quarta-feira, 18 de novembro de 2015

MARGARIDAS QUE COLHI
Vânia de Farias
As margaridas que um dia
eu colhi para te dar
hoje murchas, descontentes
já deixaram de sonhar:

com um futuro em que nós
poderíamos nos amar
sem ódios ou ressentimentos
pelas escolhas já feitas,
no passado a desandar
como nós: desencontrados
nos cansamos de andar
para a frente, e sempre em busca
de um farol a nos mostrar
outras praias, outros mares
e então a descansar
nossos pés estropiados
tão cortados a sangrar
dos caminhos tortuosos
que trilhamos sem pensar:
que teríamos outras escolhas:
apoiados, no pensar
no carinho dedicado
no passado a nos marcar
como ferro em gado manso
como estigma a nos queimar
os sonhos foram desfeitos
mas o amor, não morrerá
ele é forte, resistente
como as terras do sertão
como os negros antepassados
vivendo na escravidão
como os hoje operários
a andar na contra mão
da história, do presente
o bolso sem um tostão
para o lanche, para morte
para a compra do caixão
em sua última viagem
ao encontro de outros irmãos
que partiram logo cedo
não sem antes, pois lutarem
como os homens do sertão
como os mártires, como os bravos
os heróis, os campeões.
por um dia em que o mundo
será apenas um parque
de diversões onde nós
qual crianças a brincar
esqueceremos de rixas
maledicências, quiça
nos lembraremos apenas
do que temos pra somar:
alegrias, risos soltos
caminhadas ao luar
música tocando a alma
nos convidando a cantar
o canto dos menestréis
com um brilho no olhar
qual estrela em noite clara
com brilho pra alumiar
todo casal que encantados
se converterem ao verbo:
AMAR, apenas AMAR.
Vânia de Farias
Em 20 de junho de 2015.

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