terça-feira, 4 de abril de 2017

DEPRESSÃO E PRECONCEITO

DEPRESSÃO E PRECONCEITO.
Vânia de Farias.

Há poucos dias, uma colega de trabalho, após minha ausência que se dera no dia anterior, motivada por determinada enfermidade, me perguntou se eu estava melhor, e qual a enfermidade que me acometera.
Perguntou-me se eu estivera com rinite, sinusite, gastrite e/ou outros ites. Quando de minhas inúmeras negativas, diante da lista de enfermidades físicas, a mim apresentadas, respondi, não sem certa relutância que estava vivenciando um quadro de depressão.

A querida colega, entre enfastiada e incrédula, afirmou peremptoriamente que - "aquilo" era coisa de minha cabeça, e que eu teria que tirá-la da mesma o mais rápido que eu pudesse ou melhor que eu quisesse.
Essa foi uma das poucas vezes em que eu não me senti ofendida com a total falta de conhecimento da mesma em relação a uma doença mental que hoje é tão falada, discutida, chorada, explicada e discorrida por leigos, paciente, familiares de pacientes, amigos e profissionais das mais variadas áreas, e ainda por especialistas competentes.

A OMS, alertou recentemente que em 2030, será a doença que mais incapacitará o indivíduo, portanto não consigo entender como numa época em que todos estão conectados no Facebook, Google, WhatsApp, YouTube, e outras redes de longo alcance, como ainda não prestaram atenção ao tema tão antigo, quanto a vida humana, e tão falado na sociedade hodierna, já que alcança um número imenso de pessoas, mais precisamente, segundo a OMS, (Organização Mundial de Saúde )121 (cento e vinte e um)milhões de pessoas em todo o mundo.

Vale acrescentar que o Brasil ocupa o primeiro lugar no ranking da prevalência da doença em países em desenvolvimento
A doença não deixa marcas aparentes, é impossível de ser diagnosticada por exames de imagem e, confundidos com uma tristeza normal, resultado de algum insucesso na vida do paciente, os sintomas podem passar despercebidos. Mesmo assim ou por esse motivo, a depressão é a quarta principal causa de incapacitação em todo o mundo e, de acordo com projeções da Organização Mundial de Saúde (OMS), em 2030 ela será o mal mais prevalente do planeta, à frente de câncer e de algumas doenças infecciosas.
Hoje, segundo um estudo epidemiológico publicado na revista especializada BMC Medicine, 121 milhões de pessoas estão deprimidas. Para se ter uma ideia, é um número quase quatro vezes maior do que o de portadores de HIV/Aids (33 milhões).

Quando redargui que ninguém consegue tirar da cabeça os sintomas de um câncer, a mesma me respondeu que o câncer é "diferente, é real," (segundo a visão da mesma), mas que a depressão é da mente, e que podemos tirá-la se assim o quisermos.
Pedi-lhe com um sorriso, amarelo-esverdeado que a mesma não apresentasse esse método de cura para os portadores de depressão que se lhe apresentassem, uma vez que o paciente desavisado poderia se manter ilhado em sua angústia, opressão e desânimo, e não procurara ajuda profissional, agravando muito mais o seu quadro, eis que poderia acreditar que a culpa pela enfermidade seria sua, e portando por não ser capaz de tirá-la da cabeça, se sentiria mais incapaz do que já se encontrava.

Sempre me interessei e me senti sensibilizada pelos portadores de enfermidades, que além dos sofrimentos inerentes a doença, ainda sofriam com os dardos do preconceito e discriminação, como já ocorreu com os portadores da hanseníase e mais recentemente com os portadores de HIV, sem atentar que existe uma doença, que apesar de não causar repulsa ou medo do contágio, causa escárnio, achincalhamento e zombarias, que é a Depressão.

E mais, a depressão é uma enfermidade que quase todos, sabem o segredo da cura, sua origem (quase sempre é fruto da vontade do enfermo)e suas implicações, que geralmente são morais, mas que não percebem os sintomas quando um seu familiar enferma, e só percebem quando o mesmo atenta contra a própria com sucesso, ou insucesso?

Vânia de Farias Castro.
Em abril de 2017
Imagens Google.

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