quinta-feira, 23 de março de 2017

HIPCRISIA E FELICIDADE

HIPOCRISIA E FELICIDADE
Vânia de Farias.

Vivemos numa sociedade, onde não é aceitável, assumir que se está infeliz. A maioria das pessoas, espera de você o que ainda não possuem: felicidade plena, satisfação em todos os eventos de sua vida.
Vivemos num mundo de hipocrisia generalizada, de tal forma que, precisamos assumir a postura do realizado, alegre, exitoso, não obstante estarmos vivendo em estado de calamidade emocional.

Percebemos a infelicidade, angústia ou mesmo insatisfação e instabilidade emocional, quando discutimos com o outro: somos agressivos, e necessitamos proferir a última palavra. Necessitamos ter razão, mostrar conhecimento, do que na maioria das vezes, sequer imaginamos. Não ouvimos o outro, não lemos o que o outro escreve, e já nos arvoramos em alucinada correria, para discutir, contestar, negar o direito do outro de se pronunciar, se colocar diante de determinado assunto ou evento.

Ora, se alguém se pronuncia sobre determinado assunto, subtende-se, que o mesmo pensou nesse assunto ou evento adredemente, que sua colocação tem por base uma experiência ou observação anterior, e não é adequado que ocorra uma verdadeira correria para contestá-lo e em muitas das vezes, sem atentar para o sentido do que foi exposto, ou para o móvel que levou o autor, do comentário a fazê-lo.
Outro indício é o narcisismo exacerbado, onde só o meu é importante, é belo, é digno de observação, e mais - é digno de consideração e encômios. O feito do outro é de somenos valia, e o meu não: é objeto de pesquisa, de estudo, de trabalho árduo e acima de tudo de talento. Não devo nada a ninguém, nem a Deus, nem a vida, nem aos familiares, e/ou amigos, e esses servem apenas para me servir, seja na condição de provedor, ou simplesmente de espectador e admirador.

Sou o mais bonito,o mais inteligente e culto, e os demais devem se contentarem com seus lugares na plateia. No palco da vida, eu sou o protagonista, os outros são meros coadjuvantes, e não merecem o Oscar do reconhecimento e do respeito.


Fato interessante e moderno é a mudança do sentido das palavras e frases. Quando alguém pergunta como você está, ou se você está bem, não significa que a mesma esteja mesmo interessada em seu estado: seja emocional, mental, social, financeiro, físico, de saúde, não. Essa pergunta é apenas uma forma de cumprimento, como: oi, bom dia, o que também não quer dizer, que estejam literalmente lhe desejando um bom dia, eis que este cumprimento é apenas mecânico. Não seria melhor ficarmos calados, e apenas fazermos um movimento no rosto? Como arquear um pouco a sobrancelha, ou dar uma piscadinha de olho?
Economizaríamos palavras, para usar na hora da fofoca, dos comentários maldosos, em relação aquele colega de trabalho, que tem a proteção do chefe, e cujas costas ficaram tão largas, que não cabem no nosso departamento moral.

Ou ainda do filho da vizinha que cortou o cabelo longo, justo agora que estávamos nos últimos testes, de comprovação de gênero, para nossa tese de natal, junto com o peru e toda a família.
Ou a filha da outra vizinha que engravidou, até porque engravidar é um fenômeno novo, e muitos de nós, ainda não nos habituamos, com esse avanço tecnológico-científico-sexual das galáxias.

Sendo assim, nossa infelicidade e insatisfação está sendo exposta, na medida em que demonstramos o contrário, em nossos inúmeros selfies, nos encontros com os amigos, colegas (aqueles mesmos da repartição) e familiares e em nossas mensagens de autoajuda ou mesmo com nosso alvejado sorriso, recém saído da sala do odontólogo.

Vânia de Farias Castro.
Em março de 2017
Imagens Google.

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