terça-feira, 24 de novembro de 2015

RESPOSTA À FLORBELA ESPANCA
Vânia de Farias.

Ah! Florbela, se houvesse...
Caberiam tantos corações?
Corações enlouquecidos de paixões,
das mais diversas: sensual, ou mesmo ira

das mais perversas, quanto a mentira
que despedaça outros corações...
Nossos corações enlouquecidos
por perdas dos entes queridos

que partiram, logo que nasceram
outros que nem chegaram a tanto
mas deixaram, conosco apenas o pranto
a solidão, de uma mãe, que esperou

o seu filhinho, mas não o viu com vida.
Seu corpinho foi partido a fórceps
e os seus membros, tão pequeninhos
foram quebrados, já no nascimento

A mãe em pranto, grita um lamento
por ver, o seu tesouro destruído:
seu natimorto jaz, sem um gemido
Eis que sua voz, sequer se ouviu um dia

e a pobre mãe, triste e abatida,
olha o bercinho, e o quarto arrumado
para esperar seu príncipe encantado
Mas que encantado o foi pela vida

Jamais verá, seu amado filho...
E o seu rosto perde aquele brilho
que até ontem havia em sua face.
Seu coração precisa de um hospício...

Florbela Espanca, onde encontrá-lo?

Vânia de Farias Castro.
Em 30 de agosto de 2014.
TEUS OLHOS
Vânia de Farias

Teus olhos azuis...Celeste, ou lunar
não sei, mas parecem,com as águas do mar
do mar que me encanta, que me acalenta

também me alimenta na fome de fé
na sede de força, que deve ser arma,
dos homens valentes...

Como tu amigo, eis que tua vida
 serve de modelo, pra muitos de nós
tuua honestidade, sem ambiguidade
sem papo furado, sem hipocrisia

tua vida é exemplo pra muitos, amigo
que estão sem um fito,
sem qualquer motivo para continuar
a dura jornada

sem arma que usem, na dura batalha
contra todo o mal...
Mas tu oh! Tarcísio
nascestes qual lírio, em um pantanal

trazendo esperança, trazendo beleza
nos contos, nas dúvidas,
também nas tristezas
comuns nos mortais

e na tua arte, nos fazes felizes
deixando matrizes, para a construção
de um mundo mais pleno
mais ético, mais sério
onde o bom e o belo
não é só ilusão.

Vânia de Farias Castro
Em 07 de setembro de 2014.
SIMPLICIDADE
Vânia de Farias

Como o ar que respiramos:
não se mostra.
Como o aroma que sentimos:
não se toca


Como o mar, grande e profundo:
não rejeita
tudo que jogamos nele:
não se queixa

Como as flores e seus perfumes:
não se enfeitam
como o rio, calmo e límpido:
sempre aceita

nosso corpo, tão impuro:
que se deita
em suas praias belas e secas
quais cristais

de areia fina não espreita
os casais de enamorados
que se amam
e transformam seus lençóis
em suas camas.
Vânia de Farias, em 17 de abril de 2014.
BEM ME QUER
Vânia de Farias

Bem me quer, mal quer
me responde com a verdade
se não queres, partes logo
me deixa a realidade:

dos sonhos desfeitos em nuvens
de quimeras, de ilusão

mas se me queres, acudas
o meu bêbado coração
meu coração está ébrio
com a tua melodia

quando ouvi tua voz
tão calma, qual tarde fria
meus olhos, brilharam tanto
pareciam dois faróis

acredito que o encanto
instalado entre nós
me deixou atrapalhada
parecendo uma criança

descoberta quando faz
algo errado, e se espanta
com a chegada dos pais
descobrindo o mal feito.

Muito bem, tu me deixavas
rubra de tanto desejo
quando ouvia tua voz
a cantar enamorado

mandando os teus recados
me enviando as rosas
do ramalhete de sons
que fazias com teus dedos

descobrias os sentimentos
até meus tristes segredos
descobrias minha febre
te queimando com ardor

como se chama este êxtase
será seu nome o amor?

Vânia de Farias Castro
em setembro de 2014.
MÁGOAS
Vânia de Farias

São brasas queimando dentro
bem fundo no coração
mas não serve de alimento
pra quem vive em oração


A oração é esperança
de que a alvorada virá
não conseguimos abrigar
esta amiga sincera

se estivermos a hospedar
à mágoa, triste qual fera
que trucida suas presas
para se alimentar

as mágoas são iguais cobras
com veneno, peçonhentas
envenenando a gente
matando, queimando lenta

nos transforma em amargura
em eterna agonia
nossos passos, ficam lentos
perdemos a energia

tão necessária pra luta
que deveremos travar
conosco, sem a astúcia
que teima em se mostrar

confundindo nosso ego
que pensa ser o maior
pensa ser o enganado
e ficamos a sentir dó

de nós próprios, sem coragem
para enfrentar a verdade
sair de paisagens lúgubres
partir para outras cidades

onde o perdão, reina sóbrio
num reino de alegria
o olvido do passado
se faz presente, qual dia

tão claro, como o sol
tão calmo qual noite fria.

Vânia de Farias Castro.
Em 25 de agosto de 2014.
CLEMÊNCIA
Vânia de Farias

Que tens ó criatura imunda?
tão suja, quanto um pano de chão roto
quanto as aguas purulentas do esgoto
quanto as latrinas da rua da Areia


Tua pela tão branca, esconde a alma feia
cuja deformidade, não há quem corrija
a não ser as dores que te visitarão um dia
e te pegará surpresa, abatida e fria

Fria já és, e jamais demonstraste compaixão
interesse real pelo irmão, empatia necessária
para uma convivência...

Vives, num mundinho tenebroso de aparências
desejando agradar aos superiores
esquecendo de te amar, venerando os tolos
tão toscos, quanto tu, alma febril que queima:

nas labaredas de teu tóxico corrosivo
jamais tua visão alcançará, um palmodiante do umbigo
e ficarás eternamente
prostrada em tua ignorância!

Ignoras as leis que regem a natureza
e tentas manipular usando de esperteza
teus companheiros, que vivem
a custa do próprio esforço e talento

Mas tu, ó esqueleto odiento que se quebra
quando tento abraçar numa tentativa cega
de te tirar ó verme do inferno em que queimas!

Minha tentativa é pueril, quanto inútil
eis que te partes em mil pedaços, em um minuto
demonstrando a mente que um dia habitou
em eterna labareda!

Que tens ó criatura fétida?
Tua boca exala apenas fezes
líquido asqueroso da maledicência
em solo pedregoso, e tão inútil quanto apodrecido

e não vês, que teu mundo é tão sombrio quanto sinistro
habitando outros vampiros como tu, na cobiça maldita
de sorver nosso sangue, a beira de um abismo!

Estive enojada! Mas tento sair dessa horrenda impressão
lá fora o sol convida a uma boa reflexão: que entendamos
esses monstros, mesmo inimigos...
que possamos derramar como lenitivo

nossos raios de oração em forma de pedido.
Não sei se meu pedido, chegará a ti Ó! Deus
eis que sei que os pedidos dos filhos Teus
serão atendidos em sua pertinência

mas não sei se atendes e me dês, clemência
preciso descansar em teu colo Pai
apagar essa impressão dolorosa e densa
perscrutar em meus recessos uma gota de decência,
para então banhar essa pobre infeliz.

Vânia de Farias
Em 24/11/2015
OBRIGADA FLAVIANI
Vânia de Farias
Muito obrigada querida.
Não sei como agradecer
presente dos mais sinceros,
vindo de um coração:

gentil, amável e belo.
Amiga tu és alento
para meu coração triste
consegues ser alimento,
na fome que ainda existe:
do belo, bom e do justo.
Das coisas que ainda curto,
como uma bela amizade.
Querida tu és exemplo
de ternura e de talento
de beleza e alegria
para os que ainda sofrem
consegues ser o suporte
para os que te rodeiam
amas com desenvoltura
sinceridade e beleza.
Te colocas no lugar
dos que estão na amargura
tua inquieta mente
se levanta com bravura
para a defesa dos fracos
nas mãos do usurpador
nas garras do agressor
quando empunha tua foice.
Amiga tu és açoite,
contra toda ambiguidade
batalhas contra a maldade
investida de poder.
És ternura e leveza
quando ficas a traçar
tuas linhas de ternura
que passas a partilhar!
Vânia de Farias.
Em 24/11/2015
UM ANJO CHAMADO MÃE
Vânia de Farias
Meu caminho de hortências
me lembra de ti oh anjo!
cuidastes de minha infância
como guarda vigilante.

Desde o meu nascimento
prematura e sem forças
até para receber
o alimento que davas
vivias desesperada
para salvar tua filha
tua princesa querida
por ti sempre fui amada
tua determinação
me enche de gratidão
para salvar tal bichinho
eis que a minha aparência
parecia qualquer coisa
menos um humano então
mas tu como brava guerreira
herdeira dos antigos celtas
determinada que eras
fizestes a escolha certa
de salvar a tua filha
com os recursos que tinhas:
amor e perseverança
e um amor que te vinha
ao encontro de teus sonhos
e passaram a sonhar
com um futuro risonho
para aquele ser que então
mas parecia um monstrinho
com suas orelhas coladas
seus olhos esbugalhados
assustava quem passada
ficastes envergonhada
e quase me sufocaste
com uma toca enorme
cobrindo minha cabeça
como um belo disfarce.
Mas ao chegares em casa
não havia como esconder
aquele espécime feio
tu pensavas em correr
para te livrar da dor
e das dúvidas que assolaram
o teu pobre coração
de mãe amorosa e boa
mas a maldade humana
não deixava que dormisses
para então esquecer
aquela realidade...
Como sou grata a ti
mãe guerreira, qual uma celta
lutaste contra às más línguas
te ferindo qual gillete
suas lâminas afiadas
cortavam teu coração
mas tu querida e amantíssima
não te deixavas abalar
e após as noites em claro
recobravas a esperança
e passavas a lutar
para salvar tua filha
da dura desencarnação.
Procuravas os mercados
a procura de alimentos
que pudessem sustentar
um corpinho macilento
tal frágil, qual andorinha
com suas asas quebradas
mas papai, outro guerreiro
portando a sua espada
de amor, e de carinho
partiu pra luta contigo.
E após longas pelejas
mais ou menos com seis meses
fui orgulho, fui princesa
e após aqueles testes
tua princesa reinava
em teu castelo de sonhos
e vivemos para sempre
como num conto de fadas.
Vânia de Farias Castro.
Setembro de 2014.

domingo, 22 de novembro de 2015

EXAUSTÃO

EXAUSTÃO
Vânia de Farias

Hoje estou cansada
de tanta hipocrisia
quero fugir para longe
e sair desta agonia


os hipócritas me apavoram
me enojam, me enfastiam
prefiro os duros combates
a esta triste afasia:

a inversão de valores
onde o respeito é esquecido
os débeis cobram aplausos
e agridem os já vencidos

a desídia é mestra agora
dos invigilantes morais
e quando fazem um pouco
já consideram demais

se consideram tão grandes
que já não cabem aqui
ali também o espaço
é pequeno para si

alhures não sei ainda
se há espaço que caibam
seus  egos, gordos gigantes
e corações miseráveis

seus cérebros? São de amebas
se é que as mesmas os tem
só pensam em holofotes
para si, pra mais ninguém

bajulam os poderosos
nesta terra de ninguém
de vampiros sem escrúpulos
aos que se auto consideram
importantes temporais

posto que nesta oficina
e escola para homens
que não entendem a sina
dos que aportaram aqui
que somos grandes apenas
quando estamos a servir.

Vânia de Farias
em 18 de julho de 2015.

AMIGOS

AMIGOS
Vânia de Farias
Amigos são pérolas raras
criadas por ostras duras
forjadas nas alegrias
mas também, nas amarguras.

Amigos, são como pássaros
que vivem sempre a voar
confiantes, em suas asas
e no infinito sem par...
Mas sempre voltam ao ninho
das amizades sinceras
para cobrir com carinho
aquele que os esperam
amigos, sempre seremos
até noutras cercanias
bem longe, longe no tempo
até o começo do dia...
Que fulgura, qual brilhante
lapidado com rigor
pois só o tempo informa
aquele que traz amor
para os muitos corações
que os querem com carinho
amigo, depois do voo
o espero em meu ninho.
Vânia de Farias Castro.

A RUDOLF NUREYEV

À RUDOLF NUREYEV
Vânia de Farias

Quanta determinação em atingir
o teu fito que seria o de brilhar
qual estrela de quinta dimensão

qual sol quente  em tarde de verão

aquecendo o luar  daqueles sítios
derretendo a neve fria, de Ufa

És o exemplo  de que o destino é
construído
com os sonhos e determinação
Quantas surras... No entanto um gemido
que tirasse do futuro  tua atenção

Rudi, Rudi, Rudi! Quanta dor...
As morais  sobrepujaram às dores físicas
num regime esfacelado e decadente
que teimava em condenar o ocidente

esquecendo que formamos uma só pátria
que a arte  não pertence a um só burgo
que o artista é um cidadão de todo o mundo
que o mundo é o seu destino  sua gente

O preço que pagastes foi tamanho
no entanto, não regateaste
e seguiste  teu destino e missão
sem jamais esquecer-te do menino
que dançou um dia  para alegrar
os soldados que sangravam
com a nação

velhos trapos, alquebrados e sem honra
posto que, mesmo voltando de uma guerra
o regime, não lhes dava honrarias
relegava-os ao olvido e ao descaso
muitos deles, caídos, semimortos
trilho abaixo dos seus trens e seus
vagões...

Suas famílias os procuravam
pela neve
com as faces crestadas, pela dor...
agonia e afinal decepção!
Ao voltarem a seus lares,sem notícias
de seus filhos, esposos e irmãos

Mas Rudolf, tu venceste, a covardia
de um sistema traiçoeiro e vingativo
que embora o tenha renegado
não conseguiu impedir tua ascensão

qual foguete, rumo aos céus
do estrelato
para orgulho de outras pátrias
que adoraram e louvaram tua arte

e teus pés, tua harmonia e equilíbrio
toda graça, alcançados, com esforço
talento,e  obstinação

outras pátrias o recebera como amigo
Nos palcos de outros cantos e nações
enchias os corações de alegria...
e os olhos de todos que tiveram,
a honra de um dia, celebrarem
com outras estrelas a glória alcançada

com teus passos, tua dança, tua arte
e teu brilho, qual diamante lapidado,
a duros golpes de buril, esfacelando
tua digna e sincera paixão:
pela dança, pelos passos, pelos
palcos...

Pelas festas, pelo mundo, pelas
noites,
pelo brilho, pelo amor e pelo belo
pelo ritmo, que trazias Nureyev

e deixaste  para o mundo de então
como a mais, bela e digna lição!

Vânia de Farias Castro

O DESTINO DO SILÊNCIO

O DESTINO DO SILÊNCIO
Vânia de Farias.

Para onde vais oh silêncio
quando nossa boca cala
diante de tal massacre
filhos crivados de balas


crianças que não viveram
nem sonhos tiveram ainda
seu futuro? Interrompido
por mãos hábeis assassinas

por homens cujas missões
é de gerar segurança
mas só gestam a ganância
a maldade e covardia

ninguém escapa da morte
que estes monstros financiam
são tão cruéis que ainda
suas vítimas caluniam...

Para onde vais oh silêncio
quando não denunciamos
ficamos encastelados
por muros de puro engano

será que imaginamos
que estamos livres do mal?
Que seus fuzis não atingem
os que consideram normal

a onda de homicídios
atingindo inocentes
mas são os filhos dos outros
continuamos contentes

não foi o neto da gente
nem nosso irmão, felizmente
e continuamos assim
paralisados e silentes

até que o assombro chegue
em nossa porta contente
e arrebente portões
destruindo o que há na frente

nossa dor, agora dói
agora é o filho da gente
gritamos, choramos aflitos
a violência à frente

estando perto de nós
a ferida simplesmente
se abre feito comporta
e o sangue jorra enfim

nos amigos e parentes
mas enquanto for no morro
do Alemão, do Françês
permanecemos inertes
até chegar nossa vez.

Vânia de Farias
10 de abril de 2015.

ÁFRICA

ÁFRICA
Vânia de Farias.

África amiga!
antiga virtude e paixão primeira
África sofrida nas guerras
renhidas, pela ganância
macabra da pura ilusão...


África! Tão bela qual tela
de Magistros magistrais
tão quente, qual gente viva
gente que vibra de amores

África, tão dura e agreste
teus filhos te agradecem
pelo passado- presente
dos Deuses que reconheces

Teus filhos ainda padecem
nas mãos já calejadas
agruras dantes vividas
pelos queridos ancestrais

padecem nas mãos sangrentas
dos muitos usurpadores
de todo o teu tesouro
e te deixam nos quintais

da história que lamenta
um passado que ostenta
vidas ceifadas em cordão

mas quem sabe, n`algum dia
enfim África voltarias
a reinar como em outros tempos

sem tuas duras correntes
sem fome, peste que espreita
teus filhos, qual corvo em festa
Saudades de ti Mandela

a tua África bela
renascerá novamente
para a glória que a espera!

Vânia de Farias
10 de dezembro de 2013.

PARA TI

PARA TI
Esta rosa é para ti
que moras em meu jardim
meu jardim de flores ternas
da ternura que existe
bem clara, dentro de mim

Esta rosa é para os teus
que também moram aqui
no meu castelo encantado
onde comemos os caquis
comemos doces morangos
e também a manga rosa
a roseira enciumada
reclamou porque a fruta
também recebeu seu nome
eis que no seu universo
as rosas são variadas
como nós somos os homens
diferentes na aparência
nos pensamentos, até
nas escolhas dos caminhos
nos talentos e nos atos
na compreensão dos fatos
que nos são apresentados
mas idênticos na essência
eis que nós somos de fato
sonhadores, amorosos
em busca de solução
para as dores que cortam
como um punhal afiado
nosso frágil coração
somos também andarilhos
na estrada desta vida
a procura de atenção
para nossas tristes lidas
a procura de afeto
de colo e compreensão
da sombra de um nobre teto
que nos acalme a tensão
de uma vida atribulada
cheia de dúvidas, de anseios
mas não encontramos na estrada
consolo pros nossos medos
nos deparamos com máscaras
lívidas, pálidas, sem forma
que não ousam nos ouvir
nem nos dar uma resposta
e nossos questionamentos
reflexões e dúvidas
ficam sempre sem resposta
e giramos em muitas curvas
sem atingir nosso fito
de encontrar a ventura
à calma, o centro, o meio
e em nossa desventura
nos estranhamos, na crença
de que somos diferentes
ou mesmo especiais
melhores que muita gente
mas na morte, nos juntamos
a outros mortos que jazem
em seus túmulos tão escuros
e seus vibriões vorazes
a comerem o que restou
de nossos corpos tão frágeis
o banque desses vírus
é tudo que cultivamos
em nossa vida sem nexo
a procura de ventura
no êxito e no sucesso
no acúmulo, no consumo
nos etílicos e no sexo
nos esquecemos de amar
ao irmão, ao filho, ao pai
só nos lembrando de nós
e no que mais nos apraz:
A distração, a euforia
algarávia e a balbúrdia
de nossa boca sai lama
do coração só loucura
nos esquecendo da alma
que merecia atenção
cuidado e muita ternura.
Vânia de Faria Castro
Setembro de 2014.

NA MINHA GAIOLA

NA MINHA GAIOLA
Vânia de Farias
Na minha gaiola, não prenderei pássaros
na minha gaiola: soltarei os meus passos
soltarei os meus sonhos...
Soltarei os meus gritos

os meus tristes lamentos, meu sangue vertido
pela dor da paixão, dos amores perdidos
dos meus sonhos de então, transformados
em agonia, pela dor da traição
dos amigos que um dia, se fingiram de irmãos
se um dia, os foram, lá vai longe o passado
mas nos dia de hoje, só o fel, me deixaram
que amigos são esses? Se alimentam de quê?
Do espúrio interesse, e da lama tão fétida
que não ousa esconder, seus enredos, mentiras
traição, covardia... Interesses servis
mas será necessário,transformar amizade
em escada infeliz? Na procura de bens
perecíveis, qual folha,seca e sem direção
açoitada por ventos, das ingratas paixões?
A ganância sombria, a avareza cruel,
simulacro vestido,de serpentes com fel.
Mas um dia as máscaras
não mais se sustentam, e se quebram em pedaços
para nossos lamentos, para nossa angústia
e a dúvida cruel, se instala qual erva
daninha no trigo, de nossos sentidos
onde a amizade? Onde os dias festivos?
Onde as brincadeiras, os estudos, os motivos
que levaram a tantos, a outras paisagens.
Mas e nós que fizemos? Com as nossas vontades
somos apenas fantoches, manipulados talvez
por nossos desvarios, e igual insensatez
Te agradeço amigos? Inimigo, talvez
é melhor a verdade, que a Maia Soez
A nos iludir, com sua sedução
só me resta a dor, e a desilusão
mas a luta é eterna, somos os viajantes
e a nossa terra, nos espera o levante
de almas imortais, anunciando um reino
de amor, esperança, onde o desespero
é apenas o começo, de uma nova estação
chegaremos marchando, como bravos soldados
cuja condecoração, são nossas cicatrizes
nossas dores acerbas, a mentira, a calúnia
os amigos infiéis...Mas avante irmãos!
O futuro será, de encontros felizes
onde o bem vencerá.
Vânia de Farias Castro.
Em 24 de setembro de 2014.

LIBERDADE II

LIBERDADE
Vânia de Farias.
E voando, me sinto livre
e voando, me sinto anjo,
e voando, me sinto firme,
e voando, me sinto homem...

Quando voo, sonho
um mundo de venturas
penso homens se ajudando,
sonho mesas, com fartura
onde a fome é só engano.
Quando voo, sonho almas
se encontrando...
Se amando e planejando
um futuro pros seus filhos.
Quando sonho, penso os filhos
agradecendo, aos velhos pais
que sofrendo, os levaram as alturas!
E voando, eu me sinto irmão
e voando, eu me sinto são
e voando, eu me sinto pleno:
da alegria, dos que lutam
pela paz da humanidade
dos que herdaram a ventura
de sentirem solidariedade
pelos irmãos do caminho
como os apóstolos primeiros
naquela casa, tão simples
que acolhia os famintos
de justiça e de paz
do pão da boa ventura
do reino transcendental
deixado como armadura
contra as pragas deste mundo:
o egoísmo soez, orgulho e vaidade
usura e insensatez, ganância
e superioridade, que juntos
levam o homem, à insensibilidade!
Vânia de Farias Castro.
TRADIÇÃO
Vânia de Farias
Para Sol Siddartha

Recebe neto querido,
o que tenho para ti:
meus dias, que já se foram
e os que ainda estão por vir

São dias de tanto enlevo
de descobertas e encanto
de sonhos que hoje vivo
como canto de acalanto

O que te entrego hoje
já me foi entregue antes
por meus pais, velhos amigos
por mestres, e amigos tantos

me deram tudo que tenho
guardado em minha memória
fotografias tão nítidas
e suas tantas histórias...

De justiça ou crueldade
coisas de seres humanos
que embora estejam fadados
a um dia, serem anjos

se comportam como monstros
em momentos equidistantes
seus corações já não amam
seus olhos já não abraçam

seus braços não acalentam
suas mãos apenas enlaçam
as vítimas que caem inertes
após os golpes cruéis

e as fitas que amordaçam...
Suas bocas, já não oram
suas mãos não acariciam

apenas o olhar frio
a espreitar sua presa
como feras predadoras
sua fome, não tem freio

são piores que alguns bichos
que tem o seu próprio freio:
a natureza amiga
que lhes tolhem sem rodeios.

 Vânia de Farias
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LIBERDADE
Vânia de Farias
Onde te encontras, amiga?
nas dobras do tempo ido?
Nas estoas da Grécia,
dos pensadores antigos?

Para onde foste, querida?
pois não te vemos mais,
andamos muito apressados
nosso tempo se esvai.
Andamos muito assustados
com medo de nossos filhos,
nossos irmãos, nossos pais.
Hoje há tanta violência
que já não entendemos
para onde foste querida?
Que agora, já não te vemos?
Ao sairmos pesa o receio
o medo de nosso irmão
é filho matando o pai
irmão, matando irmão
por ganância, por quimera
por Maia, pura ilusão
é mãe, matando seus filhos,
não falo de aborto, não!
Falo dos infanticídios
que vemos todos os dias
os pais, matando seus filhos
como répteis, cobras frias,
Motivo? Não são visíveis
só a loucura está livre
nós outros, temos a clausura
já não somos homens livres
livres, de que, e de quem
dos criminosos a espreita
com seus colarinhos brancos
outros, em bancos, se deitam:
são os bandidos comuns
que atacam qualquer um
seu motivo? Um vício torpe
uma droga que é letal
Mata a vida, mata os sonhos
mata qualquer ideal
e nós ficamos a mercê
da dura realidade
ficamos agrisolados
presos, a tanta maldade
onde foste, liberdade?
Será que não te veremos
ficaremos na prisão
de nosso medo, e comendo
as sobras de tantos outros
que te conhecem de perto
pois mesmo, nos seus delírios
cometendo atrocidades,
ninguém os pune, pois bem
será que os mesmos estão certos?
Por que mudaste de lado?
Liberdade tão querida
nós precisamos de ti
pois por ti, muitos lutaram
perdendo tudo que tinham
e até, a própria vida
liberdade, liberdade, onde andas?
Onde te encontras escondida?
Vânia de Farias, em 23 de abril de 2014.
VELHOS CAQUÉTICOS
Vânia de Farias
O que vejo? Não entendo
que se passa, neste mundo?
alguns velhos, feito palhaços
falando sem terem noção

não educam, os seus netos
nem lhes indicam a direção
também não conseguem hoje
educar os companheiros
agindo feito ienas,
sorrindo, o dia inteiro
falando tantas asneiras
que até nos envergonham
quando não abrem as bocas
sujas, ou com peçonhas
de veneno, tão cruel
que ferem nossas entranhas.
Sangrando os corações
modificando o sentido:
De quando eram exemplos
a serem por nós, seguidos
de sabedoria ímpar
que transmitiam aos seus
bem como experiências
vividas no apogeu
da vida que um dia tiveram:
com honra e com trabalho
com dores, lutas acerbas
mas também, como ideários
Hoje, restou a chacota
qual palhaços, sem um circo
sem picadeiro ou calçada
apenas pagando mico
trazendo a sua volta
só rizinhos e pouco siso
para os que não partilham
de seu comportamento torto
são decrépitos, na moral
não falo do corpo físico
pois do físico é natural
é da lei da natureza.
mas tratando-se de moral
causa uma certa estranheza.
e quanto aos velhos pedófilos
criminosos, sem escrúpulos
que caçam pequenas presas
pelo caminho mais curto
não existindo defesa
pra uma criança ingênua
usar contra esses monstros
que vivem sempre em cena
nos muitos noticiários
nos comentários, entre os seus
e muitos familiares
compactuam com estes monstros
eis que lhe são semelhantes.
Não importando a idade
da criança agredida
vivem com tranquilidade
com seu algoz, cuja vida
transforma a vida da vítima
em eterna agonia
acompanhando esta dor
muito tempo, nesta lida
e os cúmplices, por receio
ou pura cooperação
permitem que continuem
com esta aberração
que os transformam em monstros
mesmo dotados de razão!
Vânia de Farias, em abril de 2014
IPÊ ROSA
Vânia de Farias
Caías como tapete
nos jardins de minha casa,
minha casinha era verde,
era um verde timbalada

forte, vibrante e belo
como tudo que vivemos
naquela casinha simples
mas nós vivíamos serenos...
Serenos como a noite
em que Betânia cantava,
e sua voz, nos chegada
no terraçinho pequeno
daquela pequena casa.
Sereno como às tardes
em que passamos a sonhar
com um mundo mais humano
sem maldades a rondar.
A rondar os nossos planos
de viver em harmonia
sem a grande amonia
que se instala na nação...
Com pessoas desumanas
que usam da dor alheia
para chocar corações
com seus pensamentos torpes
como torpe é sua vida
sujo o seu comportamento.
E ainda se diz pastor
um condutor de ovelhas
mas não passa de impostor
desviando, os conceitos
que o Divino e amigo
Pastor, deveras notado
por todos que eram açoitados
pela dor e tirania...
dos poderosos de outrora,
cobrando impostos exorbitantes...
E Roma dormia inglória
em seu berço delirante
com fortuna sem esforço
com glória sem merecer.
E é o que vemos agora...
Homens sem pudor ou ética
alçados, muitos ao poder
e quando atingem seus fitos
mostram o que realmente
nunca deixaram de ser:
Cruéis, e cuja ganância
trazem dor e sofrimento
crianças sem esperança
mães matado seus rebentos
pais abusando de filhos
irmãos matando os parentes...
Vânia de Farias Castro. agosto de 2014.
SEGREDOS DO MAR
Vânia de Farias
Estás com medo das ondas?
para teus pés, não molhar?
ou apenas, tiras onda
estás querendo ficar?

Cair em seus braços quentes
banhar-te neste amoroso mar?
Nos braços das ondas deves...
deixar-te levar sem medo...
Como se fosse um amante
a revelar seus segredos...
e tenhas certeza disto:
o mar não conta a ninguém
eis que em suas profundezas
é o que o mesmo mais tem...
tem tesouros, tem mamíferos
tem peixinhos coloridos...
tem corais e outras pedras...
também tem alguns maridos
que o mar em sua fúria...
Um dia os arrebatou
deixando suas esposas
apenas com o cobertor
do casal, como lembrança
dos tempos em que se amavam
mas agora só lembranças
seus dias são tão amargos...
que chegam a nos cortar...
os corações mais sensíveis...
vendo a mulher a chorar...
À saudade do marido
a saudade dos momentos...
Em que juravam amor
amarem-se além do tempo
mas hoje o que lhe restou:
Só a dor e a lembrança
dos tempos que já não voltam
e fica como criança sem entender
à revolta que hoje mora em seu peito
qual ferida gaivota, sem asas
para voar, e sem sonhos para sonhar!
Vânia de Farias Castro.
REFLEXÕES
Vânia de Farias

No que tu pensas mulher?
Nas mentiras que ouviste
nas verdades que calaste
nas coisas que deixam tristes

os corações mais sensíveis
visitados pela dor,
por tanta incompreensão
com um mundo parco de amor?

Por que tu sofres mulher?
já não sabias da vida
de suas estradas floridas
de seus campos, de seus mares?

Dos casarios mais antigos
dos palácios, e seus gemidos
eis que escutam nos lares:
crimes sendo planejados
pela ganancia infeliz

os pais matando seus filhos
para não deixar um triz
de suas grandes fortunas

mesmo sendo no natal
contratam um assassino
que engana qualquer menino
guardando todo o seu mal
Fantasia de Papai...
Noel, mas só fantasia

eis que o pai da vítima
só pensava em vilania
tirar a vida da filha
para negar um tostão
de uma imensa fortuna
o monstro tem coração?

É no que pensas mulher?
Nas intempéries da vida
de nossas vidas sofridas
cansadas já do viver
com os olhos cheios de lágrimas...

O coração apertado
pra respirar causa dor
para andar falta força
para amar, falta amor
para esperar, esperança
para gritar, falta a voz
para chorar, sobra pranto
gritando dentro de nós.

Para morrer, já não falta
eis que não vive, vegeta
num mundo cheio de feras...
Matando a seus irmãos

matando até os seus pais
para roubar o quinhão
que um dia herdarão
mas quando a morte, chegar...

Mas a ganância cruel
não os deixa esperar
e praticam o matricídio
numa loucura atroz

chegando aos seus ouvidos
o grito de muita voz
é a voz dos revoltados
indignados então
com tão torpe covardia

com irmão, matando o irmão
e filha matando os pais
para ficar com o dinheiro
fruto dos seus trabalhos
labutaram com esforço
na tentativa de um dia
ver sua filha em segurança

Mas enfim, a filha ingrata
em segurança está
por grades, fortes, seguras
que teimam por resguardar
as ruas de fera cruel

que nos deixou a pensar:
será justo trabalhar
tanto e obstinados
para sermos assassinados
pelos filhos desalmados
sem rumo ou direção.

Não existe, na nação
quem segure suas mãos
assassinadas e cruéis
antes do golpe final?
.
Vânia de Farias Castro
 Imagens: google
16 de agosto de 2014.
PEQUENOS/GRANDES SONHOS
Vânia de Farias
Chegaste novamente
em forma de saudade
ou de frustração?
pelas tristes verdades?

Meu sonho é tão grande
ou é tão pequeno?
O de dividir, meu terno afeto
com os meus pequenos
Meu Deus! Sei que És
A própria Justiça.
O mais puro amor
que no mundo exista.
Mas dói assim mesmo
no meu coração
meu sonho de avó
se ver transformado
em pura ilusão...
Não ter os meus netos
queridos bem antes
bem antes do berço
e não está distante,
o tempo em que
os mesmos...
chegaram em minha vida
trazendo alegria
trazendo esperança
e o lenitivo, para aliviar
tantas dores sofridas
e decepções,
sentidas um dia, pelo mundo afora.
Chegaram também
para aliviar, as minhas feridas
são cortes, profundos
sentidos um dia, por mãos
egoístas, que também sofriam
o enfado, angústia, de vida
sem fito, sem a doce visita
da paz e esperança
nos dias melhores
sonhados por nós:
utópicos, sem cura
com os seus cuidados
cuidado em educar
cuidado em ensinar
o que aprenderam
o que hoje sabem
dentro de princípios
que tinham herdado
de seus descendentes
princípios forjados
na dor, no trabalho
na obstinação...
Na pura esperança
de mundo irmão,
onde todos possam
se amar, com ternura
sem outros interesses:
com a loucura
da troca indevida
dos afetos dos seus
do mercantilismo
do que Deus nos deu
sem nada cobrar
que é nosso gesto
nossa capacidade
de querer amar...
Vânia de Farias Castro.
SENTIDOS
Vânia de Farias

Meu guri, se já sentes
o cheiro da manga madura
se queres ser verdadeiro
como a Virgem Pura.


Se falas cantando
para tua amada
já és mensageiro
das coisas do tempo
do vento, do nada!

Pois nada existe
é pura ilusão 
são coisas de Maia
é só sensação
é puro sentido
nos nossos ouvidos
os sons, já existem
bem antes de nós.

Na inteligência
pensante, primeira
o que é derradeira
é que chega, após.

Se nada existe
como explicar
a tua existência
a vida no mar?

A tua essência
teu cheiro de mato
e o teu olfato, não é nada,
não é fato?
É pura ilusão

mas te vi  nascer
nasceste de mim
pequeno assim
como a manga rosa
que cheiras agora
bem perto da mão.

Vânia de Farias
em 23 de abril de 2014.
ALELUIA ALELUIA!
Vânia de Farias
Ave Senhor! Nasceste dos mortos
como claro sol, que se escondia
numa noite fria, de um tempo de fúria
de um tempo de glórias,

para os poderosos, da posse efêmera.
como os dias de hoje,
onde o tua vida, não serve de exemplo
para os abastados, que só se norteiam
Seus tronos existem, no reino da terra
poder temporal, dos tempos de guerras
da era do mal, o bem se enterra,
se mata qual fera, nossos inocentes:
crianças, sem máculas,
seus sonhos já foram
cortados agora, já no nascedouro
por monstros insensíveis
cujo egoísmo, dirigem suas vidas
governa seus sítios, com falta de ordem
anomia total, carência de amor,
do homem imortal: Senhor dos planetas
O Governados, da terra querida.
Jamais morrerias, pra quem te amou
pra quem foste tudo, pra quem foste pão
pra quem foste vinho, pra quem foste irmão.
Teu renascimento, nos causa alegria
o júbilo é tanto, que não caberia
no nosso planeta, eis que ele é pequeno
para acomodar, o nosso lamento.
Por teres passado, por grande paixão
pela traição, de um teu irmão
pela covardia, daquele Pilatos
pela vilania, dos teus assassinos
Pela serpentia, daqueles que um dia
comeram o pão, que distribuías
pelas cercanias, daqueles rincões
das praias, dos montes,
por onde passavas, e distribuas
a linfa da paz, e a esperança
de um reino vindouro, um reino de ouro
Onde o mal jaz, onde o bem que vence
na luta travada, bem dentro de nós!
Vânia de Farias, em 20 de abril de 2014
Ressuscitou, aleluia!

quarta-feira, 18 de novembro de 2015

Mesmo assim
Vânia de Farias
Mesmo quando tuas mãos
estiverem presas por fortes grilhões
e teu coração contrito de dor
esmagar no peito um grito inconfesso

Espalha amor!
Mesmo se teus dias forem
de colheita amarga
das incontáveis desilusões
e abandonos cruéis
Espalha amor!
Mesmo que todos te traiam
e possas contar
apenas contigo
e com a irmã solidão
Espalha amor!
Que os céus te responderão
num futuro bem próximo
com um sono tranquilo
e a consciência desperta.
Vânia de Farias
11 de julho de 2015.

ENCONTROS - AVAREZA
Vânia de Farias
A avareza é vizinha triste e burra
não entende que vive em desventura
a pensar só em si, completamente
não entende que o outro tem direitos

e imagina que nos outros os defeitos
são tão grandes, que ofuscam os seus latentes
o que é seu tem valor aquilatado
ao brilhante ou mesmo diamante
e dos outros, os valores, são amenos
ou sequer tem valia de somenos
não merecem respeito ou cuidados
Já o seu, todos devem homenagem
começando por sua genialidade
quase sempre se imagina em igualdade
com os grandes, os avatares, e os gênios
não percebe o engano e o engodo
em que vive rastejando no esgoto
que criou para si e para os outros
se negando a viver intensamente
sua vida é medíocre, tão mesquinha
que um gole de agua é quase vinha
quando sai de sua cânfora já sedenta
e não dar para aplacar nem sua sede
muito menos a sede da vizinha:
a fartura, mulher, forte e guerreira
que divide o que seu com quem esteja
morando ou visitando os seus sítios
sua fé no futuro a alimenta
a esperança nos outros a sustenta
eis que pode contar consigo mesma.
Não faz planos ou dá esmolas com o alheio
e saindo a dividir com o muito inteiro
seu talento; seus bens; conhecimento!
Vânia de Farias
07 de junho de 2015

MARGARIDAS QUE COLHI
Vânia de Farias
As margaridas que um dia
eu colhi para te dar
hoje murchas, descontentes
já deixaram de sonhar:

com um futuro em que nós
poderíamos nos amar
sem ódios ou ressentimentos
pelas escolhas já feitas,
no passado a desandar
como nós: desencontrados
nos cansamos de andar
para a frente, e sempre em busca
de um farol a nos mostrar
outras praias, outros mares
e então a descansar
nossos pés estropiados
tão cortados a sangrar
dos caminhos tortuosos
que trilhamos sem pensar:
que teríamos outras escolhas:
apoiados, no pensar
no carinho dedicado
no passado a nos marcar
como ferro em gado manso
como estigma a nos queimar
os sonhos foram desfeitos
mas o amor, não morrerá
ele é forte, resistente
como as terras do sertão
como os negros antepassados
vivendo na escravidão
como os hoje operários
a andar na contra mão
da história, do presente
o bolso sem um tostão
para o lanche, para morte
para a compra do caixão
em sua última viagem
ao encontro de outros irmãos
que partiram logo cedo
não sem antes, pois lutarem
como os homens do sertão
como os mártires, como os bravos
os heróis, os campeões.
por um dia em que o mundo
será apenas um parque
de diversões onde nós
qual crianças a brincar
esqueceremos de rixas
maledicências, quiça
nos lembraremos apenas
do que temos pra somar:
alegrias, risos soltos
caminhadas ao luar
música tocando a alma
nos convidando a cantar
o canto dos menestréis
com um brilho no olhar
qual estrela em noite clara
com brilho pra alumiar
todo casal que encantados
se converterem ao verbo:
AMAR, apenas AMAR.
Vânia de Farias
Em 20 de junho de 2015.

E O PALHAÇO QUEM É

O PALHAÇO
Vânia de Farias
E o palhaço quem é?
O palhaço que conheço
minha gente
não rouba mulher, não...

O palhaço que conheço
quer roubar um coração
o palhaço que conheço
não trabalha no palco
não tem picadeiro
seu palco é a rua,
ou mesmo qualquer beco
ou até a calçada
da loja de sapatos...
O palhaço que conheço
falou que sou chique
não trabalha no circo
não tem emprego fixo
nem sexo definido.
O palhaço que conheço
como qualquer judeu
como qualquer cristão
como qualquer ateu
como qualquer princesa
ou qualquer plebeu
luta pelo direito
de ter alguém
que se diga seu.
O palhaço que conheço
minha gente
como qualquer pagão
ou qualquer cidadão
nesses assuntos não mente
apenas fala o que sente
no seu triste coração.
Vânia de Farias.
Fevereiro de 97
Causa e defeito
Vânia de Farias
Quero te amar,
mas não encontro a forma
eis que me encontro
nesta escuridão

quero sair,
mas não encontro a porta
eis que caminho nesta
contra mão.
Não desperdices por favor
o meu carinho
pois no futuro pode te faltar
eis que nos falta
sempre no presente
o que no passado
sem cautela ou conta
nos dispusemos a desperdiçar
é meio ambígua
esta atitude etérea
quando te falo
do meu querer
mas por favor
não sejas abusado
pois que o abuso
enegrece e tisna
qualquer devoção
qualquer poder
e o poder que ostentas hoje
no futuro, pode te ser tirado
a sedução que
te engrandece agora
se não usares
da forma adequada
e o equilíbrio não for
tua meta
não for teu fito
versar na verdade
essas benesses
que recebestes um dia
em pouco tempo
e sem piedade
se voltarão, contra ti
meigo louro
a desferir, golpes
impregnados
de violento desamor
raivoso
a destruir, todo esse teu
reinado.
Vânia de Farias
nov/97

PINTANDO O AMOR

PINTANDO O AMOR
Vânia de Farias
Já que pintamos o sete
e desenhamos o oito
agora chegou a vez
de pitarmos o amor

pintarmos por todo canto:
claro, escuro, frio ou quente
e após os finalmente
lembrarmos de amar a gente
eis que amando a nós mesmos
saberemos amar o outro
Desejando-lhe o melhor
E lhe dando mais conforto
o conforto da palavra
do silêncio, do olhar
vai depender do momento
a atitude a tomar...
Vai depender do encanto
que o canto nos mostrar
vai depender do que temos
na malinha de pintar
quais as tintas, os pigmentos
qual o brilho a usar
será a mão que ajuda
ou o ouvido a escutar?
Ou será a quietude
nos momentos turbulentos
ou mesmo sentar juntinho
e escutar o lamento
do companheiro que espera
de nós apenas a presença
quieta, só partilhando
pra aliviar a tormenta.
Vamos pintar a cidade
vamos pintar os murais
pintaremos o planeta
cuidando dos animais
amando o mais pequenino
ser criado para a vida
e só assim, nós seremos
os pintores da guarida:
para os injustiçados
os perseguidos e mortos
mulheres, loucos, doentes
crianças, velhos e fracos
homoafetivos e negros
pobres, marginalizados
religiosos, enfim
todos os assassinados.
Vânia de Farias.
Em 20 de junho de 2015.

terça-feira, 17 de novembro de 2015

HOMO RÉPTEIS

HOMO RÉPTEIS
Vânia de Farias
À UM PRIMO ASSASSINADO POR HOMOFÓBICOS
Quando te vi ,caído e exangue
vencido na luta do desamor
quando te vi, com o rosto marcado
por ásperas luvas mensageiras da dor.
Quando te vi, fraco e abatido
pelas mãos violentas do irmão em ira
quando te vi, qual ave implume
abatida por feras, bem antes do voo...
Quando te vi, no silêncio da tarde
transformada em noite, em minha memória
guardei no peito um grito de horror.
Um grito de medo, das feras humanas
Um grito de pânico, neste palco parco
de espaço pra todos, viajantes toscos
caminheiros torpes, esquálidos, mortos:
de fome, tristeza, agonia amorfa
na bem aventurança dos algozes fortes.
na efemeridade de uma vida podre,
ociosidade de mentes ignóbeis...
Avanço tétrico dos comboios loucos
genocídio lento dos filhos ignotos.
Vânia de Farias Castro
26/06/2003

PINTANDO O OUTONO

PINTANDO O OUTONO
Vânia de Farias

Andei colorindo as folhas
de meu outono cinzento
não sei ainda se aguento
essas cores, acres, ocres


folhas secas pelo chão
um tapete adormecido
sussurrando  um gemido
sofrendo a ingratidão

dos que um dia partiram
sem aviso, sem adeus
desertaram assustados
ao constatarem frustrados
as voltas que o mundo deu...

Dos que hoje esqueceram
do carinho recebido
palavras em seus ouvidos
de estímulo e de ternura

partiram amargurados
e com línguas afiadas
me infringindo tortura

dos que partilharam um dia
dos banquetes coloridos
hoje me negam o pão
da vida, dando-me a morte
das relações em pedaços
mãos soltas sem direção

procurando outros braços
que lhes deem mais atenção
estão sempre a procurar
outros ombros, outros olhares

vivem a vida a usurpar
espoliar sem remorsos
esquecem a alteridade
a empatia também

e nessa busca infrene
deixam dores lancinantes
deixam corações duros
com medo de amar alguém

deixam mentes revoltadas
deixam muitos pelas estradas
amargurados, por fim
mas hoje vou colorir
as folhas que um dia deixaram
descoloridas pra mim!

Vânia de Farias
Imagens: google
Em 25 de outubro de 2015

LUA

LUA
Vânia de Farias

Ó Selene, incansável enamorada!
Tua perseverança me comove e extasia
e não entendo como, Endimião um dia
fora objeto de paixão tão linda.


Como consegues ó mulher viver assim?
Amando um homem adormecido
quase morto
não poderias tu, desistir de amor tão louco
que te agrisola sem piedade e compaixão?

Não poderias desistir, por Deus!
dessa união que te maltrata aos olhos meus?
Se teu amor tão devotado não desperta
Endimião, adormecido em seu torpor
será que é justo desperdiçar tanto amor
dedicação e paciência sem temor

quem está dormindo não percebe
o nosso intento
e nem entende os sentimentos
que nos movem
por mais que amemos
não teremos uma resposta
e nenhum eco, aos sons que produzimos
nossa caverna é a ilusão que alimentamos
nossa prisão é este amor que ainda nutrimos!

Não vejo mérito em se amar assim...
Se anulando de viver e amar de novo
amar um morto é desistir da vida
quem ama a vida, não amará um homem morto

se seus sentidos não despertam para ti
o que pretendes, ó Selene com teu fito?
Se teu destino é sofrer eternamente
por que não acordas de uma vez este teu mito?

Vânia de Farias.
Imagens: google
Em 28 de outubro de 2015.

ATRAQUEI MEU BOTE

ATRAQUEI MEU BOTE
Vânia de Farias
Atraquei meu bote agora há pouco
cansei de navegar contra a maré
desci, caminharei a pé...
sem direção, viajarei a toa.

Se quiser me seguir
segue a garoa:
chuva que fina, mas me corta inteira
se quiser me ver forte, seja dor
se quiser me ver bela, seja amor.
Estarei te esperando na alvorada
há luz lá fora, eu vi pela janela
se quiser me ver vento, ser verão
se quiser me ver flor, seja canteiro
estarei te esperando o ano inteiro
que sejamos primavera em janeiro
te espero com o Chico e o Manoel
e cantaremos nos recifes lá da Penha.
Nosso encontro se deu para que eu visse
que o mundo era pequeno até então
me mostrasses Simone e Jean.
Existência, e pura inspiração
No balanço final, já anciã
percebi que há vida no amanhã
e tentei imitar a elegância
de mulher imortal mesmo que todos
os seus homens fossem um tanto
quão mortais, que sorvessem
o líquido imorredouro.
No ensaio escrito sobre o tempo
vi que hoje, não difere quanto a Sêneca.
Nas miragens de minha inocência
esperei mais respeito ao ancião
mas só vejo desrespeito e indecência.
Mas por fim, entendi que hoje somos
o que serão os homens de amanhã
e nem Sartre, com seu brilho mostrará
diferença entre a tarde e a manhã.
Dormiremos extasiados de poder,
de orgulho, vaidade, arrogância
e acordamos com ressaca ao saber
que os vermes são maiores na balança:
quando o corpo abandona esta vida
sensações, percepções, e agonia
e em nosso esquife somos vítimas
de pequenos seres em euforia
a comer nosso corpo num banquete
numa festa com repasto sem requinte
vibriões passeando pelos órgãos
que cuidamos com empáfia e mania.
Vânia de Farias.
Em 18 de outubro de 2015.

JANELA ENTREABERTA

JANELA ENTREABERTA
Vânia de Farias
Hoje não abrirei minha janela
deixarei-a entreaberta apenas
olharei pela fresta qual criança
assustada com o mundo que lhe acena

e verei tão somente o que me encanta
deixarei para traz o que espanta:
a saudade dos amigos que partiram
os amores que já foram destruídos
sem qualquer explicação e/ou motivo
só verei o que enleve os meus olhos:
belos campos, e crianças a correr
empinando suas pipas, sem conter
gargalhadas já livres de seus peitos
movimentos sincrônicos e perfeitos
respirando o ar puro e suave
admiro o pouso de uma ave
beliscando migalhas pelo chão
onde estás meu antigo coração
que não vês, mais beleza na paisagem?
Se acaso, eu abrir mais a passagem
da janela entreaberta dos meus olhos
surtarei, sem compreender os episódios:
os sinistros, traições e sacanagens
solidão, abandono e maquiagem
mascarando os verdadeiros sentimentos
são camadas de verniz e até cimento
numa grossa argamassa sem sentido
tentarei mais uma vez ser o abrigo
da magia, já vivida no passado
ao teu lado, como eterno namorado
Oh silêncio, companheiro de outras eras
és meu anjo descido em socorro
de minh'alma em desassossego que te espera.
Vânia de Farias
Em 17 de outubro de 2015.

ME APAIXONEI POR UM ANJO

ME APAIXONEI POR UM ANJO
Vânia de Farias.
Me apaixonei por um anjo
sem asas, faz muito tempo
perdera-a por traquinagem
por está sempre mexendo
nos destinos dessa gente

Me apaixonei por um anjo
rebelde e quase humano
não gosta de sofrimento
nem tampouco abandono
o meu anjo é romântico
daquele que sofre muito
se enternece com a lua
se alegra com as estrelas
se inebria com o sol
meu anjo se apaixona
por tudo que há de bom
ainda não aprendeu,
sobre os mistérios da vida
não percebeu os seus tons:
a criança sem guarida
lhe causa dor e angústia
pai abandonando a filha
ainda lhe traz repulsa
mal feitor ainda aturde
meu anjo desorientado
não entendeu o riscado
da vida e suas intempéries
meu anjo bom me espere
vamos juntos viajar
nas asas da borboleta
polinizando os jardins
ajudando os colibris
os beija-flores, enfim...
meu anjo não compreende
como esses fatos acontecem
como Deus, então permite
tanta morte tanta peste
dizimando plantações
dilacerando corações
levando a dor somente
desânimo, desesperança
para tantos inocentes.
Meu anjo bom, entendas
Deus é justo é bonança
é Amor, Pura Justiça.
e o Pai da esperança.
não gosto de ver meu anjo
amuado, chateado sem entender o que vê.
tentando fazer as coisas
segundo sua visão
anjo querido, acudas
quem estiver iludido
mas não esqueças também
do causador da ilusão.
anjo amigo, dê amor
aquele abandonado
mas não esqueça de amar
o desertor desalmado
anjo torto, por favor
tenha calma, paciência
na terra não existe caos
apenas ordem, clemência
somos todos instrumentos
da lei que um dia negamos
somos anjos de esperança
para os que estão no engano.
Meus pobre anjo, sossegue
todo caminho tem volta
o agressor, será vítima
a vítima esquecerá
todos teremos um par
para dançar nesta vida
a linda dança que enfim
conduzirá nossos passos
para outros campos, pastos
e encontraremos fartura
paz, sol alto no horizonte
alegria dos infantes
protegidos pelos seus
Meu anjo o nosso adeus
para a discórdia e o cansaço
deve ser dado agora
não há tempo pra descaso!
Vânia de Farias.
Em 23 de outubro de 2015.

ESSAS FOLHAS

ESSAS FOLHAS
Vânia de Farias.

Essas folhas caindo em meu rosto
rosto negro, visitado pelo tempo
visitado pela dor e desalento
visitado pela amarga traição


pela dubiedade e transgressão
das leis que regem as relações dos homens
esses homens, afoitos, sem escrúpulos
que criticam, fazem coro em um tumulto

na crítica contraproducente
num plantio, já morto na nascente
em um solo apodrecido pela ausência
de escrúpulo, afeição e empatia

o que tens homem tosco aventureiro?
Não importa se é dezembro ou janeiro
estás pronto pra atacar teus semelhantes
com a falsa ideia de brilhante
mas não passas de perverso embusteiro!

Imaginas que o sol é teu somente?
ilumina apenas tua mente
fervilhando de agonia e preconceito
Oh João, onde está nossa Santíssima!
pra livrar a todos os artistas
de tua língua traiçoeira e peçonhenta?

Vânia de Farias
Em 08/11?2015.

JOÃO BOBO

JOÃO BOBO
Vânia de Farias

Quanta afobação e arrogância
quanto julgamento ineficaz
cadê a toga infeliz que danças?
Sob passos trôpegos, quase cais.


O poder que exerces hoje
pode te ser tirado logo mais
o parco e tosco conhecimento
que hora apresentas...
Em alguns minutos
revela-se sem importância

João, ó João quanta empáfia
és mais um João sem a moral
que tanto cantas
nesta triste e amarga orquestra
de hipocrisia, e falso caráter

como me lembro ó João Malasartes
de tua pele enlameada e cheia:
dos etílicos pagos pelo anfitrião que um dia
te recebera em sua casa

também cheia
de outros lobos a trairem sem
compostura:
a confiança de quem te recebera
como amigo, companheiro de aventuras,
nos devaneios do intelecto que incendeia.

Ah João, como me lembro
da bela e jovem anfitriã
que desejavas, e sempre
pronto pra lançar tuas
cantadas, tão toscas e chulas
quanto a tua cara feia...

Pois é João, agora descobri
o que te consome:
uma postura que reflete
um outro homem.
Num toucador que te apresenta
a face horrenda, qual homem vítima
de combustível em labaredas
sem Pitanguy que interceda na tragédia

a tua máscara é de um espécime
monstruoso quanto torpe...
Se não usares o que pregas
ó João Bobo, da forma adequada
se o equilíbrio não for tua meta.

Não for teu fito versar na verdade
andar nas linhas da justiça e ética
A panaceia que ostentas hoje
em pouco tempo e sem piedade
se voltarão contra ti homem tolo
a desferir golpes impregnados
de violento desamor raivoso
a destruir todo esse teu reinado!

Vânia de Farias

DANÇA DAS SOMBRAS

DANÇA DAS SOMBRAS
Vânia de Farias

Acendi uma vela agora há pouco
pensei em iluminar meu coração
mas não atingi o meu intento
continuo a sofrer na escuridão


essa sombra brinca com
minhas sombras...
Tento rechaçá-la inutilmente
dançam num bailado coordenado
tão sincronizados e contentes.

Que mais parecem amantes em lua cheia.
Elas se completam, e se homiziam
em seus passos agora discrepantes
Oh Deus!, onde estás, vem acudir
minha aguda dor, minha agonia!
Essa mente em dores lancinantes!

Minhas sombras tentam me sobrepujar
com tanta força que me nocauteiam
e as aranhas tecendo se aproximam
tentando me enredar em suas teias!

Será Meu Pai, tão impossível assim?
conviver com o que há de mais feio em mim
com o que de belo, hoje aspiro?
como conciliar no mesmo jardim
a mais singela flor com o seu brilho
e a erva daninha a se espalhar

Essas sombras, me perturbam, me apavoram
diante do futuro que almejo
das vivências transatas que desejo
olvidar ou transformar em história!

Arquivei meus anseios, frustrações
meus fantasmas, prejuízos concebidos
mas tomei o cuidado de guardar
as conquistas e medalhas recebidas...

E os atos ignóbeis cometidos
emergem de meus sonhos, adormecidos
se aproveitam desse breu que tento em vão
dissipar com tênue chama, sem sentido

Meu Velho Sábio, de mim tende compaixão!
deste ser que tenta em vão, se superar
emergir, tal qual crisálida, a aflorar
de seu casulo que a prendeu com o objetivo:

de proteger, meu Velho Sábio, esta mente
que arde em pranto, na escuridão da existência
mas se chegares e ficares por instantes
receberei absolvição e a clemência!

Não te demores Velho Sábio, sê urgente!

Vânia de Farias.
Em 09 de novembro de 2015

DESPERTAR

DESPERTAR
Vânia de Farias

Naquela manhã clara e quente
acordei confusa e ainda insone
mas me levantei pra ler teu nome
na lápide fria, derradeira!


Teu nome em letras garrafais
a fonte? Quase mar, me assombra mais
como um fantasma nas areias:
de um tempo em que te quis inteira
sem reserva ou medo de sonhar

e o pesadelo cruel veio acordar
minha fantasia e bebedeira...
O meu corpo ébrio se entretera
a brincar com fogo e se queimar!

A fuligem cobre o meu rosto
e as brasas queimam minha mão
onde está o amor tão agridoce?
para aliviar o meu terror?

Me pergunto agora: onde estou?
no inferno de Dante, ou purgatório
limbo a deslizar sob meus olhos
agonia e luto dando as mãos!

hoje peço missa ao vigário
Já faz sete dias que te foste
posso até rezar, mas não consigo:
entender o que aconteceu
perdoar teu gesto, tua foice

desferido golpes firmes, fortes
no meu coração, débil, fracote
e mais fraco ainda após a morte
do amor fugindo a galope
pra longe de mim, dos olhos meus!

Vânia de Farias