quinta-feira, 21 de dezembro de 2017

Ainda que eu estivesse
estagiando no reino mineral
tu me farias sonhar em ser flor
ser aroma e também ser cor
Florescendo em jardins
onde não houvesse esperança
exalando perfume mesmo
próxima a um caixão
esquife requintado, ou mesmo uma rede
carregada por homens rudes,
simples, calejados
Sonharia em ser jogada de um estilingue
pelas mãos de uma criança,
abrindo flores no rio, no açude, no mar.
Ainda que eu estivesse dormindo
o sono dos insensíveis, não teria
como me manter deitada...
Levantaria apressada, para me modificar
crescer, ceder, abraçar amar.
Para Wellinton Wellington Pereira.
Em 17 de dezembro de 2017
Imagens Google.
Poética digital
Nos hálitos femininos
cânticos salmos orações
na beleza de Helena de Troia
silêncios hinos de guerra traição
toscos evangelhos sobre as vaidades
Menelau a moral psicanálise deus particular
Paris as cegueiras do belo pomo da discórdia
no mênstruo pululam os seios sanguíneas romãs
brilho das lágrimas de Verônica na muralha Roma
corpos ungidos rostos beijados cabelos almas santas
Madalena Leila Diniz Anayde Beiriz abençoadas Yesua.
(Wellington Pereira -20/12/2017)
Poética digital
O anjo-eunuco
lentamente triste
viu entre os trigais
a bela Esther se paramentando
Mas desejar não podia
foi enviando para as núpcias organizar
O desejo era prerrigatuva
do ungido príncipe de todos os vales Assuero.
(Wellington Pereira - 19/12/2017).
Poética digital
Sob tua pele
hemacias da vida
luzes coloridas
No espelho frontal
a tua Caverna de Platão
rios cachoeiras mares
Os mistérios gozosos
nos teus lábios fluviais
revelam os gritos rupestres
Embalado em ecos
o amor se multiplica nos poros
a seiva branca da espécie jorra
Nos prazeres abelhas-rainhas salvas
depois da produção do mel angelical
vinda doçura na esperança das horas
(Wellington Pereira -17/12/2017).
Poética digital.
(a Vânia de Farias)
Preparo um canção
para a bela moça
morena como os cedros do Líbano
com os dotes e elegâncias do trigo de Salomão
com lábios enfeixados no Hino de louvor à Maria
a coragem da doce ira de Jesus contra os vendilhões
humildade dos Patriarcas no Arco das Alianças da paz
louvadas sejam as mulheres nos Evangelhos Apócrifos!
(Wellington Pereira - 16/12/2017).

quarta-feira, 20 de dezembro de 2017



Esta chuva fina, calma, fria, me cortando
não consegue banhar a minha alma
também não me traz de volta a calma
em que me arrimava  tão segura

A estrada que eu vejo é tão escura
nem um fósforo, que me traga novo dia
lembras-me  o balde de água fria
apagando o fogo da paixão

não reclamo, nos murais deste porão
imagens se contorcem em estertores
hoje trazes as lembranças dos amores
em que eu morria de exaustão...

Tentativas inúteis, quão funestas
de entender a ambiguidade desses dias
discursos adornando a lâmina fria
ponta em riste pra cortar a ilusão

Estás certo, Maia é péssima conselheira
chegas e sais a depender de teu humor
aqui fico ruminando a cidreira
quem sabe mitigue  minha dor

Segue em paz, a conquistar outros rincões
como os bravos guerreiros de outrora
Alexandre, que deixou pelas estradas
dor e luto, orfandade na memória

Também lembro Genghis Khan,
hábil guerreiro,
nas conquistas  genocidas de outros povos
aqui fico, no meu reino, triste e pobre
mas sou rica, sem domínio que me cobre.

Vânia de Farias Castro.
Em 20 de dezembro de 2017.





terça-feira, 12 de dezembro de 2017

REFLETINDO O PERDÃO

REFLETINDO O PERDÃO
Perdoar é não guardar rancor, não alimentar idéias de vingança, não sair falando mal da pessoa que te ofendeu ou feriu, não se tornar amargurado com outras pessoas, pelo fato de ter sido decepcionado por alguém...
Caso suja a oportunidade, e essa pessoa que um dia te magoou, humilhou ou abandonou necessite de tua ajuda, que possas ter condições de ajudá-la sem humilhá-la, sem constrangê-la, apenas com o fito de ajudar, como farias por qualquer pessoa, eis que ajudar aos amigos queridos, aos que pensam como nós, aos que se mantém unidos a nós, é fácil, e assim todos os outros fazem: um malfeitor comum, um membro de gangue, um político, religioso, ou ateu gananciosos, qualquer um consegue ser útil e ajudar a seus pares.
Agora, continuar com a mesma relação e convivência com o que se posicionou como adversário ou inimigo, o que foi indiferente as tuas dores e necessidades, quando mais necessitavas, já é autocídio, eis que aquele ou aqueles, com raras exceções, continuam apresentando o mesmo padrão de comportamento, continuam egocêntricos e egoístas, e só te procuram quando necessitam, seja de aplausos, confetes ou mesmo para provar como são bons, como tem muitos amigos e parentes "queridos", e que tua presença é necessária nos casamentos e velórios, nas selfies mantenedoras da hipocrisia ou ausência de consciência, pelos golpes perpetrados com força e ira.
Quando não és importante e necessários nos dias comuns, na partilha de experiências negativas e positivas, quando precisas de uma força, uma palavra para te levantares, ou para continuares de pé, de uma torcida verdadeira nas pequenas lutas que travas contigo mesmo, da alegria verdadeira quando tens sucesso, mesmo que sejam pequenos sucessos...
Se deixares, que esses vampiros da alma, continuem por perto, a próxima pancada poderá ser bem maior, e levantar se tornará cada vez mais difícil, eis que não são os grandes golpes que geralmente nos matam, mas sim, as pequenas alfinetadas, eis que por serem pequenas e geralmente não lhes darmos a devida importância, não reagimos, e assim vamos continuando sendo alfinetados, até que nossa alma se transforme em uma imensa chaga aberta, com o coração sangrando de dor e amargura, e terás como companhia doenças mentais e psicológicas, causadas pelos inúmeros abandonos e falta de respeito por ti, e pelos teus, apenas maledicência e reproche, por considerarem que não és mais útil, para eles, imediatistas e narcisistas, que vivem a se alimentarem da seiva da vida dos hospedeiros invigilantes, sejam amigos, colegas ou familiares.
Vânia de Farias Castro.
Em novembro de 2017.

ABRI MINHA JANELA NO NATAL

MINHA JANELA NO NATAL
Vânia de Farias
Abri minha janela no natal
vi as ruas coloridas e iluminadas
vi um ébrio tombando na calçada
aos tropeços, sem saber que noite era
decidi  debruçar em minha janela
a pensar naquela noite encantada
tanta festa, música alta, algarávia
e alguns, dormindo gélidos, nas calçadas
lá num canto um papelão por cobertor
uma pedra, o travesseiro ou assento
uma mãe, de tão esquálida, já não anda
do seu peito, o leite há muito acabou
a criança, chora em vão, a fome acena
e a mãe, assombrada com seus medos
já não lembra, se um dia foi feliz
noutras festas, se viveu algum folguedo
sente apenas, que um dia foi criança
mas não lembra do Noel de sua infãncia
e Jesus? Na igreja, falam dEle
mas será que é o Mesmo da esperança?
Se é Ele, onde está neste momento
já que a festa, é de seu aniversário
tantas vozes, a cantarem sons ao vento
mas não ouvem, nem a voz dos emissários:
de Jesus, que pregou um mundo novo
onde a paz, e o amor seriam amigos
mas na terra, nesta noite, só o perigo
pros que moram, nestas ruas sem abrigo.
Passa um grupo de rapazes, em algazarra
de seu carro,  jogam garrafas fazias
lhe atingem, a fronte magra, e já fria
pela noite, sem agasalho que alivie...
tanta dor, pelo corte rubro e forte
que se abre, qual uma rosa escarlate
o filhinho, chora em vão pedindo peito
sua mãe, assassinada por covardes!
Vânia de Farias Castro
Em 26 de dezembro de 2015.

NASCEU JESUS

NASCEU JESUS!
Vânia de Farias
Alguns dizem que Ele é apenas um Homem
Que seja: mas um homem um pouco diferente
que amou a todos nós, como sementes
a serem plantadas em seu reino de amor.
Um Homem que nos ensinou a paciência
sendo paciente, com os seus semelhantes
nos ensinou a tolerância...
Não apenas com discursos estéreis,
mas tolerando  os seus inúmeros detratores.
O Mestre dos Mestres! Nos mostrou
como somos enfermos, ao julgarmos os outros
sem qualquer comiseração e misericórdia.
Como estamos doentes do ego,
ao pensarmos que o melhor da vida
deve ser destinado a nós,amigos e familiares
bem como todas as glórias...
Enquanto para os outros:
apenas as sobras, caso sobre, é claro
a nossa vida deve se assemelhar
a um grande e colorido parque de diversões
aos demais, serem apenas coadjuvantes
ou mesmo os maquinistas, dos inúmeros
brinquedos... Ou meros vendedores de pipocas
das bolas coloridas, da maçã do "amor"
de nosso gigante parque de diversões.
Aos meninos nos sinais, nem um olhar
nem nossos ouvidos, à mulher agredida
ao jovem infrator, apenas nossa ira!
E a nós, tudo:perdão, consideração
adulação, bens materiais e imateriais
honrarias e galardão, afinal somos os tais.
E não percebemos que estamos loucos
apenas fora dos inúmeros hospitais
hospícios que se negaram a nos receber
afinal, somos muitos, multidões...
Jesus também nos ensinou a sermos brandos... 

Como as pombas, entretanto,
prudentes, como as serpentes...
Nada de atitudes, tresloucadas
Quixotescas, idealismo destituído de razão
fé sem lógica, eis que seríamos apenas
um trem descarrilado a acarretar inúmeros
desastres, para nós, e para muitos.
Ensinou que na natureza nada se dar por assalto, 

tudo obedece ao amigo tempo
o senhor das mudanças, das mutações
do crescimento, e da elevação
Que devemos nos render a este sábio senhor.
Quanta coisa, este Nobre Homem ensinou
Quanto foi capaz de amar, de lecionar
para que pudéssemos entender o real
significado da palavra AMOR!
Vânia de Farias.
Em 19/dez/2015.

NATAL SEM JESUS II

NATAL SEM JESUS II
Vânia de Farias
Saí a passear neste Natal,
visitei museus, templos históricos
visitei um hospital com os estoicos
lutando contra a grave HIV
numa tarde, de Teu aniversário
saí de mim, ao encontro dos irmãos
constatei lágrimas e desolação
abandono cruel e desumano
portadores da doença deste século
em estado terminal, e sem sucesso:
as inúmeras tentativas de uma cura
só lhes restam, a saudade e desventura
dos momentos em que tinham saúde
mas agora o que fica é a virtude
de aceitar sem revolta o seu destino
e lembrar daquele Deus Menino
que nasceu naquela estrebaria
não se ouvia, naquelas cercanias
os suspiros do vento da esperança
mas nasceu o Homem de bonança
desprovido de vícios e/ou pecados!
Chegou Jesus! O suave galileu
nos trazendo notícias de outros reinos
de ventura mas também de esperança
de união, entre os homens deste mundo
Visitei presídios e tabernas
conheci, outros homens sem reservas
sem futuro, sem presente, sem sucesso
o que mais impressionou foi o descenso
em que os mesmos, caíram desastrados
suas faces, já demonstram os pecados
resultado de cruel degenerescência.
Mas o Jovem Messias, também trouxe
compaixão e compreensão para esses homens
nos mostrou, em tarde fria lá no monte
o perdão ao bom ladrão que o seguira.
Neste dia, nos lembramos de seu rosto
castigado pelo sol, da Palestina
visitando casebres e esquinas
a pregar a chegada de outros tempos
onde os velhos, sofredores e doentes
encontrariam a cura pros seus males
a adultera, não seria mais julgada
por seus cúmplices na queda dos sentidos
onde os cegos, teriam a visão
sempre aberta pras belezas desta vida
e a mãe, entenderia a partida
de um filho, para o colo do Pai.
Visitei, clubes e casas suntuosas
vi, cristais reluzentes a ofuscar
todo o brilho do Fiel, Filho de Deus,
numa festa, onde o mesmo não entrará...
vislumbrei uma foto lá no canto
de uma sala, com um altar sempre montado
uma velha senhora veste preto
hoje chora, a saudade senta-se ao lado.
Solidão, por estar sem seu esposo
um velhinho que partiu há pouco tempo
lhe deixando com a família a ostentar
todo luxo, deixado pelo morto.
Ninguém chora a saudade de quem foi
só se lembra dos bens que lhes restaram
hoje abrem as portas desta casa
pra mostrarem as pratas e os brocados...
Não percebem a dor e o pranto agora
de quem fica, a mercê do abandono
essa festa é pros que chegaram agora
esqueceram o que se comemora.
Nascimento de Homem Casto e Puro
que nasceu e viveu sem qualquer luxo.
VÂNIA De Farias
Em 06/12/2015
Direito Autoral Reservado(VFC)
Lei nº 9.610, de 19.2.1998 (Lei de Direitos Autorais)
Súmula nº 386 do STF
Imagem: Google

NATAL SEM JESUS

NATAL SEM JESUS
Vânia de Farias
É Natal, e as paisagens
se enchem de bolas multicoloridas
as árvores se enfeitam, em louvor à vida
muitas luzes se acendem
em sinal de esperança
o comércio nos convida
para a festa do consumo:
nossas necessidades,
aumentam mais, neste momento...
Os convites, são inúmeros
nossas árvores protegem
os presentes que esperam
o momento onde passarão
de mãos, como em uma passarela...
Mas, e O Aniversariante?
O que será, para nós, mais importante?
Os banquetes, e o brindes,
ou a mensagem que Ele trouxe?
Nossas roupas e os brilhos
ou o o Seu nascimento?
Tudo gira, e se move
em redor, das homenagens.
O presépio, foi trocado
pelas múltiplas imagens
dos velhinhos de vermelho
incentivando a roda viva
do comércio, desvairado
enlouquecendo os convivas...
Até parece, que Jesus,
também foi esquecido
só lembramos da ceia, e
dos aperitivos.
Essa festa mais parece
um elogio aos sentidos
todos passam agitados
ao encontro dos amigos
os secretos, imaginários
menos os desfavorecidos!
E no dia em que se comemora
o nascimento do Homem
que dividiu a história
da humanidade em dois tempos,
não temos tempo
para lembrar de seus feitos...
Não temos tempo, para ajudar
os Seus pequeninos,
não temos tempo para perdoar,
nem para amar, e continuamos sozinhos
afinal, os preparativos para a festa
são muitos, e exigem rigor e requinte...
Nada que lembre, o Deus Menino
que preferiu nascer em uma manjedoura,
sobre a palha e cercado de animais
para atestar Sua simplicidade.
Todo esse glamour, mas parece
um acinte!
Não conseguimos abrir mão
dos supérfluos para alimentar
uma família sem teto
sem chão, sem sonhos
sem saúde, e sem esperança...
No próximo domingo, no templo
na igreja, ou outra instituição, quem sabe
nos lembraremos Dele!
Mas, hoje não! A festa é de todos nós,
mas O Aniversariante não foi convidado
Ele é muito simples,
possivelmente será barrado!
Vânia de Farias Castro.
Em 05/12/2015
Direito Autoral Reservado(VFC)
Lei nº 9.610, de 19.2.1998 (Lei de Direitos Autorais)
Súmula nº 386 do STF
Imagem: Google

AO MESTRE KANDINSK



AO MESTRE KANDISNSKY
Ah! as cores
luzes a brilharem
no escuro do meu tempo
faróis a indicarem
novos rumos aos ventos
lentes de contato
com o real imaginário
Ah! as cores...
Tu que mostrasses
outro sentido pros fatos
outra metáfora pros atos
outra metade, pro todo.
Ah! As cores...
Ao pintar de amor menino
o inverno de meus anos
o abdicar de meus sonhos
a escuridão desses dias...
Fizeste de mim, moradia
dos sonhos, da pura utopia
genuína gratidão
solar dos amores perenes
luar do Sertão infrene
calçadas de boa ventura
imagens alçadas às alturas
menina a brincar no chão.
Vânia de Farias Castro.
novembro/2007
Imagens Vassily Kandisnsk
Não me olhe assim,
não esqueça que fui eu
quem plantou estas flores
em seu jardim...
Faz tanto tempo não é?
E nossa memória é tão débil
morre a cada segundo
e renasce ante outro fenômenos.
Mesmo que as flores murchem
não é justo esquecer
o que elas representaram um dia...
Um dia de sol em nossas vidas
só o inverno restou
nem tivemos primavera
sequer o amarelo ocre do outono
só o sorriso amarelo
do inverno cinza...
Só o cinza lunar
da lua em quarto minguante.
Vânia de Farias Castro.
Dezembro de 2008
Imagens: Google.
A CORUJA ENCANTADA
Quem te encantou coruja?
Os magos do Oriente,
os mágicos do Ocidente
Ou Orixás do Continente?
Africa! Amiga e antiga
virtude, luta e paixão
Africa ainda sofrida
Nas guerras cruéis genocidas
pela ganância macabra
da louca e infeliz ilusão.
Africa bela qual tela
de mestres grandes pintores
Tão quente, qual o sol nascente
qual gente que vibra de amores.
África tão dura e agreste
teus filhos ainda padecem
em suas mãos calejadas
trabalhando dia e noite
para os loucos usurpadores.
Mas quem sabe, nalgum dia
enfim, amiga voltarias
a reinar como antes
sem feias e duras correntes
sem fome, sem peste e gente
roubando-lhe os seus tesouros
sem lutas, entre sua gente
Saudade Mandela, eu sinto
que tua África
Reinará novamente!
Vânia de Farias Castro.
10 de dezembro de 2013.
ANDARILHOS
Nós, andarilhos no mundo
sem rumo a vagar
sem prosa nem verso
que ouse aplacar
o sol causticante
teimando em queimar
O vento soprando
noutra direção
mãos suplicando
pedindo perdão
Nós, andarilhos pequenos
tão quietos a muchar
a cada momento
retendo o olhar
no passado sombrio
de nossa nação
Nós, andarilhos perplexos
ante a imensidão
com armas cortantes
varando o pulmão
sem oxigênio que possa abrandar
a falta de sonhos
de meta a alcançar.
Vânia de Farias Castro
dezembro de 2008
Escrito à partir da observação de duas fotografias de Sebastião Salgado.
Entre flores eu me sinto
quando encontro-me ao Teu lado
não vejo mais o pecado
nem vícios no ser humano
tento ver apenas brio
esquecendo os calafrios
as dores e desenganos
Sinto ainda a presença
de Teus prepostos comigo
mostrando-me o que é preciso
pra seguir intimorata
trilhando essas estradas
com firmeza, destemida
olvidando as intrigas
cizânia e covardia
lembro de uma tarde fria
em que houve o holocausto
de Homem puro e casto
mas que soube perdoar
por conhecer os humanos!
Pediste ao Pai de amor
que Ele nos perdoasse
posto sermos um desastre
nas escolhas insensatas
Mas agora vem à mente
Teu nascimento singelo
não havia, um castelo
pra receber o Messias
preferiste a estrebaria
mostrando-nos simplicidade
não importando a cidade
em que nascemos, ou lugar
o que vale é limpar
seus miasmas pestilentos
distribuindo alimentos
para quem fome sentir
e ainda ser a a fonte
de uma água cristalina
apascentando a sede
dos viajantes sedentos
que pernoitam ao relento
e acordam com o sol
com suas faces crestadas
seguem por muitas estradas
procurando o arrebol.
Lembro ainda dos três reis
os Magos do Oriente
trazendo-Lhe os presentes
o incenso a inebriar
nossa vida de perfume
eis que serás sempre o lume
de nossa humanidade
para a noite de maldades
tEu exemplo clarear
E o ouro que Te deram
atestando a nobreza
de tua rica ascendência
eis que És grande riqueza
que o desvalido terá
A mirra ainda mostra
a força de tEu amor
que resistindo a morte
como lírio nos mostrou
que para amar é preciso
força digna e destemor.
Vânia de Farias Castro.
em 12 de dezembro de 2017
Imagens: Francisco Almeida.

quarta-feira, 6 de dezembro de 2017

ABRI MINHA JANELA NO NATAL

ABRI MINHA JANELA NO NATAL
Vânia de Farias
Abri minha janela no natal
vi as ruas coloridas e iluminadas
vi um ébrio tombando na calçada
aos tropeços, sem saber que noite era
decidi me debruçar em minha janela
a pensar naquela noite encantada
tanta festa, música alta, algarávia
e alguns, dormindo gélidos, nas calçadas
lá num canto um papelão por cobertor
uma pedra, o travesseiro ou alimento
uma mãe, de tão esquálida, já não anda
do seu peito, o leite há muito acabou
a criança, chora em vão, a fome acena
e a mãe, assombrada com seus medos
já não lembra, se um dia foi feliz
noutras festas, se viveu algum folguedo
sente apenas, que um dia foi criança
mas não lembra do Noel de sua infãncia
e Jesus? Na igreja, falam Dele
mas será que é o Mesmo da esperança?
Se é Ele, onde está neste momento
já que a festa, é de seu aniversário
tantas vozes, a cantarem sons ao vento
mas não ouvem, nem a voz dos emissários:
de Jesus, que pregou um mundo novo
onde a paz, e o amor seriam amigos
mas na terra, nesta noite, só o perigo
pros que moram, nestas ruas sem abrigo.
Passa um grupo de rapazes, em algazarra
de seu carro, soltam garrafas fazias
lhe atingem, a fronte magra, e já fria
pela noite, sem agasalho que alivie...
tanta dor, pelo corte rubro e forte
que se abre, qual uma rosa escarlate
o filhinho, chora em vão pedindo peito
sua mãe, assassinada por covardes!
Vânia de Farias.
Em 26 de dezembro de 2015.

NASCEU JESUS

NASCEU JESUS!
Vânia de Farias
Alguns dizem que Ele é apenas um Homem
Que seja: mas um homem um pouco diferente
que amou a todos nós, como sementes
a serem plantadas em seu reino de amor.
Um Homem que nos ensinou a paciência
sendo paciente, com os seus semelhantes
nos ensinou a tolerância...
não apenas com discursos estéreis,
mas tolerando, os seus inúmeros detratores
O Mestre dos Mestres! Nos mostrou
como somos enfermos, ao julgarmos os outros
sem qualquer comiseração e misericórdia.
Como estamos doentes do ego,
ao pensarmos que o melhor da vida
deve ser destinado a nós,amigos e familiares
bem como todas as glórias...
Enquanto para os outros:
apenas as sobras, caso sobre, é claro
a nossa vida deve se assemelhar
a um grande e colorido parque de diversões
aos demais, serem apenas coadjuvantes
ou mesmo os maquinistas, dos inúmeros
brinquedos... Ou meros vendedores de pipocas
das bolas coloridas, da maçã do "amor"
de nosso gigante parque de diversões.
Aos meninos nos sinais, nem um olhar
nem nossos ouvidos, a mulher agredida
ao jovem infrator, apenas nossa ira!
e a nós, tudo:perdão, consideração
adulação, bens materiais e imateriais
honrarias e galardão, afinal somos os tais.
E não percebemos que estamos loucos
apenas fora dos inúmeros hospitais
hospícios que se negaram a nos receber
afinal, somos muitos, multidões...
Jesus também nos ensinou a sermos
brandos... Como as pombas, entretanto,
prudentes, como as serpentes...
Nada de atitudes, tresloucadas
Quixotescas, idealismo destituído de razão
fé sem lógica, eis que seríamos apenas
um trem descarrilado a acarretar inúmeros
desastres, para nós, e para muitos.
Ensinou que na natureza nada se dar
por assalto, tudo obedece ao amigo tempo
o senhor das mudanças, das mutações
do crescimento, e da elevação.
Que devemos nos render a este sábio senhor.
Quanta coisa, este Nobre Homem ensinou
Quanto foi capaz de amar, de lecionar
para que pudéssemos entender o real
significado da palavra AMOR!
Vânia de Farias.
Em 19/dez/2015.

NATAL SEM JESUS II

NATAL SEM JESUS II
Vânia de Farias
Saí a passear neste Natal,
visitei museus, templos históricos
visitei um hospital com os estoicos
lutando contra a grave HIV
numa tarde, de Teu aniversário
saí de mim, ao encontro dos irmãos
constatei lágrimas e desolação
abandono cruel e desumano
portadores da doença deste século
em estado terminal, e sem sucesso:
as inúmeras tentativas de uma cura
só lhes restam, a saudade e desventura
dos momentos em que tinham saúde
mas agora o que fica é a virtude
de aceitar sem revolta o seu destino
e lembrar daquele Deus Menino
que nasceu naquela estrebaria
não se ouvia, naquelas cercanias
os suspiros do vento da esperança
mas nasceu o Homem de bonança
desprovido de vícios e/ou pecados!
Chegou Jesus! O suave galileu
nos trazendo notícias de outros reinos
de ventura mas também de esperança
de união, entre os homens deste mundo
Visitei presídios e tabernas
conheci, outros homens sem reservas
sem futuro, sem presente, sem sucesso
o que mais impressionou foi o descenso
em que os mesmos, caíram desastrados
suas faces, já demonstram os pecados
resultado de cruel degenerescência.
Mas o Jovem Messias, também trouxe
compaixão e compreensão para esses homens
nos mostrou, em tarde fria lá no monte
o perdão ao bom ladrão que o seguira.
Neste dia, nos lembramos de seu rosto
castigado pelo sol, da Palestina
visitando casebres e esquinas
a pregar a chegada de outros tempos
onde os velhos, sofredores e doentes
encontrariam a cura pros seus males
a adultera, não seria mais julgada
por seus cúmplices na queda dos sentidos
onde os cegos, teriam a visão
sempre aberta pras belezas desta vida
e a mãe, entenderia a partida
de um filho, para o colo do Pai.
Visitei, clubes e casas suntuosas
vi, cristais reluzentes a ofuscar
todo o brilho do Fiel, Filho de Deus,
numa festa, onde o mesmo não entrará...
vislumbrei uma foto lá no canto
de uma sala, com um altar sempre montado
uma velha senhora veste preto
hoje chora, a saudade senta-se ao lado.
Solidão, por estar sem seu esposo
um velhinho que partiu há pouco tempo
lhe deixando com a família a ostentar
todo luxo, deixado pelo morto.
Ninguém chora a saudade de quem foi
só se lembra dos bens que lhes restaram
hoje abrem as portas desta casa
pra mostrarem as pratas e os brocados...
Não percebem a dor e o pranto agora
de quem fica, a mercê do abandono
essa festa é pros que chegaram agora
esqueceram o que se comemora.
Nascimento de Homem Casto e Puro
que nasceu e viveu sem qualquer luxo.
VÂNIA De Farias
Em 06/12/2015
Direito Autoral Reservado(VFC)
Lei nº 9.610, de 19.2.1998 (Lei de Direitos Autorais)
Súmula nº 386 do STF
Imagem: Google

NATAL SEM JESUS II


NATAL

NATAL
Vânia de Farias
É Natal, as luzes das vitrines
ainda estão acesas,
e não existe sequer um pão
em minha mesa, minha garganta
segura um grito de agonia
tento racionar, nesta noite fria:
se vivo na penúria, o ano inteiro
que importa se é dezembro,
março, ou fevereiro?
A minha fome, é de todo dia...
Não entendo a revolta que
me visita agora,
no entanto a algaravia
que escuto lá fora
fere meus tímpanos
e encharca minha mente.
Tento dormir, o sono
está ausente, só a presença
da angústia, que se ergue
a minha frente
tentando atravessar sua
adaga fria em meu peito!
Quero te pedir, ó Jesus!
me acuda agora
tanta festa e desperdício
dançando lá fora
enquanto a triste miséria
se senta em minha mesa...
Mas, que foi? De repente
escuto um grito:
uma jovem mãe num surto
esquisito, profere uma súplica
à Virgem Maria.
Ergue os braços aos céus
e seu grito atinge o vácuo.
Suas frágeis mãos,
quase saltam de seus braços
e sua súplica invade todos
os recintos...
Ela pede a Maria, que ampare
o seu filho: um jovem estudante
que agora foi assassinado.
por uma bala que se perdeu
da mão do policial ou do bandido
A louca mãe, pede perdão
de seus pecados, e roga
a Maria, um pouco de paz em seu delírio,
de compreensão para banhar
aquele algoz, que hoje lhe
tirou seu bem mais precioso: seu filho.
Pede ainda, que interceda
junto a Jesus, seu filho - e
que o mesmo atenda a seu pedido:
Que receba nos braços
seu filhinho agora inerte,
que o mesmo encontre
a paz, que lhe fugiu, deixando
apenas a morte.
E neste instante, uma lágrima
se distrai, caindo em meu rosto
e banhando minha face.
Compreendo, agora que minha
fome é de justiça
mas, O Aniversariante
um dia morreu me dando
a vida!
Ergo os olhos e agradeço
pelos ouvidos meus
que me permitiram hoje escutar
aquele pedido.
De uma mãe com recursos
e dinheiro, mesa farta
e outros bens, lhe visitando
o ano inteiro.
Mas que hoje, preferia estar
sem pão, mas com seu filho
aureolando seu coração!
Vânia de Farias
Em 05/12/2015
À RUDOLF NUREYEV
Vânia de Farias.
Quanta determinação, em atingir
o teu fito que seria o de brilhar
qual estrela de quinta dimensão
qual sol quente, em tarde de verão
aquecendo o luar, daqueles sítios
derretendo a neve fria, de Ufa.
És o exemplo, que o destino é
construído
com os sonhos, e determinação.
Quantas surras... No entanto um gemido
que tirasse do futuro, tua atenção.
Rudi, Rudi, Rudi! Quanta dor...
As morais, sobrepujaram,às dores físicas
num regime esfacelado e decadente
que teimava em condenar o ocidente
esquecendo que formamos uma só pátria
que a arte, não pertence a um só burgo
que o artista é um cidadão do mundo
que o mundo é o seu destino, sua casa!
O preço que pagaste foi tão alto
no entanto, não regateaste.
E seguiste, teu destino e missão
sem jamais esquecer-te do menino
que dançou um dia, para alegrar
alguns soldados,que sangravam
com a nação,
velhos trapos, alquebrados e sem honra
posto que, mesmo voltando de uma guerra
o regime, não lhes dava honrarias
relegava-os ao olvido e ao descaso
muitos deles, caídos, semi-mortos
trilho abaixo dos seus trens e seus
vagões...
Suas famílias os procuravam
pela neve
com as faces crestadas, pela dor...
agonia e afinal decepção!
Ao voltarem a seus lares,sem notícias
de seus filhos, esposos e irmãos.
Mas Rudolf, tu venceste, a covardia
de um sistema traiçoeiro e vingativo
que embora o tenha renegado
não conseguiu impedir tua ascensão
qual foguete, rumo aos céus
do estrelato
para orgulho de outras pátrias
que adoraram e louvaram tua arte
e teus pés, tua harmonia e equilíbrio
toda graça, alcançados, com esforço
talento,e muita obstinação.
outras pátrias o recebera como amigo
Nos palcos de outros cantos e nações
enchias os corações de alegria...
e os olhos de todos que tiveram,
a honra de um dia, celebrarem
com outras estrelas a glória alcançada
com teus passos, tua dança, tua arte
e teu brilho, qual diamante lapidado,
a duros golpes de buril, esfacelando
tua digna e sincera paixão:
pela dança, pelos passos, pelos
palcos...
Pelas festas, pelo mundo, pelas
noites,
pelo brilho, pelo amor e pelo belo
pelo ritmo, que trazias Nureyev
e deixastes, para o mundo de então
como a mais, bela e digna lição!
Vânia de Farias Castro

NATAL SEM JESUS

NATAL SEM JESUS
Vânia de Farias
É Natal, e as paisagens
se enchem de bolas multicoloridas
as árvores se enfeitam, em louvor à vida
muitas luzes se acendem
em sinal de esperança
o comércio nos convida
para a festa do consumo:
nossas necessidades,
aumentam mais, neste momento...
Os convites, são inúmeros
nossas árvores protegem
os presentes que esperam
o momento onde passarão
de mãos, como em uma passarela...
Mas, e O Aniversariante?
O que será, para nós, mais importante?
Os banquetes, e o brindes,
ou a mensagem que Ele trouxe?
Nossas roupas e os brilhos
ou o o Seu nascimento?
Tudo gira, e se move
em redor, das homenagens.
O presépio, foi trocado
pelas múltiplas imagens
dos velhinhos de vermelho
incentivando a roda viva
do comércio, desvairado
enlouquecendo os convivas...
Até parece, que Jesus,
também foi esquecido
só lembramos da ceia, e
dos aperitivos.
Essa festa mais parece
um elogio aos sentidos
todos passam agitados
ao encontro dos amigos
os secretos, imaginários
menos os desfavorecidos!
E no dia em que se comemora
o nascimento do Homem
que dividiu a história
da humanidade em dois tempos,
não temos tempo
para lembrar de seus feitos...
Não temos tempo, para ajudar
os Seus pequeninos,
não temos tempo para perdoar,
nem para amar, e continuamos sozinhos
afinal, os preparativos para a festa
são muitos, e exigem rigor e requinte...
Nada que lembre, o Deus Menino
que preferiu nascer em uma manjedoura,
sobre a palha e cercado de animais
para atestar Sua simplicidade.
Todo esse glamour, mas parece
um acinte!
Não conseguimos abrir mão
dos supérfluos para alimentar
uma família sem teto
sem chão, sem sonhos
sem saúde, e sem esperança...
No próximo domingo, no templo
na igreja, ou outra instituição, quem sabe
nos lembraremos Dele!
Mas, hoje não! A festa é de todos nós,
mas O Aniversariante não foi convidado
Ele é muito simples,
possivelmente será barrado!
Vânia de Farias Castro.
Em 05/12/2015
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Súmula nº 386 do STF
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sexta-feira, 3 de novembro de 2017

MEU CASTELO ASSOMBRADO

MEU CASTELO ASSOMBRADO
Vânia de Farias.
Foram chegando os convidados:
bruxas, duendes, vampiros e outros do estilo
é só uma festa, não vale maldade
agora é o momento da felicidade

acendam as luzes! - mas como?
me perguntaram. Hoje é tudo diferente- respondi
ninguém desaparecerá... A luz apenas
mostrará que não há vilões
somos todos iguais, convivas e anfitriões:
viemos de trem, de balsa, de barco
cavalo, de trena, enfim, voando nas asas
de um morcego branco, albino...
Mas chegamos, e vejam: somos lindos...
diferentes, mas lindos, uns sofreram
decepções acerbas, foram traídos
pelos que mais amaram, pelos que
mais confiaram, mas convenhamos
ninguém é perfeito, nem mais que perfeito
e pretérito perfeito muito menos...
KKKKKKKK, todos gargalharam
menos os duendes que estavam
mais preocupados em copiarem
as fantasias... Eram duendes estilistas
percebi que havia um duende mais velho
quem sabe o mestre, e todos acorriam
para lhe pedir alguma coisa:
um espelho, um colar, um chapéu
eu mesma pediria as botas... Adoro botas
gosto também de chapéus
mas não sou duende. Sou uma mulher
não sou moça nem velha, as vezes me sinto
criança... como os duendes.
Pois bem: quando as luzes acenderam
ninguém se desmanchou em gosmas
ninguém se quebrou
nenhum esqueleto apareceu
só sorrisos, todos apresentaram belas faces
lindos corpos, uns, um pouco apertados em
seus espartilhos, roxos, ou rubis
outros: os homens com fraques lindos
smoking e gravata borboleta,
bordadas com as iniciais
e brasões de antigas famílias...
Eram homens de tradição...
E agora querem ser vilão, não! não!
Na minha festa não! Só alegria
e boas lembranças... Muita bonança
a mesa está cheia: doces, quindins,
tapiocas, sorvetes, bolo de mandioca
alfinim, da cor do morcego estacionado
lá na frente...
Vamos festejar, é HALLOWEEN. TIM TIM!
Vânia de Farias Castro.
em 23 de outubro de 2015.

CIDADE DOS MORTOS

CIDADE DOS MORTOS
Hoje fui ao cemitério
olhar túmulos, ver saudade
fugir das minhas paragens
entender os que se foram...

Suas mágoas, seus amores,
seus sonhos e seus receios
será que poderei vê-los
mesmo noutra dimensão?
Que condomínio estranho
moram tantos diferentes
lá fora aos indigentes
era negado, um olhar
mas aqui nestes castelos
pequenos e até singelos
moram juntos a partilhar
de um dia especial:
as visitas vem chegando
flores bonitas e frescas
ali no canto uma lágrima
e algumas velas acesas.
Uma mão posta em prece
pedindo por suas almas
seus pedidos encaminhados
ao Mestre Amado Jesus.
Fico a pensar: mundo estranho
alguns rostos tão bisonhos
que até parecem zangados
não esqueceram o abandono
a indiferença, o engano
a que foram relegados.
Mas o que fazem aqui?
Ainda estão se punindo
se em vida, seus afetos
foram ausentes, imprudentes
melhoraram então partindo?
Bem melhor voltar para casa
orar pros meus entes queridos
sei que aqui não estão
sempre estiveram comigo!
Vânia de Farias
Em outubro de 2015.

FESTA DOS MORTOS

FESTA DOS MORTOS
Isto é coisa de latino!
Exaltar os seus defuntos
mamãe dizia que o homem
quando vivo for traquino

quando morto, não haverá
quem o faça melhorar
posto não ser possível
mudança em outro mundo
de repente ou in opino.
Fico a pensar: que loucura!
Tanta gente em alvoroço
uns passam o dia inteiro
trazendo até o almoço
fazem um grande piquenique
se arrumam, se enfeitam
conversam com os amigos
na companhia dos mortos
Fazendo grande esforço
para mostrar aos presentes
conhecidos e parentes
como amavam aqueles corpos.
Será que oram por eles
sentem mesmo gratidão
seguem seus ensinamentos?
As vezes penso que não
Uns blasfemam, sentem ódio
falam muitos palavrões
mandam os mortos pro inferno
se enfurecem, gritam alto
que mijarão no caixão
Mas no dia de finados
compram velas, pintam túmulos
desde cedo, se enlutam
num teatro absurdo
acredito que o remorso
chega cedo, pulo o muro
que há muito fora erguido
entre o vivo e o defunto.
Tenho uma tia que berra
lembra das muitas traições
do abandono, que um dia
fora vítima sem ação
chegando a enlouquecer
sem juízo e sem um pão
para dar as suas filhas
crianças, naquele chão.
Chama o morto de maldito
manda pros quinto do inferno
xinga, entre louca e aflita
não encontra refrigero
Mas no dia dos finados
compra velas e muitas flores
quebra até o seu cofrinho
pra evitar dissabores
se enfeita, limpa o túmulo
ou a cova onde os ossos
do morto fica quietinho
não sei se vendo o alvoroço
a grande festa montada
para os velhos e para os moços
todo mundo se encontra
bate pato, riem alto
mostram pros outros na praça
como amam alma penada!
Eu não sei se rio ou choro
mas acho muito engraçado.
Vânia de Farias.

quarta-feira, 27 de setembro de 2017

Hoje estou um pouco mais esperta/desperta... Como gosto de estudar comportamento, o que venho fazendo já há uns 20 anos, não é tão fácil cair em papo furado. No entanto, como qualquer ser humano mediano, (deixar de cair em ciladas é coisa para espíritos evoluídos, o que ainda não conseguimos ser), em algumas vezes, caímos em contos: do vigário, do pastor, do médium, da freira, do espírita muito espírita,- como diria Divaldo Franco-, do amiguinho de infância, dos familiares carentes, além dos parentes e aderentes... Com esses é muito difícil a identificação da armadilha, eis que estamos afetivamente envolvidos.
Quando trabalhava no Procon Estadual, e atendia pessoas, vítimas de golpes financeiros, e mais, quando esses golpes causavam prejuízos não só ao consumidor, mas também a seus empregadores, eu presenciava um grande desespero e vergonha. Desespero pelo fato da iminente perda do emprego, e vergonha, porque justo aquele/aquela empregada, geralmente tão comprometida e leal, para com a empresa ter acreditada na proposta da gangue ou quadrilha.
Após as orientações cabíveis, tentava lembrar aqueles consumidores que não há vergonha em ser lesado. Haveria sim, se os lesadores fossem os mesmos. E que cair nos golpes e armadilhas de estelionatários ou outros tipos de enganadores, ocorre geralmente com pessoas de boa fé, pessoas crédulas, e isso não é vergonhoso. Os bandidos e vigaristas obtém mais sucesso com pessoas ingênuas e crédulas e que não são capazes de articular tais armadilhas com o fito de auferir lucro, a custa do prejuízo de outrem.
Vale acrescentar que caímos muitas vezes, por sermos vítimas de nossa ganância e incúria, mas estamos nos referindo, no presente caso, às pessoas que vivem essas penosas experiências pela confiança depositada na palavra do outro, que muitas vezes são transformadas em verdadeiros contos de terror, desespero e decepção
Vânia de Farias Castro.

AMIZADE

A amizade transpõe as barreiras da morte física. Ela nos mantém ligados pelos liames do respeito e do carinho, com que fomos brindados por nossos amigos, que no momento, estão noutro plano da existência.
Dizem os amigos espirituais, que até num casamento, quando a chama da paixão cede lugar as cinzas da rotina, e aos chamuscos dos desafios cotidianos, o desejo do sexo de variação, e procura por novos parceiros, para elevar a auto estima de um ou dos dois cônjuges, quando há amizade, esses desejos são administrados e educados em nome do respeito, do carinho e da amizade que foi construída e que ainda é a coluna de sustentação para a manutenção da relação.
Com a amizade, se procura novas alternativas de convivência, desenvolve-se a prática da tolerância e paciência, e ainda a disponibilidade para elencar num inventário honesto, quanta renúncia, quanto desapego, foi usado como argamassa para a edificação da relação. Procura-se incessantemente pelo auto conhecimento e consequente maturidade psicológica para ver beleza, numa corpo que à semelhança do seu, perde seu viço e vigor, fortaleza física, enquanto o Self se fortalece, se mostra, passando a controlar o ego, grande responsável por nossos inúmeros fracassos, no campo afetivo, e porque não dizer em vários campos.
Vânia de Farias Castro.
em setembro de 2017.

LEVIANDADE

LEVIANDADE

Causa-me espanto
teu cinismo apressado
fornecendo o atestado
de tua visão distorcida

Apressa-te em dar guarida
à inércia irresponsável
eu hoje procuro a chave
do engodo em que te encontras

quando em riste me apontas
com sarcasmo destemido
esqueces que o inimigo
em teu seio se encontra

Um dia serás a vítima
do que hoje és protetora
desrespeitando a tutora
de roseira ainda torta

um dia em tua porta
chegará feia cobrança
hoje guardas em poupança
as armas bem afiadas

que serão um dia usadas
contra ti, com finas pontas
Vejo-te pular tão ágil
na defesa destemida

dando mais força e vida
a empáfia e cinismo
esquecendo-te que o inimigo
contra ti se voltará

com a força que hoje dás
advogando atrevida
Sinto pena de tua sina
não consigo a compaixão

que seria o indicado
para o momento malsão
mas  como sou imperfeita
em busca de evolução

a compaixão é virtude
conquistada com o tempo
mas também com sofrimento
despindo-nos do homem velho

dando lugar no momento
ao homem simples e novo
sem disfarças ou arremedos
abandonando os vícios

jogando os trapos no lixo
que vestiam um corpo em queda
hoje cumpre a sorte certa:
viver em paz, neste mundo

ajudando e apascentando
os que ainda estagiam
nas cavernas negras e frias
da ignorância profunda.

Vânia de Farias Castro
em junho de 2017.