quarta-feira, 22 de fevereiro de 2017

LUZ DO CARNAVAL


LUZ DO CARNAVAL
Vânia de Farias


Se queres as máscaras, usemos sem medo
pois é carnaval...Cantemos o frevo
quero o homem brincante, a arte a harmonia

o sol causticante nossa pele arrepia
com tanta beleza nas suas ladeiras
Olinda és bela, como belo é o dia

A mulher do dia, nos entrega feliz
a chave da festa
quero música, quero graça
quero dança na praça

quero todos cantando lá nos quatro cantos
meu canto encontrei...Olinda, em teus braços!
Cadê a alegria? só no carnaval?
E no resto dos dias

só restam as cinzas?
A dor, agonia, a corrupção
a fadiga, tristeza, a fome espia
qual corvo infeliz

nossa morte lenta para sua alegria
Cadê a beleza daquela folia?
Meu coração canta de tanta euforia

minha alma levanta
ao raiar do dia..Olinda encanta
a todos que um dia viveu sua infância
cercada e amada por muitos amigos

parentes, aderentes e desconhecidos...
amada por gente contente, bonecos
gigantes, foliões dançantes

na festa que um dia
ficou na memória ficou registrada
na nossa retina nos nossos ouvidos
seus som, sua rima

beleza e sentido da festa de momo
que quero viver em todos os dias
sem dar-te ouvidos
angústia infeliz!

Vânia de Farias, em 25 de fevereiro de 2014

ALTIVEZ

ALTIVEZ
Vânia de Farias

E este semblante menina?
Te vi ontem na procissão
tua túnica amarela, já um pouco desbotada
as miçangas rebordavam toda a barra


nas mãos, levavas uma pequena lamparina
no rosto, o sol se abria em sorriso
e seus raios, iluminava a todos nós...
Olhavas sempre em direção ao horizonte

tua altivez e dignidade me assombravam
no pequeno barraco, a carência é grande
falta o arroz e outros grãos

teu pai vendeu um pouco do próprio sangue
para levar comida pra casa
seus pés descalços, sangravam
ao puxar o jinriquixá
tudo era pobreza no bairro de Anand Nagar

Mas tu, ó menina! Herdasse a dignidade
de teus ancestrais
e respiras o perfume do lótus branco:
és produto de ti mesma
és um exemplo, para todos nós.

Vânia de Farias.
em fevereiro de 2017
imagens google.

RESTAURADOR

RESTAURADOR
Vânia de Farias

Encontrei um restaurador de corações
entreguei o meu a seus cuidados
eram muitos, e todos machucados
uns faltando pedaços, outros sangrando


encontrei-o compenetrado e feliz
era início da manhã e o sol
também sorria
não entendi o motivo da alegria
cercado de corações acidentados

perguntei-lhe o que o motivava
à tarefa cansativa e arriscada
e o mesmo respondeu com incrível calma
"é como aprendo a consertar o meu."

Vânia de Farias
fevereiro de 2017
imagens google

segunda-feira, 20 de fevereiro de 2017

HOJE

HOJE
Vânia de Farias

Hoje, quero apenas agradecer
a Deus, a Jesus e a seus prepostos
aos inúmeros amigos que devoto
minha genuína gratidão


agradeço-te por me dares tua mão
na escalada de estradas as vezes íngreme
e ainda por dividires teu sorriso
quando ainda, não decidi por andar sorrindo

quando fico enroscada em minhas dores
e nas lembranças, de momentos infelizes
e tu chegas com corbélia multicor
para encheres os meus dias de alívio

de lembranças dos inúmeros momentos
em que juntos nós voámos pelos ares
construindo nossos sonhos sem pesares
sem angústia ou perversa morbidez

agradeço-te pela linda gravidez
de projetos pro futuro, noutros mares
quero hoje te lembrar como sou grata
por aportares em meu porto quando em vez.

Vânia de Farias.
em 19 de fevereiro de 2017
imagens google.

RELEITURA

RELEITURA
Vânia de Farias

Enquanto leio a mim
uma onda gigante se aproxima
suas águas violentas, são a anágua
da mulher até a morte, espancada


uma mulher alegre, com lábios em febre
da fogueira de suas entranhas,
emergem feito vulcão, labaredas azuis
mas hoje apenas manchas vermelhas
em seu seu corpo, agora nu

enquanto leio a mim
uma brisa suave me toca
são os sonhos, de outras tantas
utopias, quiçá, em suas tocas

quem tocará sua alma?
Com ramalhetes de sons
desvendando seus muitos segredos
e outros tantos que fugiram em degredo

quem ouvirá os seus cantos?
melodias coloridas, como os passistas
nas ladeiras íngremes de Olinda
ou os bonecos gigantes nos quatro cantos

o seu canto se fez grito
e suas notas voaram até o infinito
querem espaço, tempo, recuperar sua voz
voltar a cozinha, caso queiram...

cuidar de seus filhos, do marido
ou do pai, já cansado, na hora derradeira
Querem fazer compras no mercado
conversar com o vendedor de frutas
cantar no escuro, após um dia de labuta

tomar banho na biqueira, banho de chuva
tentaram alçá-las as alturas,
Umas tantas mulheres que se sentem livres
mas tiraram a liberdade de outras
de viverem o que lhes torna felizes.

Enquanto leio a mim
leio também os gritos das mulheres estupradas
por homens brutos, truculentos
que se extasiam ante a dor
ante olhos estilhaçados de espanto

e de seus fractais, suas vidas rolam
como num filme de terror
onde será que errou?
Andou pela rua escura, ou foi a microssaia
ou o decote sedutor?

Não! Foi apenas sua condição:
mulher!

Vânia de Farias.
fevereiro de 2017
Imagens google.

sábado, 18 de fevereiro de 2017

O FUNGO E A FERA

O FUNGO E A FERA
Vânia de Farias

A pobre vítima assustada
rezava a ave Maria...



O FUNGO E A FERA

O FUNGO E A FERA
Vânia de Farias

Um dia surgiu na praia
pras bandas de Tambaú
uma fera assassina
parecia um baiacu

assustava todo mundo
a triste fera assassina
cuja feiura era tanta
causava até angina

Acontece que a monstrenga
também tinha um coração
um dia se apaixonou
por um fungo bonachão

O fungo era tinhoso
mentia feito a desgraça
contava tanta lorota
todas regadas a cachaça
e todo mundo brincava
com as suas travessuras
regidas pela manguaça.

Acontece que a monstrenga
tinha uma arma assassina
era uma faca peixeira
com sua lâmina ferina
que brilhava até o cabo
ferindo nossas retinas

Quando a monstra desfilava
na orla de tambaú
assustava toda a prai
os homens, peixes e lambú

e na noite traiçoeira
quando os coitados dormiam
a medonha da monstrenga
com a faca aparecia

e o coitado do fungo
gritava, xingava  e ria
só não se livrava da fera
com sua faca luzidia.

segunda-feira, 6 de fevereiro de 2017

MARIONTES

MARIONETES
Vânia de Farias

De quantas marionetes precisamos ainda
para montar o circo no quintal?
No quintal das Américas
quantas marionetes ainda faltam?


o que foi prometido a esses bonecos?
Mamulengos sem vida, sem futuro ou presente
sem convicção ou alguém que que oriente-os
que lhes dê direção, solução ou semente
e germine algum dia, algum homem decente

quem estará por detrás, dessa turba sem rumo?
repetindo o que ouve, e comendo estrume
sentem êxtase ao ver, o vizinho sofrendo
outro pobre morrer de exaustão no sereno...

seu sadismo é notório, quanto a louca ambição
e acreditam que um dia, terão seu quinhão
que sobrará da mesa da elite eufórica
sobrará caviar, espumante, quem sabe
mas enquanto espera, engole o sabre.

Só queria saber se bonecos procriam
onde iremos parar com tamanha anarquia?
o meu medo é vê-los crescerem nas ruas
e a insensatez, atingir as alturas

tantos bobos sem corte, que possam exaltar
tantos lobos sem pele com o sangue a saltar
de suas feias gargantas, cortadas sem dó
seus manipuladores, também sentem ódio
e se excitam ao ver, a escória no pódium!

Vânia de Farias
fevereiro de 2017.
imagens: google

domingo, 5 de fevereiro de 2017

O HOMEM SÃO

O HOMEM SÃO
Vânia de Farias

O homem são não especula sobre a vida alheia
utiliza o seu tempo em se conhecer
aproveita os minutos para se recolher
e entrar em contato com os seus desejos


tem ainda tempo para ajudar o seu próximo
seja o homem, a mulher o ateu ou devoto
cuida de seu interior com cautela e carinho
e lá encontra o que de mais precisa:
auto amor e esperança de encontrar o caminho

ou caminhos, ainda não sabe quais irá trilhar
mas sabe que precisa encetar a viagem
e o que poderá carregar na bagagem

não se preocupa com os vícios alheios
os seus já são tantos, como tantos os endereços
que irá procurar e encontrar as respostas
para suas angústias, e feridas expostas

Não procura o argueiro no olho do outro
sua trave é tão grande como grande o escolho
poupa sempre o esforço em julgar o caído
sua toda rasgou, hoje anda despido

hoje sente-se livre como a gaivota
suas asas em rasante beija a clara encosta
a procura dos fracos e dos oprimidos
procurando ouvir os inaudíveis gemidos
.
Vânia de Farias.
Fevereiro de 2017.
imagens Google.

TUA OPINIÃO

TUA OPINIÃO
Vânia de Farias

Agradeço-te amigo, a opinião sincera
eivada das mais nobres intenções
entretanto, fico aqui com meus botões
são inúmeros, os sinceros em meu caminho


com vontade bem forjada, em ajudar
e pedindo que de mim, eu me despeça
para eu ser, movida  como peça
em engenhoso jogo de xadrez.


Outros dizem, que não posso me manter
no armário em que me encontro agora
que meus versos, não causam o assombro
que os mesmos, esperavam ansiosos


necessitam, ainda do espetáculo,
da nudez explícita e escandalosa
acusam-me de ser mulher medrosa
em mostrar minhas entranhas, já expostas.


Pergunto-te amigo: que queres?
que eu passe, por autópsia consentida
já viste, alguém deitar naquela mesa
a espera como um louco suicida?


Por Deus! amigo, deixa-me quieta
calada por um segundo que seja
me revelando, se assim eu o deseje
eis que mesmo, o corpo de um defunto


só pertence, aquele que o quer:
um amigo, um filho, ou um irmão
qualquer parente, aderente que vier
a cuidar, do espólio se tiver.


Os estranhos, jamais terão direito
ao pobre corpo, sem vida ou função.
Como queres, que eu me mostre
para tantos?


E me exponha ao ridículo, quanto
ataque, ao escárnio, popularesco
qual um momo
desfilando, bem depois do espetáculo


já nas cinzas, de seus dias de ventura
a espera de seu sábado de aleluia!
Hoje lúcida, identifico a zombaria
que me atinge, quanto atinge 


a outros, tantos: às mulheres,
prostitutas, lavadeiras,
negros, índios, travestis cambaleantes
professores, os garis, ou vagabundos,


homens simples, medianos
ou mesmo santos.
Vânia de Farias
Lei nº 9.610, de 19.2.1998 (Lei de Direitos Autorais)
Súmula nº 386 do STF
Janeiro de 2016.
Imagem: Google

CANSEI DE ANDAR NOS TRILHOS

CANSEI DE ANDAR NOS TRILHOS
Vânia de Farias

Cansei de andar nos trilhos
cansei de ser mais uma Maria
fumaça solta nas nuvens
quero apenas ser mulher


com qualquer nome

correndo, dançando, andando a pé.
No asfalto, mato molhado
molhando os dedos descobertos

voltando, girando, dando marcha a ré...
Cansei de usar esta farda
de mulher amada por muitos homens
vulgares, sem qualquer tato

não quero, amor nem tesão
quero apenas tuas mãos
com godê, pincéis e tintas
para pintarmos o mundo

com as cores bem distintas
das que vejo  e sinto hoje
Cansei de ficar quieta
a chorar quando  machuca

quero te chutar pra longe
pra Bagdá, Cochinchina, 
Alhures, dever haver lugar
pra gente estúpida!

esquisita, avarenta, esdrúxula.
Cansei de ouvir tuas asneiras
pseudo intelecto
cultivas afetos com um barril de besteiras

teus rótulos? Dispenso...
Que pensas? Teu ego ainda cresce
cresce, tomou fermento
está hoje um gigante comendo os amigos

separas uns tantos, embalas apenas
teu ego, seu tonto!
Escorregam em tua baba
ainda pensas que o mundo

é menor que tua mente:
esquisita, recebeu a visita
do mosquito da moda.
Teu cérebro murchou

está micro!

Vânia de Farias.
Janeiro de 2016.
Direito Autoral Reservado(VFC)
Lei nº 9.610, de 19.2.1998 (Lei de Direitos Autorais)
Súmula nº 386 do STF
Imagem: Google

OH DE CASA!

OH DE CASA!
Vânia de Farias

Quem bate?
Oh de fora!
Anjo da morte?


Que queres?

Como te sentes? Senta um pouquinho...
Queres café, um chá, um suco?
Se quiseres esperar pelo jantar

preparo-te o melhor prato que eu possa.
Queres um pergaminho que te escute?
escreves anjo amigo, tuas desculpas
por chegares sem aviso em minha porta

por invadires, minha casa e a casa
de muita gente...
Por deixares jovens viúvas sem amparo
e ainda jovens filhos órfãos...

Que falar das mães que viram seus filhos
partirem cedo?
Sem qualquer despedida ou preparo
deixando apenas como companhia,

a solidão, a dor acerba e o medo.
Como te sentes? Já que não estou pronta,
a minha mala, não arrumei ainda
se me levares, passaremos primeiro

numa boutique e no cabeleireiro.
Já que irei contigo, quero morrer linda!

Vânia de Farias.
13/11/2015.

QUE POSSAMOS SORRIR

QUE POSSAMOS SORRIR
Vânia de Farias.

Que possamos sorrir de nós
de nossas dubiedades e incertezas
de nossos medos pueris, tirando a leveza
de dias risonhos a sorrir na cara da gente!


Que possamos sorrir de nossos ciúmes
e lembrarmos que todos tem o direito
de ir e vir, sem que possamos detê-los...

Em nossa marcha, tudo que nos chega, vai.
E ainda sorrir de nossa avareza
já conseguimos doar roupas
quando não nos servem mais

doar um pouco de alimento
desde que nos reserve
o direito de ficarmos empanturrados
dos excessos e seus excrementos

Entretanto quando se trata de conceitos
pontos de vista ou outros pontos
nossa agulha fere tanto
qual lança afiada a cortar

quem nos ousar contestar.
Nos apegamos ao que acreditamos
ser o reflexo da verdade
e esquecemos que para o outro

a verdade ainda está sendo lapidada
e que, quando fulgurar,
em milhões de fractais, se multiplicará
a levar luz a muitas mentes

e a nossa?
Talvez jamais saia de um pequeno burgo:
nosso ego  infeliz e doente!
Que possamos ainda sorrir, de nossa astúcia

acreditando que somos os tais, os maiorais
sem percebermos que estamos sendo vistos
e scaneados, por muitos, e nossos vícios:
mostram os rabos finos, como a lagartixa

a enganar a velha bruxa.
Melhor lembrar, que não somos João nem Maria...
E não conseguimos enganar a grande maioria.
Lá se vai nosso sonho...

E seremos devorados, como apetitoso
prato, pelo tempo que não perde tempo
em destruir nossos castelos de areia...
Ateando fogo-fátuo, em sua fundação

já movediça em sua criação...
Ah! Essa não, melhor sorrir de
nós mesmos... e ficarmos como figurantes
no grande coro, onde muitos, riem de nós.

Vânia de Farias.
Janeiro de 2016.
Lei nº 9.610, de 19.2.1998 (Lei de Direitos Autorais)
Súmula nº 386 do STF
Imagem: Ismar Pompeu

PASSADO OBSCURO

PASSADO OBSCURO
Vânia de Farias.

Ó meu Deus! Afasta esta agonia
esta angústia, soberba lancinante
preciso de paz, por um instante
acreditar na humanidade outra vez.


Preciso sair do calabouço
onde répteis rastejam neste fosso
esquecendo que um dia, foram homens
e qual vermes imundos, roubam tudo:

uma côdea de pão, de um moribundo
uma joia herdada da família
das crianças, tiram-lhes a vida
dos homens ainda fortes, a esperança.

Senhor! Quando acabará esta matança?
Para voltarmos outra vez, pras nossas terras
será que nos peitos, deles, ainda encerra
Uma gotícula de compaixão ou empatia?

Não ouviram falar, do Nobre Kant?
com seus princípios morais edificantes
nos ensinando o sentido desta vida
desconhecem a existência de Jesus?

Seus suaves conceitos que na cruz
teve o epílogo de vida verdadeira:
dividiu, nosso tempo em duas eras
ensinando que bem antes daquela

sua passagem feliz, por nossa história
só havia escombros, exploração
os espertos a roubarem, quais um cão
vira lata nos mercados, quais escórias.

Mas Jesus ensinou a compaixão
tolerância com os erros dos irmãos
paciência nas lutas dessa vida...

Eu te rogo agora, a guarida
em tuas asas de anjo protetor
e te peço ainda, Meu Senhor!
Compaixão para as minhas recidivas,

não entendo esses monstros do passado
tristes autores de torpe holocausto
sem remorso, apenas tirania...
Hoje ainda observo onde vivo

similares de títeres quais vampiros
a sugarem o sangue dessa pátria.
e me voltam os monstros arianos
tão soberbos, vivendo do engano

precipícios a que foram jogados.
Vânia de Farias Castro.
Janeiro de 2016.
Lei nº 9.610, de 19.2.1998 (Lei de Direitos Autorais)
Súmula nº 386 do STF
Imagem: Google

QUANDO EU PARTIR

QUANDO EU PARTIR
Vânia de Farias.

Quando eu partir
que farão com o meu nome?
criarão pequeno verso,
ou cantiga de assombro?


Como as cantigas de ninar
de meu tempo de infante?

Quando eu partir
que dirão que fui um dia?

Incansável sonhadora,
não obstante a covardia
dos meus pares, mais ditosos

mulher doce por momentos
mas tirana e atirada
dependendo do repente
que se faça, nessa data...

Fortaleza para os fracos
mas fraqueza que alivia
as angústias dos amigos
que ainda sofrem a agonia

da incerteza, quanto a vida
dúvida atroz que lhes visita
pode ainda ser guarita
para enxergar mais longe...

Para isso,  deixarei
alguns livros bem usados:
Galeano, Jean Paul Sartre,
Lapierre, Jorge Amado.

Na Cidade da Alegria,
aprenderás com a esperança:
dignidade e honradez, não
são bens que se compra.

Nos Subterrâneos da Liberdade,
aprenderás com a coragem:
que o sonho, e a utopia,
não deixamos na viagem...

Nas veias da América
aprenderás com a vontade:
que é preciso conhecer
para enfrentar tantos covardes.

Deixarei ainda para ti:
Simone de Beauvoir, já na velhice
a te ensinar que os problemas e
abandono, ainda existem...
E insistem!

Cervantes, e seus sonhos quixotescos,
a nos mostrar que é preciso imaginar com fantasia
vendo o brio e a beleza,
mesmo quando nossos monstros,
são o feio, a desonra e amonia.

Fernando Pessoa, Graciliano
Castro Alves, Vitor Hugo e Epíteto
Cecília Meireles e Cora Coralina
abrindo caminhos luminosos nas esquinas,

bifurcações nas estradas empoeiradas...
Amor, onde não restar mais nada...
Esperança, quando já não houver bonança.

Deixarei também uns cordéis amarelados
uns vinis, tão antigos e amados
deixarei ainda uns vidrilhos
para que possas rebordar as tuas máscaras

e quando o carnaval se aproximar...
Não deixes de visitar os quatro cantos de Olinda
e seus bonecos a desfilarem
pelas ruas e ladeiras, coloridas
com passistas e artistas da cidade

não esqueças de Pitombeira e Elefante
Vassourinhas e o bacalhau do batata,
sorria com as crianças nas calçadas
com suas batas e castanholas
em suas mãos -são as almas.

Veja ainda o museu do mamulengo
tradição e o novo dia se encontrando.

Quando eu partir, joguem todas as
minhas queixas...
Não lhes servirão pra nada,
sigam em paz com alegria

esqueçam, se já fui triste um dia
só recordem dos sorrisos com
que bordei o meu rosto.
Da vontade de viver, mesmo aos tropeços

Dos encontros com os amigos, na cozinha
do trabalho edificante que eu tinha
dos amores, tão amados, que viviam
a me visitarem sempre que chovia...

Quando eu partir,
lembrem apenas dos abraços!

Vânia de Farias Castro.
Janeiro de 2016.
Lei nº 9.610, de 19.2.1998 (Lei de Direitos Autorais)
Súmula nº 386 do STF
Imagem: Google