domingo, 2 de abril de 2017

VERNIZ SOCIAL

VERNIZ SOCIAL
Vânia de Farias.

Meu amigo me desculpe
mas meu limite chegou
tenho tentado há tempos
conviver com o que restou


de humano e cordial
que poderia existir
nas relações dos iguais
que tentam em vão dormir

com a cabeça caída
em travesseiro de penas
mas não podem eis que são
sacudidas pelos ares
e as muitas tentativas
sequer valeram à pena

lembro o réptil peçonhento
chegando sem qualquer alarde
discreto quase elegante
esperando o momento
de destilar o veneno
e sair qual um covarde

jamais se viu um barulho
um uivo ou mesmo urro
são exemplo de elegância
deslizando pelo mundo

rastejam em sua imundície
envenenando os incautos
que sequer percebem antes
que serão o seu repasto

são as vítimas desses répteis
homens simples, sem verniz
mas que cedo se lamentam
quando salvos por um triz
de seu veneno cruel
com aparência de mel

Desculpe-me amigo estou farto
de tanta hipocrisia
quem grita sem embaraço
suas dores e alegrias
é acusado de louco
sem qualquer educação

esses santos do pau oco
se pintam como irmãos
ostentando um crucifixo
em seu peito moribundo

são os novos fariseus
cuidando tão bem da forma
mas esquecem da essência
da fé que jamais professam
porta vozes da indecência
enganam e fingem com pressa

são camadas de verniz
em sua epiderme suja
laqueados feito um jarro
carregando a lama pútrida

indivíduos cegos e surdos
para os problemas dos outros
e se calam no momento
que são chamados ao confronto

Isolam-se em seus castelos
de areia movediça
ferindo com voz suave
com suas mordazes críticas

logo após, se enrodilham
no próprio corpo e rabo
e só voltam a agir
quando chamados ao palco

da vida e seus atores
tão toscos, quanto infames
e esses répteis brilham
com suas línguas infames.

Desculpe-me amigo
estou farto!

Vânia de Farias.
em março de 2017
imagens google.

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