domingo, 22 de novembro de 2015

A RUDOLF NUREYEV

À RUDOLF NUREYEV
Vânia de Farias

Quanta determinação em atingir
o teu fito que seria o de brilhar
qual estrela de quinta dimensão

qual sol quente  em tarde de verão

aquecendo o luar  daqueles sítios
derretendo a neve fria, de Ufa

És o exemplo  de que o destino é
construído
com os sonhos e determinação
Quantas surras... No entanto um gemido
que tirasse do futuro  tua atenção

Rudi, Rudi, Rudi! Quanta dor...
As morais  sobrepujaram às dores físicas
num regime esfacelado e decadente
que teimava em condenar o ocidente

esquecendo que formamos uma só pátria
que a arte  não pertence a um só burgo
que o artista é um cidadão de todo o mundo
que o mundo é o seu destino  sua gente

O preço que pagastes foi tamanho
no entanto, não regateaste
e seguiste  teu destino e missão
sem jamais esquecer-te do menino
que dançou um dia  para alegrar
os soldados que sangravam
com a nação

velhos trapos, alquebrados e sem honra
posto que, mesmo voltando de uma guerra
o regime, não lhes dava honrarias
relegava-os ao olvido e ao descaso
muitos deles, caídos, semimortos
trilho abaixo dos seus trens e seus
vagões...

Suas famílias os procuravam
pela neve
com as faces crestadas, pela dor...
agonia e afinal decepção!
Ao voltarem a seus lares,sem notícias
de seus filhos, esposos e irmãos

Mas Rudolf, tu venceste, a covardia
de um sistema traiçoeiro e vingativo
que embora o tenha renegado
não conseguiu impedir tua ascensão

qual foguete, rumo aos céus
do estrelato
para orgulho de outras pátrias
que adoraram e louvaram tua arte

e teus pés, tua harmonia e equilíbrio
toda graça, alcançados, com esforço
talento,e  obstinação

outras pátrias o recebera como amigo
Nos palcos de outros cantos e nações
enchias os corações de alegria...
e os olhos de todos que tiveram,
a honra de um dia, celebrarem
com outras estrelas a glória alcançada

com teus passos, tua dança, tua arte
e teu brilho, qual diamante lapidado,
a duros golpes de buril, esfacelando
tua digna e sincera paixão:
pela dança, pelos passos, pelos
palcos...

Pelas festas, pelo mundo, pelas
noites,
pelo brilho, pelo amor e pelo belo
pelo ritmo, que trazias Nureyev

e deixaste  para o mundo de então
como a mais, bela e digna lição!

Vânia de Farias Castro

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