De teus seios suguei o meu alimento
meu néctar doce ambrosia
tornando-me imortal

lembro ainda do quintal
de nossa pequena casa
das flores sempre cuidadas
por tuas mãos talentosas

também das muitas feridas
do corpo também da alma
que cuidavas e saravas
com afeto e bonomia

Do teu corpo fiz repouso
de teu exemplo modelo
também fiz de teus cabelos
arabescos com meus dedos

hoje fico no degredo
sem teu olhar aguçado
perscrutando o passado
construindo o presente

minha mãe a tua ausência
deixa-me triste e com medo.
Mas sei que sempre visitas
esse espírito atrapalhado

ainda velas com cuidado
meu sono, sempre agitado
teus conselhos ainda escuto
nos escaninhos da alma

ensinaste-me a ter calma
diante das tempestades
cultivar a confiança
em mim, no Pai de bonança
em seus prepostos queridos

mas queria está contigo
ouvindo as anedotas
as histórias de Trancoso
ou mesmo as de horrores
de outros homens vizinhos
companheiros do caminho
mas sozinhos na estrada.

Vânia De Farias Castro
Em 29 de agosto de 2018
Imagens Google.

Ainda eu queria ser a lâmina
cortar o falo de um sem vergonha
que violentar uma criança

ainda eu queria ser a lança
a transpassar teu corpo numa dança
e ver teus estertores me fitando

quiçá eu sentiria por segundos
a calma e equilíbrio neste mundo
a paz que tanto almejo e me confundo
ou enlouquecer de vez, no breu profundo

Queria ser as grades, firmes fortes
ou ser o asfalto quente a derreter
a pele do covarde a se meter
a assassinar uma mulher

ainda eu queria ser colher
com a dose fatal de cianeto
a te oferecer como um soneto
e te levar pra Hades num segundo

Quem sabe eu poderia ser martelo
e te quebrar com fortes camartelos
partir-te em pedaços pequeninos
se te arvorares em desviar
a carga com a merenda escolar
de nossos vulneráveis e meninos.

Vânia de Farias Castro.
Em 29 de agosto de 2018
Imagens Google

Abri minha porta para a vida
respiro ar salubre morna brisa
encho meus pulmões de energia
quero ver os homens nas alturas
pois sei que todos subirão com eles...

Abri minha mente, para o mundo
dentro de mim mesma, me confundo
na sonda a procura do que escondo
Abri minha alma para o mar
que minhas lágrimas possam desaguar
em oceano calmo e profundo
que possa trabalhar junto ao mesmo
ouvindo ou tocando realejo
e dando vida a outras criaturas...
Que eu possa ser a lente e o contato
ser a flor singela em denso mato
o bem te vi, alegre vendo o mundo
que todos cresçam com o meu fermento
que eu possa ser de outros, alimento
ou agua a apascentar qualquer sedento
ou ser sandália em teus pés descalços
nas ruas agitadas em Calcutá,
quando puxares o teu jirinquixá
com pés sangrando no asfalto sujo
quero ser o teu lenço engomado
para limpar o suor de tua testa
e quiçá te preparar pra uma festa
os teus amados deuses a desfilarem
sentados ou altivos em seus altares.
Ah como eu queria ser guarida
para uma mãe com a torpe notícia
seu jovem filho fora assassinado
por ágeis mãos de alguns soldados
há muitos quilômetros da justiça
Vânia De Farias Castro

Bicho esquisito o narcisista
espero que ainda exista
quem entenda esses doentes
são sacanas, não dementes
oportunistas, usurários

consideram-nos otários
que nos enganam pra sempre
mostram-se como importantes
os reis da cocada preta
mas não passam de perneta
mancando caindo os quartos
ainda me embaraço
com tamanho absurdo
melhor ficar cego e surdo
não ver as suas asneiras
seu rosário de besteira
grandiloquência esdrúxula
vivem com as calças curtas
sendo logo descobertos
sentem-se grandes espertos
são burros e ordinários...
Não se aprofundam em nada
são preguiçosos, boçais
precisam de um hospital
para cuidar de uma olheira
os seus feitos são notáveis
para essas mentes ignóbeis
comportam-se como esnobes
pra esconder os complexos
pensam e vivem como amebas
ou outros protozoários
se encontram um hospedeiro
logo se assentam e se deitam
das vacas só querem as tetas
cuidar delas não é com eles
não olham se elas tem sede
ou fome, dor ou cansaço
depois do ultimo pingo
do leite que foi sugado
saem logo pro mercado
falar mal das pobres vacas.
Vânia de Farias Castro.
Em 23 de agosto de 2017
Imagens Google.

Queria te arrancar
dos braços da morte
não sei se ainda suporte
tantos golpes nesta lida

és tão bela, tão intensa
tão cheia de força e vida
mas esta tua sentença
deixou-me triste aturdida...
Queria negociar
com esta irmã soberba
quando seus lábios nos beija
não há como evitá-la
fugir ou trapaceá-la
sua foice é certeira
Ah como eu queria
tentar convencê-la do erro
mas sei que o meu intento
é pueril, bem percebo
da vida não entendo nada
como da morte eu pretenda
saber da parca sedenta
que traça o nosso destino?
Átropos, fez aliança
com Tânatos, Queres e Moros
determinando assim,
o fim da vida dos homens
Hoje a dor me consome
por saber que te despedes
mas saibas que ainda há sede
de bebermos a ventura
tua luta e bravura
são exemplos pra nós outros
sei que não é conforto
mas ao menos há ternura
esperança que não morre
mas sustenta nossos sonhos
aguardo que o pesadelo
acabe e nos abandone.
Vânia De Farias Castro.
Em 07 de agosto de 2018
Para a amiga querida Vivien Martinez.

Era uma vez uma menina
gostava de ler, ainda pequena
na cama, na rua na esquina
em qualquer lugar onde estivesse

Era uma garota agitada
seu cérebro, célere aloprado
não conseguia se aquietar
desenhava e ouvia melodias
mas o gosto de ler sempre a seguia
como amigo, um bom camarada
seus livros eram boas companhias
companheiros, mestres, e seus cúmplices
falavam o que a mesma só sentia
não conseguindo falar, sem sofrer tanto
O boca do inferno, aos oito anos
Castro Alves, lhe foi apresentado
no quintal sentada na calçada
a debulhar feijão com dedos ágeis
viajava com o Casimiro
também com o Gonçalves Dias
com palmeiras e com os sabiás
havia um outro, companheiro
o Augusto dos Anjos estava lá...
Desde os seus tenros seis anos
fora companhia de seu pai
na hora do adeus, do ultimo expiro
Augusto acompanhou, o jovem homem...
Mas gostava ainda das revistas
fotonovelas italianas e HQ's
romances adocicados, quais Sabrina
Barbara Cartland, suas heroínas
sonhando com príncipes encantados
Contos de fadas, e papel machê
modelava bonecos, seus fantoches
no teatro infantil, improvisado
gostava do Jorge Amado
de outros títulos universais
Deu a volta ao mundo com o Verne
Foi um dos seis, com a Drupré
Lia Freud, sem entender nada
O Martins Peralva lhe alertava
para a imortalidade da alma...
O tempo foi passando e a menina
em uma jovem atenta se tornava
Marina Colasanti lhe animava
Marilena Chauí, mostrava um mundo
O Fernando Morais, abriu os panos
de um teatro onde o homem é soberano
Numa ilha mostrava que o sonho
pode se realizar, tornar-se carne
A Simone mostrou um outro sexo
E o Sartre, um diário de uma guerra
Lapierre a Cidade da Alegria,
a miséria, escassez e a beleza
fê-la olhar para o mundo com grandeza
entender sacrifício e bonomia.
Hoje em velha a menina se tornou
e seus livros ainda hoje a encantam
conheceu conterrâneos, que acalantam
com escritos repletos de magia
de verdades, beleza e terror!
Vânia De Farias Castro
Em 09 de agosto de 2018

Alguns delegados
são uma parada
jovens em desequilíbrio
aviões para seus vícios
carregar por essas nuvens
acima dos edifícios...

quando estes "artistas"
somem com o dinheiro,
os danados piram berram
armando o maior furdunço
aqui no nosso terreiro...
Não sei se rio ou choro
com tamanha danação
Onde vai nossa nação
com essas autoridades?
Será loucura ou maldade
que move os tais medonhos
são viciados ou tacanhos
com vergonha do atestado?
Porque não vão ao mercado
comprar a mercadoria?
Se acabou o estoque
porque não aguardam o dia
de apreender o malote
do exército em euforia!
Eita país aloprado
seja noite, seja dia
as notícias das loucuras
chegam céleres em nossas casas
nos deixando aparvalhados
ou com muita nostalgia
dos tempos onde a ordem
era a pauta sadia.
Vânia De Farias Castro
Em 08 de agosto de 208

Mulher!
Quantos papéis representas?
No cinema, nas sarjetas
nos prostíbulos, na quermesse
dando aulas, ainda em prece
quando em pura contrição.

Ainda chamam-te puta
quando chafurdas com homens
não sei o que me consome
nessa torpe equação

Mulher!
Quantos viés, te desdobras
comendo apenas as sobras
de homens, teus coronéis
no trabalho, o assédio
no lar sem qualquer remédio
que lhe aplaque a solidão.

E ainda cobram beleza
corpo esguio, natureza
de fêmea sempre no cio
agora eu me arrepio
ao arrepio da ética
do cuidado com o outro
eu teria mais conforto
se nos deixassem quietas.

Mulher!
Quantas precisam morrer
pros machos se promoverem
ostentando um galardão
da força de um garanhão
matando em toda parte

o que falta de humano
sobra fraqueza  mau caráter
ainda chamam-te rainha
não sei de qual reino perverso
nem queria está por perto
pra ver répteis peçonhentos
em teu peito se hospedando.

Não queria nenhum título
de fada bruxa, ou rainha
do lar, em sua cozinha
preparando beberagens
só queria meu lugar
neste mundo de enganos!

Vânia De Farias Castro
Em 10 de agosto de 2018
Imagens Google.

Senhor eu sou ré confessa!
Sou um pouco intolerante
com avareza, ciúmes
com fofoca azedume
ingratidão, gente sonsa
desconfiança, mentiras
sabichão ignorante....

Ainda confesso agora
não tenho sequer pavio
já foi curto, reconheço
mas agora pelo avesso
vejo que ele sumiu
Gostaria de mudar
ser mulher fina, elegante
ser sempre calma, feliz
não demonstrar minha raiva
meus netos pagando mico
quando eu desço do salto
chutando o pau da barraca
brigando feito um feirante
mas sou muito atrasada
espírito em evolução
quando volto de um retiro
chego forte qual Sansão
quando passados alguns dias
volta toda a danação!
Depois de dias de prece
de religare total
fico fina qual uma rosa
ou um vaso de cristal
parece que passarei
do céu por outro portal
mas eis que a realidade
nua crua, sem abrigo
só farinha e rapadura
levantar de manhã cedo
começo a me complicar
ficar zangada com tudo
se ouvir gato miar
canto a música proibida...
Lá se foi a evolução
todos os pontos perdidos
voltando a estaca zero
ao caminho percorrido
encontrar os mesmos "anjos"
pra repetir a lição
com velhos e novos castigos.
Vânia de Farias Castro
e sua lenta caminhada em direção a luz...
Em 09 de agosto de 2018
Imagens Google.

As Hárpias estão voltando
trazendo a fome a morte
o abandono a má sorte
para nós, os brasileiros

Hoje o que me conforta
são homens firmes, quais portas
interditando o umbral
para Hades, eis que a fome
a peste que nos consome
nos visitando com o mal
As Hárpias, estavam a espreita
esperando a hora exata
de mostrarem suas fácieis
horrendas, feras medonhas
arrastando todo um povo
trabalhador, e cioso
de seus compromissos graves
Hoje o que mais me espanta
são mulheres sacripantas
representando a desordem
em nossa democracia
não respeitam os direitos
de um povo tão sofrido
embora os seus vestidos
demonstrem certa elegância
não passam de hospedeiras
para espíritos malígnos
que sugam todo o seu sangue
nos deixando em perigo!
Sinto vergonha e náusea
por ver tamanha bagunça
mulheres lutaram tanto
por nós outras, nas comunas
Mas hoje o que nós vemos?
São cobras cujos venenos
nos paralisam e matam
Vânia De Farias Castro
Em 16 de agosto de 2018
Imagens Google.

Ontem te vi partir
fechado como um livro
esquecido na estante
queria teu olhar
por mais alguns instantes
mas só vi indiferença qual espora.

Esperava que no livro
eu leria mil histórias
de amores, desamores
dissabores esperança
renúncia, belas conquistas
de teu passado memória...
Ainda tentei chamar
tua atenção pra mim
minhas saias rodadas
quase chegando ao chão
sapatilhas coloridas
nos meus pés em movimento
queria teu olhar
quiçá por alguns momentos
pra banhar todo meu corpo
que deixaste esquecido
qual boneca fria, inerte
coberta por seu vestido
colorido desbotado
com os botões descobertos
já bem gastos pelo tempo
Mas partiste intimorato
sequer olhaste de lado
preciso compreender
que tenho todo atestado
que o meu sonho de ontem
retrata nosso presente
Vi alguém se aproximando
em um carro na penumbra
te pegaram sem rodeios
deixando-me aturdida
naquela triste avenida
escura qual puro breu
Mas esquece, segue em frente
não tento mais entender
como fogueira tão grande
com labaredas a ferver
nossos líquidos de amores
prazeres polens de flores
me cobrindo de prazer
apagou-se de repente
sem aviso, incoerente
dúbio louco mau querer
deixando cinzas somente.
Vânia de Farias Castro.
Em 17 de agosto de 2018

Adeus, adeus Melro preto
adeus, adeus meu amor
deixo teus olhos claros
repletos de lágrimas e dor

adeus, parto infeliz
por deixar-te abandonada
na vida tudo que eu fiz
sem ti se tornou quase nada.
Adeus, adeus Melro preto
parto com os nossos sonhos
nesta terra sobra escombros
não caberia meus planos
de te tornar a rainha
de minhas terras, madrinha
de nossos filhos, amor
adeus Melro preto te imploro
perdoa-me por infligir dor
em teu coração leal
em teus lábios meu licor
hoje coberto de sangue
por homens torpes brutais
não entendem o engano
a falta que o amor faz
adeus Melro preto não sei
para onde irei nesta hora
só sei que a dor devora
mais que a morte soberba
se ela chegasse mais cedo
hospedaria com graça
Mas agora que te tenho
a morte é minha desgraça
adeus, adeus Melro preto!
Vânia de Farias Castro.
Em 20 de agosto de 2018
Imagens Google.

O ócio é osso duro
desenterrado astuto
do que tentei esquecer
exumação dos meus crimes
pretéritos sem prescrição

nada mais fica encoberto...
O ócio não é bom companheiro
nem amigo, nem colega
quando a mente em devaneio
fecha todas as janelas
causando câncer mental
melhor usar nossas mãos
na eira, labor na massa
no fermento argamassa
fazendo-o bem ou mal
O ócio é osso duro
desenterra o enterrado
descobre o encoberto
pela culpa em aflição
melhor procurar trabalho
ser artista ou operário
só não vale ser ladrão
ser político corrupto
ser justiça sem ser justo
ser escória da nação.
Vânia de Farias Castro.
Em 22 de agosto de 2018
Imagens Google.

Eu te digo meu senhor
não posso esquecer o ultraje
meu corpo treme de ódio
de ira meu peito arde!

Quando a noite chegar
as roseiras estarão mortas
os cravos serão usados
nas covas túmulos lápides...
Assevero-te senhor
a traição foi covarde
fui leal lhe fui fiel
cuidadoso amigável
mas a triste descoberta
atrasou chegou bem tarde
à noite apenas o leite
do aveloz a cegar-me.
Imploro-te meu senhor
toma de mim a espada
leva-a para bem longe
onde não houver mais nada
nem amizade afeição
lealdade camarada
onde as dálias caídas
com o calor de meu ódio
tombem inertes sem forças
em silêncio sem alarde
jamais floresçam nos campos
onde medrar a maldade.
As tulipas altaneiras
as raras quanto as selvagens
que sejam todas torradas
para fazer beberagens
envenenar meu intento
de me vingar qual covarde
enterre minha espada
num tronco de bananeira
antes que seja tarde!
Vânia de Farias Castro.
Em 22 de agosto de 2018
Imagens Google.

Bandido mata com faca
polícia mata com bala
amigo mata com fala
abandono solidão

Bandido mata com bala
policia mata com pá
família mata com nada
desrespeito traição
bandido vive na lata
polícia vive na tapa
amores vivem na falta
quando alegres se vão
nos matando alegremente
saltitantes e contentes
sem sequer olhar pra traz
a única coisa que espero
sentada pra cansar menos
que um dia eles vejam
as voltas que o mundo faz
transformando-nos de repente
de abandonados em aprendizes
dos sofrimentos curados
das traições esquecidos
dos desertores abrigos
mas longe do coração.
Vânia de Farias Castro.
em 22 de agosto de 2018
Imagens Google

Vou lhes contar um segredo: não gosto de filmes de ficção científica, principalmente os que insistem em abordar o famigerado e antigo final do mundo!
Quanto tento assistir, sou invadida por um desânimo cruel, e em algumas das vezes tento esperar algum ensinamento filosófico, entretanto desisto. Prefiro mesmo ler Platão, Roger Garaudy, Sartre, Simone de Beavoir, Sêneca, Epíteto, Marilena Chauí... Enfim, será mais rápido e eficiente do que ficar vendo tanto dinheiro e talento sendo desperdiçados, em cenas morosas, grandes locações, figurinos espetaculares, para quê? Para insistir num final dos tempos, que já vivenciamos todos os dias?

Gostaria de mais filmes, com a continuação do mundo. Sim, esse que aí está, com tanta beleza, pobreza, anarquia, subdesenvolvimento, hipocrisia... Vamos continuar, restaurar e reconstruir ou costurar um mundo melhor.
Na nossa querida e aniversariante João Pessoa, temos tardes e manhãs espetaculares, nas praias de Cabo Branco, Tambaú, Bessa, e tantas outras...

Um encontro com amigos, para jogar conversa fora. Quem sabe alguém encontre essas conversas e aproveite-as, melhore-as e aprenda a contemplar o belo, a magia do encontro, a companhia dos amigos queridos, da família e dos colegas e utópicos companheiros, pois que sem utopia não daria mesmo para viver, faríamos apenas roteiros de filmes sobre o final do mundo.

Vamos continuar com este mundo, sendo mais empáticos, corajosos, participativos, conscientes de nossos papéis na sociedade em que vivemos. Vamos estudar mais, investigar mais, nossos pontos fracos e fortes, para envidarmos esforços em nossa melhoria, e reforma íntima.

Vamos procurar entender o passado de nosso povo, de nossos ancestrais, compreender nossa cultura tão bela e multifacetada, mas com largas faixas de discriminação, opressão e controle. Onde o forte não entendeu ainda que sem o fraco, ele estará perdido e sozinho em sua ilha de egolatria e cinismo!
Enfim, parabéns para a nossa querida, e pequenina João Pessoa! Que colabora com seus encantos, na continuação de mundo melhor!
Vânia De Farias Castro
Em 05 de agosto de 2018

Dentro de mim mora um mundo

5 de agosto às 14:56 · 

Eu ainda a procuro,
com um restinho de esperança
que me resta nesta dança
tento driblar a nostalgia
quem sabe encontre um dia, 
minha cidade perdida.

João Pessoa ai quem dera
voltar para tuas praias
com biquíni, mini saia
e dois litros de sorvete

minha prima ainda criança
hoje mestra acadêmica
ao ver o ônibus chegando
falava sem mais arenga:
"lá vem nosso Tamba Um!"
Era assim que ela gritava

eu dava boas risadas
já gostava de linguística
mas hoje apenas vejo
perseguição tiroteio
aviãozinho, sorteio
pra ver quem acorda vivo!

também lembro do Pietro`s
da pizza, da coca cola
quando vinha da escola
passava ainda no plaza
os encontros na calçada
para driblar o porteiro
querendo ver filme impróprio

Os mesmos eram espertos
nos mandavam para casa
com nossas caras lavadas
sem vergonha nem rodeios
e ainda aconselhavam
os filmes pra nossa idade:
os desenhos animados
ou Teixerinha, no Rex.

João Pessoa, quem me dera
ter de volta minhas botas
saias curtas, pernas grossas
pra passear com os amigos
em tua Festa das Neves!

Não queria ver polícia
transformada em bandido
nem político sem escrúpulo
saindo pelo ladrão
pra nós, restando gemido
droga e prostituição...

João Pessoa, só queria
que a paz voltasse logo
que nossos muros baixassem
nossos vizinhos olhassem
pros amigos e afilhados
vivendo em comunhão...

Não queria ver os jovens
transformados em traficantes
dementados por narcóticos
sem futuro em seus semblantes
só a negra noite nua
assombrando os passantes

queria as casas simples
com alpendre rodeando
toda a casa dando sombra
uma rede balançando
um ipê belo e florido
com tapete colorido
a todos nós, perfumando

Mas só vejo edifícios
subindo o céu soberbos
e o nosso vilarejo
transformou-se em manicômio
para compra no atacado
mas a venda no varejo.

Vânia de Farias Castro.
Em 05 de agosto de 2018
Imagens Google.

Flores pra nossa cidade!
João Pessoa, hoje tem festa
é o seu aniversário
que vivamos sempre em claro
tentando pintar o mundo

com cores fortes, animando
os fracos e alquebrados
com coragem e boa fé
um caneco de café
um beiju com rapadura
quem sabe essa vida dura
possa ser amolentada...

Nossos artistas de rua
possam criar suas artes
sem perseguições covardes
do estado, prefeitura

e os nossos ambulantes
com seus alto e bom falantes
venderem os seus produtos
se lhes faltam o emprego
formal, e bem ajustado
que não sejam perseguidos
por homens toscos e fardados!

E nossos filhos e netos
possam andar livremente
sem medo de outras serpentes
a envenenar seu futuro:

ausência de oportunidade
boa chance no mercado
saúde entretenimento
que não falte o alimento
nem seu leite derramado.

Também peço pelos velhos
atenção e bom cuidado
gratidão pelo plantado
a semente da nação
é claro que há ladrão
roubando a boa semente

mas aos velhos indigentes
abandonados pelos seus
cabe a nós outros cuidar
pensar nas necessidades
saúde, e bem estar
vida digna, na cidade
onde há muitos anciãos!

Peço ainda pelos trans
que viviam em outro sexo
não olhemos para os mesmos
como meros objetos

são cidadãos como nós
amam, odeiam, trabalham
pagam impostos, e ralam
como qualquer cidadão
vamos parar de vexame
lenga lenga puxa encolhe
deboche e covardia
triste discriminação!

E viva a nossa Cidade
Hoje é seu aniversário!

Vânia de Farias Castro.
Em 05 de agosto de 2018
Imagens Google.

Tudo bem gata?
Não, tudo mal!
Não sou gata, linda
fofa, querida, seu amor...
Sou mulher velha senhor
e lhe peço mais respeito

se pensas que me engana
com gracinhas e encômios
esse modelo de homem
me causa náusea incômodo

Peço licença agora
pra falar dos homicidas
assassinos, parricidas
infanticidas crueis

hoje ainda se comportam
como os velhos coronéis
jogam uns panos encardidos
tingidos com nosso sangue

e nós passamos vexame
com o tapete a nossos pés
com o sangue das mulheres
que esses machões derramam
na cozinha em nossas camas
nos corredores de hotéis...

Vamos parar com a matança
respeitem mais as senhoras
garotas, adolescentes
não importando a que horas
ou o dia em que elas nasçam

são mulheres, são humanas
se pensam que nos enganam
com galanteios, trapaça
melhor picar sua mula
tome um gole de cachaça
ou seu Whisky mais caro
para a aplacar a desgraça
de sua vida, otário!

Desse mudinho cruel
feminicida, atrasado
são narcisistas, tarados
psicopatas espúrios

desde que o mundo é mundo
vejo essa lepra alastrando
os lares ruas e templos
ou carroças de ciganos

tratam a nós como coisas
descartáveis sem valor
após o seu torpe gozo
passam do sonho ao horror

nos jogando dos edifícios
nos matando em nossos lares
sem qualquer fato ou motivo
que justifique o salário
de covardes mercenários
a serviço do terror!

Vânia De Farias Castro
Em 07 de agosto de 2018

Tens medo do que?
Não confias no que dizes
onde perdeste as matrizes
de teu triste epigrama

falas de qualquer síndrome
em tua folha em branco
mas não vês que o assombro
se dá por não perceberes

que queres ser suntuoso
brilhante, qual pedra rara
mas venhas cá, ó meu cara
pareces seixo a esmo!

Vânia de Farias Castro.
Em 27 de julho de 2018
Imagens Google.

Não entendo esta mania 
de transformar ex amores
em monstros, tipos de horrores
assombrando nossas vidas

mas parecemos Alcina
em seu trágico reinado
transformando ex amados
em feras, após o cio
vivendo sempre no frio
coração amargurado

Nossos amores são flores
que seguem nos perfumando
com as lembranças e sonhos
que um dia foram vividos

claro que há desvalidos
e também os desertores
deixando amargas dores
em cada triste partida

mas a vida continua
que lembremos os bons momentos
nos nutrindo de alimentos
sutis, feito por mágicos
grandes chefes e seus pratos
requintados delicados

que guardemos o passado
como uma joia rara
e não roupa esgarçada
pendurada numa arara...

Meus ex amores, sou grata
por tudo que nós vivemos
momentos grandes ou pequenos
formam uma peça tão cara

um tapete voador
bordado com fios finos
de ouro, prata e rubis
esmeraldas diamantes
com meus sonhos de amante
um dia, muito amada
me levando aonde eu for!

Vânia De Farias Castro
Em 28 de julho de 2018
Imagens Google.

Me apaixonei por Klima
quem sabe alguém me anima
a entender a ironia...

Não gosto de ambiguidade
de mentiras ou engodo
prefiro o todo errado
meio torto, atrapalhado
ao santinho do pau oco

Mas vejam que absurdo
minha Valsa dos Adeuses
percebi que o percevejo
sempre esteve na garganta
com seu odor que espanta
até quem não se asseia

Oh meu Deus! Eu quero ajuda
para sair da armadilha
da cobra que se enrodilha
agora em meu pescoço
em minha mente em alvoroço
qual biruta sem controle

meu avião fez um pouso
aterrissou apressado
sem rumo desengonçado
se transformando em destroços

Oh Jesus! Eu quero tanto
que me ajudes neste conto
ou romance do Kundera
Meu Senhor, ai quem me dera
jamais ter sido o algoz

quando em verdade, era a vítima
de um script encenado
num carnaval com um reinado
comandado por um momo
quase nu, sem adereço
apenas a fantasia
em seu mundinho pelo avesso
menor que casca de noz!

Vânia de Farias Castro.
Em 01 de agosto de 2019
Imagens Google.