segunda-feira, 10 de abril de 2017

ORVALHO

ORVALHO
para Brisa.
Vânia de Farias

Uma gota de orvalho hoje caiu
de meus olhos cansados da afazia
recordando as manhãs e noite frias
de um tempo em que não te conhecia:
egoísmo soez, chaga do mundo


outra gota caiu em direção
aos meus lábios calados em unção
sem vontade de rir ou de cantar
proferindo sentida oração

outra gota pousou em minha face
ao lembrar-me daquelas cálidas tardes
em que juntas bordávamos o enxoval
dos filhinhos retornando da viagem
pelos campos da erraticidade

o meu rosto se inunda de saudade
da mudança que chegou sem o alarde
transformado um botão em rubra flor
e deixando-me enrijecida de torpor

constatando como se desperdiçou
nos dentes das feras vis e vorazes
na calúnia, injúria maldição
olhos vítreos em minha direção

enxergando o que eles mesmos trazem:
dubiedade, preguiça em pensar
entregaram seus cérebros sem pesar
desistindo da razão e suas chaves

sinto o sol aquecer meu rosto lívido
em carícia me trazendo o alívio
colocando essas dores no olvido
e te vejo sorridente a decifrar
os enigmas da amiga a te mostrar
que o amor nos afasta dos abismos

Vânia de Farias Castro.
Em abril de 2017
Imagens Google.

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