sexta-feira, 27 de janeiro de 2017

SAUDADE

Saudade.
Vânia de Farias

Hoje eu queria te ver
rever teus olhos gelados
a me fitarem com firmeza, penetrantes...
quase cortando minhas carnes


chegando tocar a semente...
Fico constrangida e feliz
esperançosa e triste
apenas com teu olhar...

teu silêncio me incomoda
mas teu corpo grita
e consegue falar aos quatro ventos
o quanto ainda me amas, me desejas

me consideras bela como no passado
que ainda teima em ser
o que queiramos que seja:

Presente embalado em papel crepom
ou será celofane? Ou retalhos de cetim?
Este presente é tão vivo em mim...

E ainda levanto em um rompante
para ir ao teu encontro... Para saber
como estás, e ouvir tuas mentiras
ou acreditas mesmo no que dizes?

Quando te faço perguntas:
já sei a resposta, no entanto me contento
com tuas inverdades, e fico feliz
ao te ver acreditando que sonegastes

informações importantes...
Mas importante é ouvir tua voz
ver tua bela boca abrir-se em sorriso
como nos tempos em que ríamos

das coisas mais comezinhas...
e rias de minha fragilidade
das coisas que só eram minhas:
fraquezas, dores, anseios e medos

e rias tentando me acalmar
e esta era tua forma de amar
me cuidando, provocando
para ouvir meus desatinos

minhas respostas abruptas
por que temos tanto medo de amar?
de nos entregar... de nos desarmar
não te condeno, também sou assim

imatura e assustada. O amor me apavora
a entrega me deixa indefesa e vulnerável
e alimento a pretensão de ser forte
de ter auto controle, sobre meu corpo

minha vida, meus sentimentos...
Mas minto... Como tu, como muitos
Que num processo esquizóide
preferem o raciocínio

embora nem sempre lógico,
ao invés de se entregarem
se deixarem levar pelos sentimentos
pelos desejos que nos tira do centro

do eixo, e fatalmente nos leva a explosões
de paixão, como a que vivemos...
e que ainda sinto em minha pele
teu corpo, teu toque, teu sexo

teus soltos cabelos caídos em meu peito
aquecendo meu pescoço... ansioso
ao me despir... apressado como um jovem
em sua primeira noite de amor.

E nos amamos, nos acolhemos
sem medos, sem receios, sem rodeios...
só o desejo falando... os corpos entrelaçados
num abraço frenético e suave

em compasso descompassado
como ocorre com a maioria dos amantes
que muito esperaram pelo momento da entrega.
Ainda te sinto em meu corpo.
Como uma cicatriz.

Vânia de Farias Castro.
Em 09 de fevereiro de 2014.

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