quarta-feira, 22 de agosto de 2018

Era uma vez uma menina
gostava de ler, ainda pequena
na cama, na rua na esquina
em qualquer lugar onde estivesse
Era uma garota agitada
seu cérebro, célere aloprado
não conseguia se aquietar
desenhava e ouvia melodias
mas o gosto de ler sempre a seguia
como amigo, um bom camarada
seus livros eram boas companhias
companheiros, mestres, e seus cúmplices
falavam o que a mesma só sentia
não conseguindo falar, sem sofrer tanto
O boca do inferno, aos oito anos
Castro Alves, lhe foi apresentado
no quintal sentada na calçada
a debulhar feijão com dedos ágeis
viajava com o Casimiro
também com o Gonçalves Dias
com palmeiras e com os sabiás
havia um outro, companheiro
o Augusto dos Anjos estava lá...
Desde os seus tenros seis anos
fora companhia de seu pai
na hora do adeus, do ultimo expiro
Augusto acompanhou, o jovem homem...
Mas gostava ainda das revistas
fotonovelas italianas e HQ's
romances adocicados, quais Sabrina
Barbara Cartland, suas heroínas
sonhando com príncipes encantados
Contos de fadas, e papel machê
modelava bonecos, seus fantoches
no teatro infantil, improvisado
gostava do Jorge Amado
de outros títulos universais
Deu a volta ao mundo com o Verne
Foi um dos seis, com a Drupré
Lia Freud, sem entender nada
O Martins Peralva lhe alertava
para a imortalidade da alma...
O tempo foi passando e a menina
em uma jovem atenta se tornava
Marina Colasanti lhe animava
Marilena Chauí, mostrava um mundo
O Fernando Morais, abriu os panos
de um teatro onde o homem é soberano
Numa ilha mostrava que o sonho
pode se realizar, tornar-se carne
A Simone mostrou um outro sexo
E o Sartre, um diário de uma guerra
Lapierre a Cidade da Alegria,
a miséria, escassez e a beleza
fê-la olhar para o mundo com grandeza
entender sacrifício e bonomia.
Hoje em velha a menina se tornou
e seus livros ainda hoje a encantam
conheceu conterrâneos, que acalantam
com escritos repletos de magia
de verdades, beleza e terror!
Vânia De Farias Castro
Em 09 de agosto de 2018

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