Vânia de Farias
Hoje te seguro com mãos trêmulas
lembro-me com ternura de nossos atentados
contra quase tudo que o mundo nega
lembro-me ainda das gargalhadas
podíamos sorrir como mulheres comuns
escancarar nossas bocas saboreando a alegria
nossa alegria tinha sabor de uva passa
ou de qualquer doce originado do sacrifício
sim, muitas mulheres foram jogadas
nas fogueiras da incompreensão,
do desrespeito e do abandono
usaram letras de todas as cores...
Letras que denunciavam seus pecados
nossas imagens de mulheres sensatas e pulcras
eram embrulhadas em toalhas de linho branco
e guardadas em nossos baús de ilusões
naqueles instantes, só os olhos a sorrirem.
Podíamos usar qualquer vestido
com transparências ou fendas
qualquer comprimento nos era permitido
nosso colo podia se insinuar impunemente
nenhum homem se sentia no direito de nos ultrajar
de nos violentar, de nos usar...
Nossas roupas faziam parte de nossa essência
revelava nossa capacidade de sedução
de encantar, de embebedar
alguns olhos desprevenidos
podíamos ser convidadas para posar diante de um artista
ou sermos eternas musas de um poeta...
Nossos corpos continuavam nos pertencendo.
Podíamos saborear qualquer doce,
qualquer salgado, ou mesmo uma deliciosa ave
e nos aventurar pelas estradas do prazer
nos permitíamos saborear cada bocado
mesmo que lá fora fosse pecado se permitir
o prazer de um bom prato
de um vinho ou um doce
aqueles prazeres só eram permitidos
quando estávamos sozinhas: eu e tu, minha maçã
minha maçã sem pecados!
Vânia de Farias.
14 de junho de 2016.
escancarar nossas bocas saboreando a alegria
nossa alegria tinha sabor de uva passa
ou de qualquer doce originado do sacrifício
sim, muitas mulheres foram jogadas
nas fogueiras da incompreensão,
do desrespeito e do abandono
usaram letras de todas as cores...
Letras que denunciavam seus pecados
nossas imagens de mulheres sensatas e pulcras
eram embrulhadas em toalhas de linho branco
e guardadas em nossos baús de ilusões
naqueles instantes, só os olhos a sorrirem.
Podíamos usar qualquer vestido
com transparências ou fendas
qualquer comprimento nos era permitido
nosso colo podia se insinuar impunemente
nenhum homem se sentia no direito de nos ultrajar
de nos violentar, de nos usar...
Nossas roupas faziam parte de nossa essência
revelava nossa capacidade de sedução
de encantar, de embebedar
alguns olhos desprevenidos
podíamos ser convidadas para posar diante de um artista
ou sermos eternas musas de um poeta...
Nossos corpos continuavam nos pertencendo.
Podíamos saborear qualquer doce,
qualquer salgado, ou mesmo uma deliciosa ave
e nos aventurar pelas estradas do prazer
nos permitíamos saborear cada bocado
mesmo que lá fora fosse pecado se permitir
o prazer de um bom prato
de um vinho ou um doce
aqueles prazeres só eram permitidos
quando estávamos sozinhas: eu e tu, minha maçã
minha maçã sem pecados!
Vânia de Farias.
14 de junho de 2016.
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