quarta-feira, 22 de agosto de 2018


Ontem te vi partir
fechado como um livro
esquecido na estante
queria teu olhar
por mais alguns instantes
mas só vi indiferença qual espora.

Esperava que no livro
eu leria mil histórias
de amores, desamores
dissabores esperança
renúncia, belas conquistas
de teu passado memória...
Ainda tentei chamar
tua atenção pra mim
minhas saias rodadas
quase chegando ao chão
sapatilhas coloridas
nos meus pés em movimento
queria teu olhar
quiçá por alguns momentos
pra banhar todo meu corpo
que deixaste esquecido
qual boneca fria, inerte
coberta por seu vestido
colorido desbotado
com os botões descobertos
já bem gastos pelo tempo
Mas partiste intimorato
sequer olhaste de lado
preciso compreender
que tenho todo atestado
que o meu sonho de ontem
retrata nosso presente
Vi alguém se aproximando
em um carro na penumbra
te pegaram sem rodeios
deixando-me aturdida
naquela triste avenida
escura qual puro breu
Mas esquece, segue em frente
não tento mais entender
como fogueira tão grande
com labaredas a ferver
nossos líquidos de amores
prazeres polens de flores
me cobrindo de prazer
apagou-se de repente
sem aviso, incoerente
dúbio louco mau querer
deixando cinzas somente.
Vânia de Farias Castro.
Em 17 de agosto de 2018

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