terça-feira, 24 de novembro de 2015

CLEMÊNCIA
Vânia de Farias

Que tens ó criatura imunda?
tão suja, quanto um pano de chão roto
quanto as aguas purulentas do esgoto
quanto as latrinas da rua da Areia


Tua pela tão branca, esconde a alma feia
cuja deformidade, não há quem corrija
a não ser as dores que te visitarão um dia
e te pegará surpresa, abatida e fria

Fria já és, e jamais demonstraste compaixão
interesse real pelo irmão, empatia necessária
para uma convivência...

Vives, num mundinho tenebroso de aparências
desejando agradar aos superiores
esquecendo de te amar, venerando os tolos
tão toscos, quanto tu, alma febril que queima:

nas labaredas de teu tóxico corrosivo
jamais tua visão alcançará, um palmodiante do umbigo
e ficarás eternamente
prostrada em tua ignorância!

Ignoras as leis que regem a natureza
e tentas manipular usando de esperteza
teus companheiros, que vivem
a custa do próprio esforço e talento

Mas tu, ó esqueleto odiento que se quebra
quando tento abraçar numa tentativa cega
de te tirar ó verme do inferno em que queimas!

Minha tentativa é pueril, quanto inútil
eis que te partes em mil pedaços, em um minuto
demonstrando a mente que um dia habitou
em eterna labareda!

Que tens ó criatura fétida?
Tua boca exala apenas fezes
líquido asqueroso da maledicência
em solo pedregoso, e tão inútil quanto apodrecido

e não vês, que teu mundo é tão sombrio quanto sinistro
habitando outros vampiros como tu, na cobiça maldita
de sorver nosso sangue, a beira de um abismo!

Estive enojada! Mas tento sair dessa horrenda impressão
lá fora o sol convida a uma boa reflexão: que entendamos
esses monstros, mesmo inimigos...
que possamos derramar como lenitivo

nossos raios de oração em forma de pedido.
Não sei se meu pedido, chegará a ti Ó! Deus
eis que sei que os pedidos dos filhos Teus
serão atendidos em sua pertinência

mas não sei se atendes e me dês, clemência
preciso descansar em teu colo Pai
apagar essa impressão dolorosa e densa
perscrutar em meus recessos uma gota de decência,
para então banhar essa pobre infeliz.

Vânia de Farias
Em 24/11/2015

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