terça-feira, 17 de novembro de 2015

ESTOU À ESPERA

Vânia de Farias
ESTOU À ESPERA

Sentei na varanda pra te esperar
é triste à demora não sei quando chegas

ou se tu virás...

Mas sempre espero, não perco à esperança
de um dia chegares trazendo bonança
trazendo alegria pra nossa nação

pras nossas crianças que tanto precisam
de um futuro feliz bordado com fitas
com cores com brilhos, paetês vidrilhos
muranos, miçangas e alguns rubis

E neste bordado, feito com amor
não haverá mentiras, e nem desamor
não haverá abandono, bombons nos sinais
os vidros fechados dos carros, afinal

estarão na escola, os filhos que hoje
vivem na miséria, e muitos que tentam
mudar este quadro, são tão perseguidos
e caluniados...

Não se admite, o belo bordado
apenas a miséria, às drogas, a fome
calçadas que abrigam, teus corpos insones
papelões que servem como cobertores...

Os homens cruéis, cujo egoísmo
te tiram o destino de um paraíso:
chegar a teus olhos e os sons mais bonitos
um dia poderem chegar de mansinho
aos pequenos ouvidos

Que monstros são esses? São os papa figos
da minha infância cujo grande perigo
era apenas os mesmos poderem alcançar
crianças perdidas ou fora do lar...

Só hoje sabemos que era só lenda
e nossa infância bordada com rendas
em seu rebordado havia outras lendas
o Saci Pererê, e as travessuras,

cumade fulozinha e suas aventuras
lá dentro das matas nos dava até medo
pois não conhecíamos seus lindos segredos
não tínhamos o fumo para seus presentes

pois eram adultos que se transformavam
em seus remetentes e nós tão pequenos
só a imaginação tecia imagens, vindas do sertão
ou mesmo das matas daqui da cidade

A do buraquinho guarda até hoje
lembranças que um dia nos deixou saudades...
Mas hoje os monstros são bem diferentes
usam paletós... e suas gravatas

parecem serpentes descendo molengas
em seus corpos flácidos eis que a ganância
se esconde em palácios.

Usam belos carros, iates, jatinhos
transportam às drogas ilícitas, qual vinho
que ousam turvarem todos os  sentidos
não há mais respeito pelos seus maridos

as mulheres de hoje são monstros também
se vendem por pouco por alguns vinténs
por joias vestidos por carros importados
e traem os maridos seus filhos, enteados...

Chegando a matar aqueles que um dia
tinham o compromisso de os educar...
Tem monstro que é pai mas mata, seus filhos
jogando seus corpos ainda com vida

das grandes janelas de seus edifícios...
Que monstros são esses vieram de onde?
Estão em toda parte não mais se escondem
e eu a esperar que anjos nos salvem

da perversidade da cara do mal
políticos corruptos bandidos incomuns
eis que o compromisso dos mesmos é cuidar
dos nossos destinos para o bem comum

mas vivem roubando quais loucos, vampiros
e o sangue sugando de toda a nação
na vã esperança de manterem vivo
seus vícios, quais porcos chafurdando seus corpos

na vida enganosa que é só podridão
só lamas e fezes líquidos purulentos
é o alimento, dos monstros que hoje,
vivem de plantão.

Vânia de Farias Castro.
Em 18 de outubro de 2014.

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