segunda-feira, 16 de novembro de 2015

SOLIDÃO

SOLIDÃO.
Vânia de Farias.
Hoje encontrei a solidão
dos velhos abandonados pelos moços
dos jovens enamorados sem um dorso
que pudessem encostar seus devaneios

Hoje encontrei a solidão...
Da mãe que viu seu filho partir cedo
pra longe, muito longe num degredo
por escolha, egoísmo ou mesmo medo
Hoje encontrei a solidão
dos que amam mas não são correspondidos
e se calam com o coração partido
em pedaços, qual espelho estilhaçado
e vislumbram um futuro embaçado
por seus olhos já míopes e cansados
suas pernas já dormentes e sem forças
suas mãos posta em prece num pedido
pra que Deus lhe conceda paciência
e quiçá um pouco mais de força
pois queria abraçar mais o netinho
e trazê-lo para perto de seu ninho,
como um dia, já o teve bem pertinho
de seu peito, seu abraço, seu carinho...
Mas o mundo, o tirou ainda criança
mal saído dos sonhos de infância
e partindo só restou suas lembranças
dos momentos num passado já distante
em que os dois, gargalhavam qual infantes
no balanço do jardim, daquele ninho
lá nas praias da doce Manaíra
onde o Sol, nascia com seu brilho
a dourar sua vida de magia
e cantar sua doce melodia...
Hoje resta apenas a saudade
dos momentos de cumplicidade
em que os dois partilhavam as alegrias
dos passeios, pelas ruas de seu bairro...
Eras forte, guerreiro, sorridente
teu olhar a deixava mais contente
teu sorriso, colorindo tua face
conseguia extrair qual alquimista
esperança numa vida tão sofrida
e cansada dos golpes desferidos
por um mundo hostil, sem compromisso
com a ética, a alegria e o sorriso.
Mas quem sabe, um dia tu retornas
e a encontra, bem mais velha, quase morta
de saudade, de dor, lhe comprimindo
o seu peito nas tardes de domingo
a pensar o que fazes, na cidade
com amigos, também de tua idade,
sem preparo, direção, e/ou cuidados.
Vânia de Farias
Em 25 de setembro de 2015.

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