quinta-feira, 23 de março de 2017

REFLETINDO A DEPRESSÃO

COMO UMA FOLHA SECA
Vânia de Farias Castro

Uma folha seca, há muito desidratada
as intempéries deixaram suas marcas...
Toda a clorofila, se esvaiu, evaporou
apenas uma folha seca e caída.


Pode ficar por horas, dias ou meses
quieta, sem qualquer movimento
nenhum sinal que denuncie
sua presença ou respiração

seus poros, abertos ao sol,
recebem o calor a queimar suas entranhas
a lhe revolver seus filigranas
emaranhando-os num frenesi
ou lhe causando torpor

O caule que a prendia à arvore da vida
está ressequido, caído a seu lado
e a árvore, que durante anos, foi sombra
foi abrigo e conforto para muitos caminheiros
hoje se distanciou da mesma:
triste e ressequida folha

mas qualquer vento pode lhe jogar para longe
lhe tirar do estado de contemplação
lhe roubar as migalhas de alegria
a semelhança de pardais em algaravia
a bicarem sem comiseração!

De onde vem esse vento?
Do norte? Que importa?
Seja forte ou mesmo manso
é capaz de lhe tirar do sossego

a folha, entra em estado de agonia
é jogada de um lado para outro,
dependendo do influxo do vento
Suas já débeis nervuras foliares se partem!

Estertoram ante a impossibilidade
de cumprir sua missão:
conduzir a seiva da vida...
E mais uma vez, a folha tenta em vão
conexão com seu pecíolo ou bainha
voa, voa em direção ao sol
aos morros, muros ou ou mesmo ao nada
em intrépida viagem
sem forças para retornar a sua árvore
sem forças nem ânimo para a conexão!

Vânia de Farias Castro.
Em março de 2017
Imagens Google.

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