quarta-feira, 27 de setembro de 2017

Hoje estou um pouco mais esperta/desperta... Como gosto de estudar comportamento, o que venho fazendo já há uns 20 anos, não é tão fácil cair em papo furado. No entanto, como qualquer ser humano mediano, (deixar de cair em ciladas é coisa para espíritos evoluídos, o que ainda não conseguimos ser), em algumas vezes, caímos em contos: do vigário, do pastor, do médium, da freira, do espírita muito espírita,- como diria Divaldo Franco-, do amiguinho de infância, dos familiares carentes, além dos parentes e aderentes... Com esses é muito difícil a identificação da armadilha, eis que estamos afetivamente envolvidos.
Quando trabalhava no Procon Estadual, e atendia pessoas, vítimas de golpes financeiros, e mais, quando esses golpes causavam prejuízos não só ao consumidor, mas também a seus empregadores, eu presenciava um grande desespero e vergonha. Desespero pelo fato da iminente perda do emprego, e vergonha, porque justo aquele/aquela empregada, geralmente tão comprometida e leal, para com a empresa ter acreditada na proposta da gangue ou quadrilha.
Após as orientações cabíveis, tentava lembrar aqueles consumidores que não há vergonha em ser lesado. Haveria sim, se os lesadores fossem os mesmos. E que cair nos golpes e armadilhas de estelionatários ou outros tipos de enganadores, ocorre geralmente com pessoas de boa fé, pessoas crédulas, e isso não é vergonhoso. Os bandidos e vigaristas obtém mais sucesso com pessoas ingênuas e crédulas e que não são capazes de articular tais armadilhas com o fito de auferir lucro, a custa do prejuízo de outrem.
Vale acrescentar que caímos muitas vezes, por sermos vítimas de nossa ganância e incúria, mas estamos nos referindo, no presente caso, às pessoas que vivem essas penosas experiências pela confiança depositada na palavra do outro, que muitas vezes são transformadas em verdadeiros contos de terror, desespero e decepção
Vânia de Farias Castro.

AMIZADE

A amizade transpõe as barreiras da morte física. Ela nos mantém ligados pelos liames do respeito e do carinho, com que fomos brindados por nossos amigos, que no momento, estão noutro plano da existência.
Dizem os amigos espirituais, que até num casamento, quando a chama da paixão cede lugar as cinzas da rotina, e aos chamuscos dos desafios cotidianos, o desejo do sexo de variação, e procura por novos parceiros, para elevar a auto estima de um ou dos dois cônjuges, quando há amizade, esses desejos são administrados e educados em nome do respeito, do carinho e da amizade que foi construída e que ainda é a coluna de sustentação para a manutenção da relação.
Com a amizade, se procura novas alternativas de convivência, desenvolve-se a prática da tolerância e paciência, e ainda a disponibilidade para elencar num inventário honesto, quanta renúncia, quanto desapego, foi usado como argamassa para a edificação da relação. Procura-se incessantemente pelo auto conhecimento e consequente maturidade psicológica para ver beleza, numa corpo que à semelhança do seu, perde seu viço e vigor, fortaleza física, enquanto o Self se fortalece, se mostra, passando a controlar o ego, grande responsável por nossos inúmeros fracassos, no campo afetivo, e porque não dizer em vários campos.
Vânia de Farias Castro.
em setembro de 2017.

LEVIANDADE

LEVIANDADE

Causa-me espanto
teu cinismo apressado
fornecendo o atestado
de tua visão distorcida

Apressa-te em dar guarida
à inércia irresponsável
eu hoje procuro a chave
do engodo em que te encontras

quando em riste me apontas
com sarcasmo destemido
esqueces que o inimigo
em teu seio se encontra

Um dia serás a vítima
do que hoje és protetora
desrespeitando a tutora
de roseira ainda torta

um dia em tua porta
chegará feia cobrança
hoje guardas em poupança
as armas bem afiadas

que serão um dia usadas
contra ti, com finas pontas
Vejo-te pular tão ágil
na defesa destemida

dando mais força e vida
a empáfia e cinismo
esquecendo-te que o inimigo
contra ti se voltará

com a força que hoje dás
advogando atrevida
Sinto pena de tua sina
não consigo a compaixão

que seria o indicado
para o momento malsão
mas  como sou imperfeita
em busca de evolução

a compaixão é virtude
conquistada com o tempo
mas também com sofrimento
despindo-nos do homem velho

dando lugar no momento
ao homem simples e novo
sem disfarças ou arremedos
abandonando os vícios

jogando os trapos no lixo
que vestiam um corpo em queda
hoje cumpre a sorte certa:
viver em paz, neste mundo

ajudando e apascentando
os que ainda estagiam
nas cavernas negras e frias
da ignorância profunda.

Vânia de Farias Castro
em junho de 2017.

AVISO PRÉVIO

AVISO PRÉVIO

Não te falei filho meu?
Que mesmo se te avisassem
mesmo que esperasses
a dor com olhos abertos
quando ela chega perto
dói, dói do mesmo jeito
se chegasse de assalto.


Pessoa tinha razão
quando falava da dor
na procissão sem andor
andamos pelo avesso...

Não te falei filho meu?
Que preparo nesse caso
escafandro é mais um fardo
rasgando a nossa pele

não sei o que te impele
a acreditar na promessa
que existe a dor certa
acertando o coração

desconcertando a razão
embrulhando o estômago
toda dor causa incômodo
desconforto dos medonhos
nos cegando a visão.

Paradoxo acreditar
que a crença no esperar
pela dor antes da hora
apascenta a sua fome

que nos come sem demora
esperando pela dor
ela dói antes e no tempo
já é manso e consenso

que abate qualquer vivente
tira a vontade da gente
de viver dentro do corpo
não existindo conforto
quando a maldita se assenta

Ela se espalha e ri
ri alto, dá gargalhada
enlutando a estrada
por onde a doida passar

que adianta pensar
que ela estando a caminho
lhe tiramos o espinho
antes dele nos sangrar?

Não te falei filho meu?
A dor é fera medonha
quando ela se assanha
não adianta gritar

Xingar, pular, mutilar
com decibéis dissonantes
os ouvidos dos passantes
nos comparando aos pedintes
com dinheiro pra gastar

Que soframos quietinhos
pra enganar a atrevida
não lhe dando mais guarida
nem espaço no lugar

quiçá ela desapontada
parta pra outras pousadas
indo por lá se alojar
deixando o peito vazio

triste, minguado e frio
na espinha um arrepio
quando sente sua ausência
agora só a semente
da esperança a aflorar!

Vânia de Farias Castro.
em setembro de 2017.
Incomoda-me muito, ser tratada por "linda", "fofa", "meu amor", "gatinha", e outros adjetivos... É que as pessoas tem nome, sabe?
Dizem os antigos que trazemos em nosso nome, o significado da tarefa que iremos cumprir na terra e portanto, quando alguém nos chama pelo nome, está nos lembrando ou chamando-nos à ordem para o cumprimento desta tarefa, eis que consideramos missão, responsabilidade dada aos verdadeiros missionários, santos, mártires e avatares.
Pois bem, vamos supor que esses significados tenham fundamento: Meu nome, dizem é de origem nórdica, que pode significar esperança, ou dádiva de Deus, dentre outros significados senão vejamos:
Vânia: Significa “abençoada por Deus”, “agraciada por Deus”, “presente de Deus” ou “a que traz boas notícias”.
Vânia é um nome de origem russa, utilizado como o diminutivo de Ivan.
Vânia possui as mesmas raízes etimológicas que Joana, variante feminina de João, que surgiu a partir do hebraico Iohanan, derivado da união dos elementos Yah “Javé”, “Jeová”, “Deus” e hannah, que quer dizer “graça” ou “presente”.
Algumas pessoas consideram um segundo significado para o nome Vania (sem o acento), a partir da língua germânica e que significaria “aquela que tem esperança” ou simplesmente, “esperança”.
Na língua portuguesa, Vânia é um nome utilizado predominantemente no feminino, assim como outros nomes semelhantes, como Ivânia ou Ivana.
As pessoas batizadas com este nome, normalmente, recebem alguns apelidos carinhosos de amigos e familiares, como Vaninha, Vá ou Van, por exemplo.
No Brasil, uma das personalidades mais populares com este nome é a cantora Vânia Bastos, que ficou conhecida por estar ligada ao movimento cultural Vanguarda Paulista.
"Significa “abençoada por Deus”, “agraciada por Deus”, “presente de Deus” ou “a que traz boas notícias”.Vânia é um nome de origem russa,... (dicionário de nomes).
Origem Do russo.
Significado
Diminutivo russo de Ivan (João) que no Brasil foi adotado como nome feminino. Deus é misericordioso. (dicionário de nomes de bebês).
Vânia :Germânico :Terra Verdejante. (significado dos nomes germânicos).
Significado: Esperança
Origem: Gaulês
Vânia é um nome de possível origem germânica e russa, e é muito utilizado no Brasil, podendo ser considerado uma versão diminutiva de Ivan, um dos nomes russos mais conhecidos e usados.
é um nome de origem Hebraica/Russa e tem como significado “Deus perdoa”, “Deus é cheio de graça”, “graça e misericórdia de Deus” ou “agraciada por Deus”. Possui gênero predominante feminino.
Agora num campo mais generalizado:
Significado do Nome com a Letra v
Possui um lucidez incomum, especialmente no que se refere julgar o mundo e as pessoas. Sempre abre a boca para dizer a coisa certa. O problema é que não vive com os pés chão, e desliga sua atenção com uma rapidez incrível. As vezes isso da a impressão de não estar nem ai para o que acontece a sua volta. Liberdade, é uma coisa muito importante para você e, e por esta razão prefere resolver sozinho seus problemas sem pedir ajuda ou conselhos a quem quer que seja. Não gosta nem de dar nem de receber ordens. E precisa aprender a controlar a teimosia."
Com relação ao significado menos específico, discordo no ponto em que diz "sempre a boca para dizer a coisa certa". Já que ao contrário de Ofélia, abro a boca tagarela, para falar as coisas mais absurdas e incertas, isto se estiver entre amigos e familiares, claro!
Ainda lembro de minha saudosa mãe, que tinha verdadeira ojeriza pelo chamado hodierdamente e importado Bullying, mas que existiu desde todos os tempos, principalmente pelos que apresentam complexo de inferioridade e tentam demonstrar uma suposta superioridade ou poder sobre os demais que em suas visões distorcidas consideram fracos, por não apresentarem características pusilânimes, como as suas.
Certa feita, um rapaz, bem mais velho biologicamente que eu, que ainda era uma criança, arranjava em sua criatividade atarantada, inúmeros apelidos com o intuito de me magoar, claro, o que em alguns momentos atingia o seu insensato fito.
Como apresento o transtorno do déficit de atenção e hiperatividade, TDAH, mesmo considerado o termo inadequado - que me desculpem os psiquiatras, especialistas no transtorno, e sei que daqui a alguns anos, esse termo será alterado, já que apresentamos uma atenção exagerada, e não deficitária, em inúmeras direções, afazeres e interesses, daí a dificuldade em nos concentrar em certos detalhes que não nos interessa tanto, e focarmos nossa atenção nos que realmente despertem nosso interesse ou predisposição.
Pois bem, acontece que as características de meu transtorno, são mais comuns nos meninos, ou seja: agitação, excesso de movimento, criatividade exagerada, tagarelice e locomoção, e por consequência sofria inúmeros pequenos acidentes, para pavor de minha mãe, e ou outros cuidadores.
Geralmente as garotas com esse transtorno, são quietinhas e sonhadores, se distanciando mentalmente do espaço onde estejam mesmo que sentadas, não prestando atenção em aulas, ou outras atividades que considerem monótonas.
Voltando ao garoto cujo nome era ou ainda é Hildebrando, que de brando não tinha nada, muito pelo contrário, era o terror da molecada. Não conseguia nos deixar em paz, com os mais variados requintes de crueldade com suas macaquices e invenções dos apelidos mais que diversos e perversos, e eu claro era uma de suas vítimas.
Dizem alguns defensores do bullying que é coisa de criança, nada que atrapalhe ou prejudique o desenvolvimento das vítimas e de seus algozes, mas vejo que muitos matadores em série, começaram a matar após o disparo de gatilhos psicológicos que lhes levaram ao momento em que foram submetidos ao passado de vexames e humilhações.
Acontece que no meu caso, não causou grandes danos, só raiva e incômodo, quando era chamada, "testa de relâmpago", numa época em que desconhecia que uma testa larga e proeminente pode ser sinônimo de inteligência e clareza nos pensamentos, como afirma o amigo espiritual Miramez, através da psicografia de João Nunes Maia. Ou "tapa na porta" quando nas minhas correrias batia com minha cabeça na porta a minha frente, o que acontece até hoje diante de algumas vitrines.
Hoje fico a pensar que se não fosse uma auto estima rebaixada, Hildebrando poderia ter se tornado um escritor, um poeta, jornalista, por sua criatividade em usar figuras de linguagem com tanta propriedade e principalmente as metáforas.
Mas voltemos a minha mãe, que a época era comadre da mãe do danado do garoto, eis que como parteira, era comadre de boa parte da cidade, e ao tomar conhecimento das reincidências e implicância de Hildebrando, sacou de minha certidão de nascimento, convocou uma reunião inter familiar, e exigiu do jovem entre assustado e aturdido que não só lesse e soletrasse me voz alta, meu nome e sobrenome, como a partir daquela data, passasse a me tratar pelo nome que havia lido e soletrado. Caso contrário, esquecesse que eu existia eis que prescindíamos tanto eu quanto ela do contado com o mesmo, enquanto a insistência daquele comportamento, com os devidos pedidos de desculpas a e da comadre, claro!
Será por isso que ainda hoje, me sinto incomodada e um pouquinho enjoada, quando sou tratada por "fofa", "meu amor", "linda", por amigos virtuais, que talvez, jamais tenhamos qualquer contato? Vale acrescentar que meu nome continua o mesmo: Vânia de Farias Castro, que mantive mesmo após o casamento, eis que não via sentido em acrescentar o sobrenome do meu então esposo, já que sempre lutei pela preservação de minha identidade e individuação.
Gosto de ser chamada por Vânia! Eis que sou lembrada de meu compromisso enquanto estagio, neste planeta/escola e os apelidos carinhosos recebo de filhos, amigos físicos, namorados, namoridos, esposos, amantes, amores, filhos, netos e noras.
Vânia de Farias Castro
setembro de 2017.

segunda-feira, 18 de setembro de 2017

MONA LISA.
Vânia de Farias.
Hoje, espalhei todas as tintas
misturei todas as cores...
Meu arco íris de amores
está todo misturado.

Sensações: as mais diversas
controversas
angústias, emoções tão desconexas
embaralhei... Marquei meu baralho
mas não tiro a carta que mais quero
quero a ti, Ah como te quero!
Volta para mim, sonho atormentado
volta a nossa casa, reina em teu reinado!
Jamais arrumei aquela cama já desfeita
e nem reabri a porta daquele quarto.
Espero por ti, no meu sonho de menino
espero por ti, nos minutos de meu dia
Rezo a Nossa Senhora, uma Ave Maria
qualquer penitência, juro que pago!
Só não consigo apagar
a marca que deixaste
em minha pele, em meu corpo
em cores escarlates.
Essa letra que me marca até os confins
de um tempo que aguardo
com ânsia e desespero
Hoje juntarei todas as cores
todos os matizes
preciso pintar os dias em que fomos felizes
os momentos em que vivemos
imersos em nossos sonhos
em que nos deixamos entregar pelo abandono
os dias risonhos posam
agora pro meu quadro.
Minha Mona Lisa, sorri de forma estranha
sinto um arrepio
alcançar minhas entranhas
nem o Magistro, mudará
o tom desse sorriso.
Minha Mona Lisa agora
sorri de escárnio!
Vânia de Farias
Lei nº 9.610, de 19.2.1998 (Lei de Direitos Autorais)
Súmula nº 386 do STF
Imagem: Google
Dezembro de 2015.
É preciso ter coragem...
Para ser negro e servir
ao branco esnobe e transtornado
em seu comportamento narcisista.
É preciso ter coragem
para transpor as barreiras de gênero
e não se transformar em asqueroso pusilânime
odiando e dividindo, matando e devorando
os sonhos e anseios de muitos
Para ser mulher, quando tantos
ainda não se decidiram por
se transformar em seres humanos
teimando em continuar na condição
de machos, numa negativa contumaz
em ascender para a condição de homens.
É preciso ter coragem
para rasgar as próprias entranhas
e costurá-las quantas vezes
se fizerem necessárias
e qual colcha de retalhos
proteger e aquecer do frio
tantos que ainda sofrem
a friagem dos corações destituídos
de compaixão e ternura.
É preciso ter coragem
para deixar seus filhos sozinhos
para cuidar e construir
os filhos dos outros
quando aqueles não construíram
ainda a própria edificação
para vê-los se transformar
de crianças meigas e carentes
em adultos, tão frívolos e arrogantes
quanto seus próprios pais
chicoteando com sua empáfia
aqueles que um dia o amaram
e cuidaram, as custas da solidão
dos próprios filhos
lhes negando a companhia
para lhes garantir o sustento
e agasalhos...
E para continuar a viagem
mesmo que despojados de quase tudo
só lhes restando a esperança
de que no futuro, seus filhos
não passem pelas mesmas estradas
É preciso ter coragem
para viver entre cobras
destilando seu veneno mortal
a cada manhã, numa tentativa
inútil de aliviar sua solidão e amargura
para subir as culminâncias
do ser espiritual e imortal
e após o auto encontro
retornar para acalentar e apascentar
outros que perderam o endereço
de si mesmos.
Vânia de Farias Castro.
julho de 2017.

terça-feira, 5 de setembro de 2017

DESCONEXOS

DESCONEXOS
Que sentimentos
são esses?
Escondem-se
feito crianças
brincando de
esconde esconde
como nos tempos
de infância...
Que sentimentos
confusos...
Num tempo sou
só certeza
noutro, sou
porto seguro
e em outros
pura surpresa
Quando vejo
o desajeito
do teu rosto
infantil
sem rastro
do macho alfa
dos que traças
o perfil
quando te vejo
sem graça
quando alguém
se interessa
por ti
homem/menino
brincando feito
sapeca
Lembro-me
dos meus amores...
Quando não
sabem o que sentem
mas como exigir
dos outros
o que nem a gente
entende?
Numa hora paixão
louca
cavalo solto sem
rédeas
noutra hora
à razão,
nos trazendo
para a terra
para o chão
seguro e firme
onde devemos
ficar...
Mas voamos
pra bem longe
pras ondas
fortes do mar
daquele mar
que um dia
nos serviu
de aconchego
e naquela
noite fria
só existia sossego
só existia harmonia
tua voz tão calma
e mansa
teus dedos feito
criança
a brincarem com
o brinquedo
teu brinquedo?
Um violão
que dedilhavas
com calma...
Era tanta emoção
que me deixavas
sem graça.
Mas graça era
o que sobrava
quando tocavas
pra mim
tentando acompanhar
a canção que eu
tentava
cantar, pra acalmar
enfim
meus desejos
fumegantes
qual fogueira
a nos queimar.
Mas tu menino
indeciso
Naquela noite
febril
estavas tão decidido
a me amar qual
narciso
apaixonado por si
apaixonado
por tudo
que eu um dia
já fui
mulher elegante
e bela...
Segundo tua
impressão
me tratavas por
madame
parecias até
um lorde, dos
tempos imperiais
mas no leito
as comportas
de teu desejo
se abriram
e me amasses
qual louco
perdido a encontrar
consigo...
Nos amamos
sem pensar
em futuro
ou passado
só existia o
presente
que a vida
enfim decidira
por nos fazer
seus eleitos
a queimar
os nossos
corpos
felizes pelo
encontro
Amantes feito
os que lemos
nos mais lindos
e puros contos
não deixando
que os complexos
da complexa vida
nossa,
interferisse em tal
ato, de pura entrega
total, sem porta
que pudesse nos prender
nos trancar
nos desvarios
que depois
se apressaram
a chegar em
nossas mentes
nossos medos
e fantasmas
se enroscavam
quais serpentes
a inventar, mil
mentiras
para provar
que na vida
não existe tal
paixão
como a que
a gente sente.
Na memória
veio à tona
as dores
que ainda estão
engaioladas,
quais feras
sem qualquer
possibilidade
de liberdade
ou perdão.
Vânia de Farias Castro.
em 22 de agosto de 2014.

TEMPO DO SONHO

TEMPO DO SONHO
Sou do tempo em que
lavada as fraldas de meus filhos
as pendurava nos varais
como bandeiras brancas
a tremularem em direção ao vento
sim, a paz que a maternidade
trouxe ao meu coração
esquecendo as injúrias
ingratidões e perversões
de outros companheiros
nas íngremes caminhadas
em direção ao crescimento.
Sou do tempo em que
enfileirava seus calções
com a emoção de quem
organiza medalhas na alma
compensando as involuntárias
ausências, tão necessárias
e urgentes, na manutenção
de seus pequenos corpos!
Sou do tempo em que juntos
numa pequena sala
assistíamos vários filmes antigos
mudos, em preto e branco
onde os gestos nos falavam
tão alto que ainda hoje
os escuto nos escaninhos
da memória que já falha
nos registros de fatos recentes...
Sou do tempo em que
escutava numa calçada
com olhos e ouvidos atentos
a Dona Dú, velhinha querida
e amorosa que nos tirava
das paisagens a nossa frente:
muros altos, de fábricas antigas
de beneficiamento de sisal
os contos de fadas,
nos eram apresentados
com suas bruxas malvadas,
madrastas invejosas,
numa eterna e asselvajada luta
para manter a juventude,
que agora se esvaía.
Princesas puras e ingênuas,
a espera de um príncipe
que as tirasse daquele martírio
e as levasse para seus castelos
no dorso de um corcel branco.
E em nossas viagens pueris
esquecíamos do pó em nossos pulmões
das tosses noite adentro e alergias
daquele muro cinzento e tão alto
que nos parecia fortalezas
dos castelos medievais
das águas ferventes e coloridas
saídas de seus bueiros
apressadas e com ira, destruindo
a vegetação em volta...
Para nós, eram pequenos vulcões
de cujas erupções, saíam paletas
de cores ferventes e multifacetadas
Ah, sou do tempo do sonho...
Da alquimia, em que transformávamos
uma paisagem empoeirada
pelos dejetos industriais
em castelos antigos
onde poderíamos encontrar
flores coloridas, frutos doces
fadas e elfos a nos receberem
com mesuras e presentes...
Não pensávamos nos operários
cobertos de pó, enclausurados
como brinquedos velhos
e cujos sonhos, recebiam a visita
de pesadelos cruéis, quando
o final do mês, se aproximava...
Pois é... sou do tempo do sonho!
Vânia de Farias Castro
em agosto de 2017

UM OUTRO OLHAR



UM OUTRO OLHAR
Um bem ti vi visitou
meu jardim, em noite escura
ensinou-me com ternura
outra forma de ver o mundo
de ver o bem onde o imundo
teima em deixar seus miasmas
Ensinou-me a focar
no belo e no brioso
esquecer o horroroso
que se apressa em se mostrar
que nossos olhos são lentes
de nossa alma e mente
e registra o que sente
quando foca o olhar
Melhor registrar beleza
onde o feio se apresenta
pois nossa mente não aguenta
grosseria em demasia
crueldade, gente fria
matando a natureza
melhor olhar a beleza
que existiu nalgum dia...
Quem assim age, decerto
é por pura ignorância
deixando que a ganância
comande seus feios atos
quando pintado o retrato
de homens desse modelo
será danado de feio
como o de Dorian Grey
melhor procurar esteio
para os nossos pensamentos
em homens que apresentam
boa conduta e ética
esqueçamos os atletas
do poder e anarquia
eis que sua egolatria
vem matando muita gente
de fome, guerra, enchente
por falta de saneamento
deixando o bolso contente
a custa da morte alheia.
É preciso olhar o mundo
com olhos de apaixonado
mesmo que seja por instantes
para esquecer o reinado
do esdrúxulo repugnante
que vemos por esse mundo
e em nosso país gigante.
Quando vemos o objeto
amado, os nossos olhos
esquecem o que há de feio
só focamos na beleza
esquecendo a tristeza
a maldade, covardia
nossa mente de alegria
se enche agora de uma vez
o bem ti vi, me mostrou
a vantagem da beleza
esquecendo da crueza
dureza dos corações
vamos montar um cordão
de pérolas com nossos olhos
refletindo o que guardamos
bem fundo dentro do peito
para ver se há um jeito
de forrarmos esse chão
de flores, música emoção
poesia, e muita arte
quem sabe a tristeza parte
para longe, sem demora
deixando apenas por hora
as marcas da valentia
dos corações que aspiram
pelo equilíbrio entre nós!
Vânia de Farias Castro.
em setembro de 2017
Imagens Google.

NOSSAS DORES

NOSSAS DORES
Anastacio Pereira
- Ah! Quantas sinto!
Aquartela me em grutas disformes de tempos.
Envida tantos esforços no meu triste eu.
Me faz vivo sem vida.
Oh! Dores! Pena não ser medo
posto que já me tens em degredo.
Vânia de Farias
- Deixei de mensurá-las,
já não há aferição possível...
Nos olhos, rios d´lágrimas vertidos,
sem consolação ou mesmo alívio.
Ó Deus, vem cuidar deste teu filho inerme!
Que hora vive à míngua feito verme,
sem ferida aberta que o alimente,
ou outra podridão que morra
para que o mesmo viva.
Anastacio Pereira
- Riacho de lama
que abriga em campana
o virulento verme
que segue caldante abaixo
no seio de um novo medroso doído.
Vânia de Farias
- Acode Pai!
Não suporto mais este suplício,
a solidão já me consome o espírito,
olho em volto e até minha sombra foge...
E as andorinhas voaram pra outros cantos...
Não suportaram meu sorriso lívido
foram procurar fácies menos tristes!
Anastacio Pereira
Sucumbi!
Há vida lá fora!
Vânia de Farias
Mas nada vejo,
eis que minha espora,
prende meus joelhos em contrição terrível!
Procuro em vão, a aurora perolada...
Mas apenas vejo escombros e mais nada,
nas minhas paisagens o luto fez morada
e a esperança partiu com o inimigo.
Anastacio Pereira
-Pisaste? Que pasto?
Sou já o pasto pisado
que acolhe as verminosas e evoca
em gases purulentos
sombras do vão.
Se em mim pisastes perdida estás
sem volta de se encontrar
Vânia de Farias
-Então somos dois perdidos sem perdão...
Nessa estrada lúgubre perdi tuas mãos,
levanto os meus braços e grito por socorro!
Vivo, morta estou!
Morta, estou viva!
Não vejo razão de viver sem sentido.
Anastacio Pereira
-Ah! Se foi na batalha,
fui cobarde, recolhido,
travo meu luto, mas não vou à guerra
Covarde sou em toca perdido.
Resta-me teu penar culposo.
Te esguelhas cega?
Trazes-me luz?
Não fugas do meu eu preciso de tua guia.
De teu sopro forte
levando o pó insalubre
desse meu chão em sangue.
Vânia de Farias
-Foges dessa luta,
fraco e envergonhado
em toscas ruínas, caiu teu reinado
tua espada parte-se em mil fractais
sento nessa estrada, fiquei para traz,
com minha loucura e meu pouco siso...
Como fui estúpida e tola errante.
Resta-me um defunto,
meu futuro amante,
minha companhia só a cupidez,
com os cacos agora, parte-me de vez!
Anastacio Pereira
- Ressuscitado?
Em louvor festivo?
Nos parrerais divinos do eros
em festas trombetadas
sonoras em gargalhadas
da embriaguez sugada
da dolente amada.
Vânia de Farias
-Nossa história enfim,
teve seu desfecho.
A partir de agora,
não mais só o deixo
serei tua sombra onde tu andares...
Nessa travessia,
abrirei os mares
para a descoberta de outras moradas
onde a ventura faz-se enamorada,
dos loucos amantes, que se encontraram
para o enlace, na festa do Olimpo,
chamemos os deuses:
Selene e Hélio, para o cortejo,
e Endimião que acorde agora,
posto que Selene já o espera há horas...
E o nobre Kronos, é quem dorme agora!
Vânia de Farias Castro
e Anastácio Pereira.
em agosto de 2017.

BEM VINDO SETEMBRO

Que venhas setembro
trazendo as flores
trazendo amores
levando agosto
e os meus desgostos
carregas contigo
espero-te amigo
tranquila e serena...
Eu rezo a novena
em maio e em junho
para Santo Antonio,
e a doce Maria,
agora em setembro
eu rezo a Deus!
Acode os meus
levanta a todos
que estão caídos
ajuda o amigo
em suas angústias
Em tuas leis justas
não existe caos
apenas o cosmos
e os nossos corpos
que hoje, alquebrados
e desconjuntados
nessa travessia...
Nossa Ave Maria
pros necessitados
de todo o cuidado
do teu puro amor
que o Nosso Senhor,
nos cuide de dia
e na noite fria
seja o cobertor!
Que venhas setembro
espero-te em festa
com a mente desperta
livre o coração
da tola paixão:
pueril vaidade
da torpe maldade
cobiça e ambição
Vânia de Farias Castro.
em 31 de agosto de 2017.

CASO DE POLÍCIA

CASO DE POLÍCIA
Juntando, e limpando os pinceis
vi quanta cor, em argamassa
os seus pelos, hoje unidos quanto a massa
que se espreme, em ruidosa lotação
uns empurram, outros reclamam do empurrão
uns se esfregam, e já levam um safanão
ou uma surra, quando o esfrega é numa jovem...
Estudava em dois turnos na Escola,
Federal, nos meus tempos de moleca
como era chamada a nossa Técnica,
da capital de nossa Paraíba.
Nossas tardes e manhãs eram uma festa
aprendendo com os mestres tão queridos
Xavier, generoso e amigo
ensinando a somar todo o afeto
nas manhãs, nosso sono ainda esperto
constrangendo os belos adormecidos...
Professores a puxarem o cobertor
com carinho, e aconchego protetor
sem a malícia, que hoje corre célere
ainda lembro como éramos alegres
no aprendizado da digna profissão...
Mainha se encontrava no hospital
eu aflita, como o ágil pica pau
assumindo os compromissos esposados
eis que um jovem se meteu a esfregar
o seu corpo, no meu a provocar
uma onça, com vara pequenina
eu vestia, um negro leotardo
já pulei como um célere leopardo
sempre arisca, desde os tempos de menina...
Uma surra que não sei como ocorreu
quando o jovem levantava, o braço meu
já subia em seu corpo machucado
não entendia o fenômeno já que eu
era jovem e mais frágil que o meu
agressor e metido a tarado...
Bem mais tarde entendi a solução
resultado de estranha equação:
um velhinho vizinho e educado
conhecia o meu estilo calado
com berrante, surgindo o provocado
se o jovem vinha em minha direção
empunhando seus braços e suas mãos
em ilegítima defesa e acuado
eu o via, baixar em oração
genuflexo, parecia em comunhão
como um santo no momento do chamado.
Mas o fato é que o milagre ocorrera
com a ajuda do velhinho que viera
em socorro de uma jovem destemida
acontece que o garoto era irmão
do motorista daquela condução
que levou todo mundo pra polícia.
Para mim, delegacia é pra bandido
os meus pés, não pisariam em seu piso
a não ser que eu fosse acorrentada.
Protestei, defendendo a posição
alegando que não era um ladrão
para entrar em ambiente molestado!
E assim fiquei firme e amburrada
e o ônibus parado, em romaria
sem um santo, só uma delegacia
em cidade pequena e amada...
Eu vermelha de ódio e emoção
minha face parecia um pimentão
e meu cérebro, em brasa já queimado
protestei, eis que era eu a vítima
e menor, envolvida numa briga
provocada por moleque assanhado.
O sargento chamado pro ocorrido
era Pedro, com a chave do Xadrez
perguntou, sem cautela e polidez
se eu era, uma moça e recatada
respondi, agora brava e revoltada
sim, era moça, eis que a pele demonstrava
as feições de uma flor desabrochando
se o mesmo perguntava se eu era virgem
não daria a resposta perquirida
pois julgava que à mulher o homem deve
o respeito esperado e devido
se eu fosse prostituta ou uma madre
não seria molestada por tarado
sem a luta necessária e aguerrida
exigia o tratamento adequado.
Nesse tempo, existia a figura
do fiscal de menor, na conjuntura
pra cuidar das querelas dos moleques
e o mesmo assustou-se com o discurso 
do sargento, empinado e empedernido
já que eu era conhecida na cidade
pelos bêbados, garis, e autoridades,
e por todos, protegida e querida.
E falou com a calma de um sábio
que ali não só entrava salafrário
mas qualquer cidadão, ou mesmo jovem
para mim, estupefata e aturdida
nem um pé arredei naquela briga
Com o sargento Pedro, acanhado.
E o caso abafado, assim ficou
todo mundo para casa se voltou
e ainda hoje, rio do ocorrido
e agradeço, ao velhinho meu amigo
pela ajuda da surra no atrevido!
Vânia de Farias Castro.
Em agosto de 2017.

REENCONTRO

REENCONTRO
Como é boa a energia do encontro
sensação de uma música de acalanto
aos ouvidos, cansados de ruídos
conheci lindos sonhos, ainda vivo
sensações e emoções que estão comigo
desde os tempos, em que te conheci
foram muitos colegas e amigos
numa troca, feliz sem os ambíguos
interesses servis mercadejando.
Lembro Maura e Breno, a ensinarem
como a vida é bela ao plasmar
esperança em nossos corações
lembro Elpídio, naquela sala preta
nos levando a novas descobertas
do teatro em eterna evolução
Eleonora, com calma e sedução
com seu corpo em bela ondulação
modulando os sons na audição.
E me lembro de ti, nobre amiga
transitando, sempre ágil e aguerrida
na conquista do que hoje tens em mãos
eu ti via, como ave mensageira
de agouros felizes que ligeira
pousa calma em nossos corações
nos trazendo esperança e alegria
num futuro, que sempre nos sorria
osculando afável nossas mãos
e as tuas, já tão abençoadas
foram ainda aureoladas com a aura
na feitura, da arte em comunhão
com o belo, o ético, o verdadeiro
que sejamos os céleres mensageiros
de esperança para outros, nossos irmãos
Estou feliz com o nosso reencontro
és a rosa, o perfume, o encanto
mui querida e nobre Rose Catão!
Vânia de Farias Castro.
em 02 de setembro de 2017
Imagens Google.
para a querida amiga, Rose Mary Catão.

MINHAS DORES

MINHAS DORES.
Já as minhas...
em meu dorido peito se aninham
e destroem, qual erva daninha
toda minha plantação de esperança...
Minha mente febril, não mais descansa,
ao contar tantas contas num rosário.
Quando tento gritar, eis que me calo
esperando o desfecho, me resigno.
Vejo a insensatez, com voz altiva
Com o dedo em riste me aponta
já não entendo o fito que a anima
só a ponta afiada de sua lança.
Siga em paz, meu rapaz, com sua língua
afiada, cortante e ferina
o seu cérebro fervente já cozinha
a razão que um dia, apresentaste
hoje vives da fama que alcançaste
quando outros calados te ouviam
mas agora, há muita gritaria
muita voz, delatando teu disfarce.
Vê se para e reflete, sem soberba
que é preciso ceder, para que vejam
se as nossas razões têm fundamento
e se caso não forem pertinentes
procuremos, calados, mas contentes
aprender com o outro, o que ele traga
a nos oferecer, como lhe agrada
como o mesmo nos vê, como nos sente.
É preciso, seguir nosso destino
aceitar se estamos em declínio
para então resolver, pela mudança
se ficarmos parados a lamentar
ou atacando os outros, a atracar
em um porto onde tínhamos segurança
tudo muda, está em movimento
uns levantam, outros ocupam o assento
uns aplaudem, enquanto outros vaiam
é preciso enfrentar nossas batalhas
e sair da inércia, da dormência.
Que entendamos de uma vez
que a impermanência
segue apenas as leis da evolução
não adiante, sofrer por antecipação
se o outro, passar a nossa frente
Tudo passa: a glória e a dor
quem é escravo, um dia foi senhor
quem é santo, quem sabe foi ladrão
não nos serve a irresignação
ante as leis, de causa e efeito
se o teu tempo, é passado não há jeito,
que emende um tecido roto, não
Não entendo o ataque sem propósitos
tuas pedras atiradas, sem um alvo
vejo tanto asneira, que embriago
em tua água ardente e amarga
pensas que o trono é teu, e o engasgo
que outros possam ocupar, te causa horror
não adianta rolar em estertor
eis que a roda do tempo não perdoa
cada qual faça uso da coroa
pelo tempo indicado, com louvor
não adianta matar o sucessor
pra manter o status qual impostor
e manter para sempre o reinado!
Vânia de Farias Castro.
Em 01 de setembro de 2017.
Imagens google.