quarta-feira, 25 de janeiro de 2017

HOMORÉPTEIS

HOMO RÉPTEIS
Vânia de Farias

Quando te vi caído e exangue
vencido na luta do desamor
quando te vi com o rosto marcado
por ásperas luvas mensageiras da dor


Quando te vi fraco e abatido
pelas mãos violentas do irmão com ira
quando te vi qual ave implume
abatida por feras, bem antes do voo...

Quando te vi no silêncio da tarde
transformada em noite, na minha memória
guardei no peito, um grito de horror
um grito de medo das feras humanas

um grito de pânico, neste palco parco
de espaço pra todos, viajantes toscos
caminheiros torpes, esquálidos, mortos
de fome tristeza, agonia amorfa

na bem aventurança dos algozes fortes
na efemeridade, de uma vida pobre
ociosidade, de mentes ignóbeis
avanço tétrico dos comboios loucos
genocídio lento, dos filhos ignotos
.
Vânia de Farias Castro
26/06/2003,
Para um primo assassinado por homofóbicos.

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