resposta, no entanto me contento
com tuas inverdades, e fico feliz
ao te ver acreditando que sonegastes

informações importantes...
Mas importante é ouvir tua voz
ver tua bela boca abrir-se em sorriso
como nos tempos em que ríamos

das coisas mais comezinhas...
e rias de minha fragilidade
das coisas que só eram minhas:
fraquezas, dores, anseios e medos

e rias tentando me acalmar
e esta era tua forma de amar
me cuidando, provocando
para ouvir meus desatinos

minhas respostas abruptas
por que temos tanto medo de amar?
de nos entregar... de nos desarmar
não te condeno, também sou assim

imatura e assustada. O amor me apavora
a entrega me deixa indefesa e vulnerável
e alimento a pretensão de ser forte
de ter auto controle, sobre meu corpo

minha vida, meus sentimentos...
Mas minto... Como tu, como muitos
Que num processo esquizóide
preferem o raciocínio

embora nem sempre lógico,
ao invés de se entregarem
se deixarem levar pelos sentimentos
pelos desejos que nos tira do centro

do eixo, e fatalmente nos leva a explosões
de paixão, como a que vivemos...
e que ainda sinto em minha pele
teu corpo, teu toque, teu sexo

teus soltos cabelos caídos em meu peito
aquecendo meu pescoço... ansioso
ao me despir... apressado como um jovem
em sua primeira noite de amor.

E nos amamos, nos acolhemos
sem medos, sem receios, sem rodeios...
só o desejo falando... os corpos entrelaçados
num abraço frenético e suave

em compasso descompassado
como ocorre com a maioria dos amantes
que muito esperaram pelo momento da entrega.
Ainda te sinto em meu corpo.
Como uma cicatriz.

Vânia de Farias Castro.
Em 09 de fevereiro de 2014.

ESPERANÇA

ESPERANÇA
Vânia de Farias

Quando te vi chegando
de mansinho, e tão lenta
meus lábios tremiam tanto
de medo da violência


medrando qual erva má
daninha qual a tormenta
assombrando pobres mães
vendo seus filhos já mortos

assassinados por homens
que jamais sentem remorso
ao ceifarem débeis vidas
para suprirem o ócio

de suas vidas vazias
de empatia e compaixão
só a loucura vadia
nas ruas da prostituição

eis que são pagos por nós
cidadãos necessitados
de proteção e cuidados
mas temos assombração.

Uns se aproveitam da farda
da arma e munição
lhes entregue sem critério
por esta grande nação.

Mas escolhem outro caminho
do crime e da maldade
são piores que os assassinos
que vivem em sociedade

escondidos, de nós outros
com falsa identidade
mas estes são ostensivos
matam sem qualquer escrúpulo

e ainda caluniam
a vítima e sua família
ainda vestida em luto
com requinte de maldade.

Vânia de Farias
Em 23 de abril de 205.

DESALENTO

DESALENTO
Vânia de Farias

Difícil entender o que hora passa
na mente e coração do ser humano
se dor e sofrimento é argamassa
que cobre a alvenaria do engano


tentei te entender, sentir contigo
a simpatia pelos outros, teus iguais
mas eis que me senti mais oprimida
na hora do adeus, não senti mais

apenas a dor profunda da revolta
o medo a visitar meu coração
pavor por entender que estamos sós
na louca dança dessa solidão.

Vânia de Farias.
Em 26 de julho de 2016

MINHA VOZ

MINHA VOZ
Vânia de Farias

Quando bicas os meus lábios
acorda-me para gritar
como poder continuar
na apatia em que vivo?


Meus amigos perseguidos
com fúria e crueldade
vejo medrar a maldade
nos salões onde estagio

egocêntricos grosseiros
bajuladores embusteiros
vivem sempre a espreita
esperando com soberba

que um de nós escorregue
para então se lambuzarem
na lama em que rastejam

víbora! Por que persegues?
quem vive com honradez
vejo tua pequenez
quando tentas escondê-la

Hoje sofres o abandono
da razão em tua mente
teu mundo é o que sentes:
humilhação e revolta

essa empáfia de pavão
não esconde os teus pés
toscos, feios, lamacentos
sustentando um cadáver

estás morto para a vida
para a ética e beleza
tua aparente esperteza
mal esconde quem tu és.

22 de novembro de 2016.
Vânia de Farias.

MEUS MONSTROS

Guardei meus sonhos, entretanto, meus monstros arrebentaram as jaulas.
Vânia de Farias.

DESTINO

DESTINO
Vânia de Farias

Hoje acordei apavorada
com a notícias que trazias nos meus sonhos
com as verdades que escondias dos humanos
e as mentiras proferidas sem vergonha


tu és astuta e fria, quão covarde
ao traçares as linhas do destino
se és a parca responsável por tecer
o tecido esgarçado e quase roto

não te envergonhas de jogares meus desejos
nas valas fétidas e poluídas dos esgotos

Ó quanta audácia em remexer minhas feridas
e quanta sede em beber minha bebida
mesmo sabendo que este ultimo é o gole
em que pretendo encharcar a pobre vida

Vânia de Farias.
Em 11 de janeiro de 2017

quinta-feira, 26 de janeiro de 2017

À PROCURA DO AMOR

À PROCURA DO AMOR
Vânia de Farias

Procurei o amor entre as muralhas
do calabouço construído para mim
procurei a gentileza nas fornalhas
do crematório em que jazem meus jasmins.


Procurei belos versos na algaravia
dos grandes egos em pavorosa agitação
procurei a alegria na senzala
onde jogaram nosso sonho e ilusão.

Procurei a honradez nesse sinédrio
onde pululam os vibriões da ambição.

Vânia de Farias
Lei nº 9.610, de 19.2.1998 (Lei de Direitos Autorais)
Súmula nº 386 do STF
Janeiro de 2017.
Imagem: Google

SACRIFÍCIO

SACRIFÍCIO
Vânia de Farias

Quantos anos de amizade foram sacrificados?
sem qualquer  prévia notificação
ou mesmo resquício de  consideração


Quantas promessas desconsideradas
quantos cartões amassados...

Os segundos de devoção
voaram na velocidade da luz

luz que agora cedeu lugar ao breu
à desesperança e desconfiança.
Que passa? Onde a ternura de antes
Que moeda é mais valiosa que a amizade?

O que compra essa moeda,
que a amizade não dará?

Na amizade a entrega e doação
fazem parte do acordo
sem palavras, sem papel,
sem cartório ou testemunha

só as almas que se encontram
para uma festa de ternura
todas as máscaras ficam na entrada...
fazem companhia ao chapéu e ao casaco

nenhum adorno, maquiagem ou acessório
só as mentes que se enlaçam num abraço.

Vânia de Farias
Lei nº 9.610, de 19.2.1998 (Lei de Direitos Autorais)
Súmula nº 386 do STF
Janeiro de 2017.
Imagem: Google

MEU CHAPÉU VIOLETA




MEU CHAPÉU VIOLETA

Vânia de Farias

Ontem pus meu chapéu violeta
fui olhar a cidade antiga
lembrar dos velhos carnavais
do encontro com os amigos

nas ladeiras de Olinda.
Nas praias claras de Arraial d'Ajuda
na palhoça do Di, em Tambaú

olvidei dos garotos insolentes
deseducados e hostis...
Confesso que não entendi
o que encontro, nos dias de hoje

jovens que parecem velhos viciados
não encontro mais o chevalier do passado...
Com respeito e reverência
pelos que lhe antecederam a chegada

lembrei que sou uma andorinha
que posso voar...
esses garotos, ao contrário
rastejam feito répteis

se mimetizam na vã tentativa
de enganar e encantar os mais crédulos
enganam alguns, mas não a todos
não a mim...

Não entendo tanta empáfia
em rosto balofo e amorfo
fico a imaginar este rosto no futuro
enrugado e macilento

amarelado como suas lembranças...
Pagarão por sexo, amigos e lealdade
pagarão por quase tudo
amealharam dinheiro passa isso.

Não tiveram escrúpulos em mentir
enganar, trapacear competir e desrespeitar
qualquer coisa que se aproxime de tradição
festejos e ou/ou camaradagem

seu mundinho não abriga acolhida
só egocentrismo e narcisismo sem freios
cabendo apenas seu ego, seu umbigo
e o séquito de seguidores temerosos.

Vânia de Farias
Lei nº 9.610, de 19.2.1998 (Lei de Direitos Autorais)
Súmula nº 386 do STF
Janeiro de 2017.
Imagem: Google

quarta-feira, 25 de janeiro de 2017

HOMORÉPTEIS

HOMO RÉPTEIS
Vânia de Farias

Quando te vi caído e exangue
vencido na luta do desamor
quando te vi com o rosto marcado
por ásperas luvas mensageiras da dor


Quando te vi fraco e abatido
pelas mãos violentas do irmão com ira
quando te vi qual ave implume
abatida por feras, bem antes do voo...

Quando te vi no silêncio da tarde
transformada em noite, na minha memória
guardei no peito, um grito de horror
um grito de medo das feras humanas

um grito de pânico, neste palco parco
de espaço pra todos, viajantes toscos
caminheiros torpes, esquálidos, mortos
de fome tristeza, agonia amorfa

na bem aventurança dos algozes fortes
na efemeridade, de uma vida pobre
ociosidade, de mentes ignóbeis
avanço tétrico dos comboios loucos
genocídio lento, dos filhos ignotos
.
Vânia de Farias Castro
26/06/2003,
Para um primo assassinado por homofóbicos.