terça-feira, 17 de novembro de 2015

JANELA ENTREABERTA

JANELA ENTREABERTA
Vânia de Farias
Hoje não abrirei minha janela
deixarei-a entreaberta apenas
olharei pela fresta qual criança
assustada com o mundo que lhe acena

e verei tão somente o que me encanta
deixarei para traz o que espanta:
a saudade dos amigos que partiram
os amores que já foram destruídos
sem qualquer explicação e/ou motivo
só verei o que enleve os meus olhos:
belos campos, e crianças a correr
empinando suas pipas, sem conter
gargalhadas já livres de seus peitos
movimentos sincrônicos e perfeitos
respirando o ar puro e suave
admiro o pouso de uma ave
beliscando migalhas pelo chão
onde estás meu antigo coração
que não vês, mais beleza na paisagem?
Se acaso, eu abrir mais a passagem
da janela entreaberta dos meus olhos
surtarei, sem compreender os episódios:
os sinistros, traições e sacanagens
solidão, abandono e maquiagem
mascarando os verdadeiros sentimentos
são camadas de verniz e até cimento
numa grossa argamassa sem sentido
tentarei mais uma vez ser o abrigo
da magia, já vivida no passado
ao teu lado, como eterno namorado
Oh silêncio, companheiro de outras eras
és meu anjo descido em socorro
de minh'alma em desassossego que te espera.
Vânia de Farias
Em 17 de outubro de 2015.

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