segunda-feira, 14 de agosto de 2017

MEU PAI

MEU PAI
Vânia de Farias
Quando a emoção me corta a fala
estrangulando a garganta agora muda
dos olhos, vertem lágrimas desnudas
de todo o equilíbrio bem forjado.

Agora não é hora, sei que falo
mas minha pele já eriça os pelos rijos
tento agora, esboçar pálido sorriso
mas meu semblante em agonia, agora chora.
Musica, em ramalhetes recebi
e na memória lindos sonhos renasceram
de uma infância, bela e rósea qual jambeiro
derramando seu tapete na calçada
lembro agora dos meus dias, na cidade
na Coremas rua em que te vi partir
e deixando no meu peito só saudades
dos momentos de alegria que vivi
junto a ti, ó querido pai amado
socorrendo pequena ave ainda implume,
folheando as histórias infantis
ensinando-me a viver feliz no mundo.
Carpinteiro, tu fizeste um banquinho
como tantos, outros brinquedos para mim
sinto agora a presença do perfume
do amor, que num grito se evadiu
quanta dor, ainda mora em meu peito
a saudade, ainda vive por aqui
lembro ainda de Augusto, aquele Anjo
companheiro de teu último suspiro
e se EU, te cobrisse com meus beijos?
Ficarias, por minutos junto a mim?
Mas deixaste apenas um vazio
só um livro refletindo teu estado:
triste homem, carregando o seu fardo:
Depressão, companheira infeliz!
Vânia de Farias
Janeiro de 2016.

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