sexta-feira, 12 de abril de 2019

Nou sou daqui
sinto-me estrangeiro em minha própria terra
encontro ressonância noutras serras
noutros rincões mundo a fora
Não sou daqui
tudo é muito estranho e traiçoeiro
as pessoas se unem em grupelhos
de artistas, cientistas, carpinteiros
mas não vejo união do ser humano
Cada um ouve apenas a própria voz
é um empurra empurra bem veloz
pra se ver quem chegará primeiro
mas não se chega a lugar nenhum
O Cirineu morreu nas escrituras
Jesus voltou pra sepultura
após dois séculos entre nós
bem que tentou com seu exemplo e verbo
mas estamos tão imersos em nosso inferno
que esquecemos a esperança acenando
Não sou daqui
minha língua mais parece mandarim
mesmo sendo a língua mais falada
só encontro eco mesmo em mim.
Vânia De Farias Castro
Em 11 de abril de 2019
Imagens: Google.
Vejo, um gigante ego se aproximando...
Grita em altos decibéis que é o tal
o comandante, o governante, o general
coordenador, sem coordenar,
pois o que sabe é ordenar
cria decretos, anti decretos, reforma as leis

burocracia, antipatia e simpatia,
só não entende de empatia
ouve buxixos, é muito crítico,
só não entende de autocrítica
se contestado, mostra o atestado
da crueldade, guardada a chaves
se confrontado, se torna bravo
mas corre léguas, pra outro estado
quando lhe cobram por resultados
foge assustado e entediado.
E preciso conviver com este gigante
já é difícil por uns instantes
imaginem, por dias, semanas e meses
ligo-me ao mesmo como gêmeos siameses
afinal meu ego, também não é pequeno
e assim vou vivendo tão mais ou menos
tentando não esbarrar atrapalhada
em egos maiores que o meu!
Vânia De Farias Castro.
Em 11 de abril de 2019
Imagens: Google

Mas que vida Severina!
Margaridas, Marielles
Dandaras, Franciscas, Neves
são tantas vidas, quem dera
ser farol, ser suas peles

limpando a psicosfera
de homens toscos ou mulheres
que envergonham nós outras
humilham, osculam suas trouxas
de machismo, preconceito
discriminam sem proveito
para si e para os seus

hipocrisia, sem arrigo
pro linho de seus lençóis
acreditam-se eleitas
quando com machos se deitam
sendo colchão pros heróis

dos quadrinhos de suas mentes
esquadrinhando serpentes
para comer as sementes
geradas por podres ventres
dessas mulheres atrozes.

Quem me dera ser um dia
Joana Darc, Madalena
Maria de Magdala,
ou mesmo Joana de Cusa
quem sabe outras Marias...

Nos becos, nas rodovias
enfrentando provações
encharcando seus pulmões
dos vários canos de escape
escapando dos larápios
gozadores de plantão
assassinos seriais

e quem sabe hajam mais
insepultas pelos matos
mas outras quais carrapatos
sugam a nós, como vampiros
não lhes sobram qualquer brio
para lutar junto a nós!

Vânia De Farias Castro
Em 06 de abril de 2019
Imagens: Google.
Oitenta tiros em nossa pele
em nossa condição de brava gente
tentam destruir qualquer semente
de honradez, cultura, resistência...

Querem cortar pela raiz
a plantação cultivada com bravura
trabalho, coragem, nossos gritos
nossa música elevada às alturas!

Quantos séculos de sequestro, contrabando
vendas no mercado, de humanos
transformados em mercadoria
mas ontem vimos outra covardia

emasculados atirando sem comando
sem controle, só o ódio dominando
hediondez, fraqueza e racismo
demonstração de crueldade, sadismo

monstros alucinados atirando
em nossa carne, ostentando os escombros
ou galés, onde escorrem nosso sangue!

Vânia de Farias Castro.
Em 09 de abril de 2019.
Imagens Google.

terça-feira, 2 de abril de 2019

"De quimera em quimera
tornei-me uma fera
com sede de sangue
com fome de morte."
"Eu, de lágrima em lágrima
sequei minhas mágoas
torrei o meu sangue
fiz doce chouriço
onde tu te escondes
canalha soturno
cadê teu coturno
manchando o chão?
Um dia te vi
em marcha grotesca
em busca das presas
crianças e jovens
se não te comoves
com os seios das moças
cortado com força
por sanha homicida
és louco ou cruel?
humano ou monstro
decrépito imundo
no mundo das bestas
mas não estás só
são muitos os dementes
jogando a semente
do mal e da morte
tirando a sorte
do nosso futuro
qual foi o monturo
de onde saíste?
Teu dedo em riste
aponta uma arma
para o diafragma
de nosso país
és a meretriz
da podre América,
por uma merreca
abre tua pélvis
e curva-te infeliz."
Vânia De Farias Castro.
Em 26 de março de 2019
Alegra-te com a dor alheia
com a tortura, estupro genocídio
ainda fomentas os homicídios
entre homens/bestas, soltas quais feras...

Queres ainda aplausos para tantas mortes
corpos incinerados, insepultos em destroços
tua morbidez, me causa náusea
és um vil, elemento dementado
embriagado pelas mais torpes taras
gostaria de ver a tua cara
na hora derradeira ao encontro com a vida
Qual o anjo bom que te dará guarida
reconhecendo em ti, apenas um ser enfermo
destituído de ternura, bondade empatia
apenas um monstro na hora do desterro.
Vânia De Farias Castro
Em 27 de março de 2019
Imagens: Google.
Bem queria saber o que hora passa
nesta tua cabeça cabeçuda
se bebeste agua ardente da papuda
ou se és o escolhido entre os homens
Se és macho, mas tão macho que derrubas
as muralhas erguidas com trabalho
gostaria de saber se tens um talho
neste cérebro pensante e de plantão
deverias pensar que eu sou gente
que eu tenho direitos e deveres
meu dever é respeitar os meus afetos
me afastar de machistas sem rodeio
Não entendo esta tua pretensão
de me ver humilhada em teu palanque
e tua máscara de homem elegante
com camadas e camadas de verniz
Vê se encontra alguma boa atriz
que sustente este script já antigo
não consegues enxergar um palmo adiante
teu olhar só alcança teu umbigo.
Vânia De Farias Castro
Em 31 de março de 2019
Imagens Google.

Ah A Covardia!

Ah a covardia!
Ela se traveste de mil jeitos
se veste de honra
de timidez e de ocupação
a covardia é muito ocupada
eis que vive consertando seus andrajos
encurtando-os se necessário
aumentando a barra, se o momento assim o exigir
Passa horas e dias fascinada
diante de sua caixinha de maquiagem
de seu toucador...
Olhando seu belo rosto,
pintando-o a seu bel prazer
um certo dia, se fantasia de digna
outro, de indignada
outro de mulher vulgar
em alguns de mulher pulcra
afinal ela conhece os textos evangélicos
e precisa de um novo figurino para recitá-los
Ah a covardia
ela, coitada pensa que engana a todos
na sua maquiagem, camadas de laca
que importou da Índia
educação, dos ingleses
pontualidade dos suíços
ou quem sabe de Kant
eis que a covardia também conhece os filósofos
palavras mansas e critério
ela é tão criteriosa que marca o horário para se irritar
e para se vingar
para provocar e se distanciar...
A covardia, jamais deixaria de ser covarde
é a sua natureza, e se alimenta dos pequenos
ou grandes golpes que desfere com precisão
e estudado requinte.
Vânia De Farias Castro
Em 02 de abril de 2019
Imagens Google