segunda-feira, 7 de setembro de 2020


 Tenho pais maravilhosos (um pai e uma mãe biológicos) e um padrasto. Todos na erraticidade.
De meu pai, herdei o gosto por cinema, música, boemia e literatura, aliás, por leitura de modo geral. Também a necessidade da empatia. É uma das criaturas mais empáticas e solidárias que tive contato nesta existência...

Nada escapava de meus olhos ávidos. das fotonovelas italianas, às histórias em quadrinho, dos clássicos aos romancistas Best-sellers. qualquer livro que caísse em minhas mãos eu atacava como se fosse uma guloseima. Alguns que só bem mais tarde comecei a entender como EU, do Augusto dos Anjos e vários sobre Freud.

Herdei ainda a curiosidade e necessidade de compreensão dos dramas e tragédias humanas, nacionais e/ou internacionais, que tínhamos acesso através dos periódicos.

De meu padrasto, herdei o gosto pela alegria, pela fartura, pela cultura popular e pela generosidade, embora acredite eu, que levarei ainda muitas existências para introjetar no meu íntimo o verbo perdoar... Não sei se ele perdoava, acredito que não fosse necessário, já que o mesmo não alimentava qualquer ressentimento e acredito que não sentia raiva ou repulsa dos detratores ou opositores e aproveitadores, eis que ninguém chega à idade adulta e senectude sem passar por essas experiências, como bem nos alertou o imperador estoico Marcus Aurélio.

De minha mãe, o gosto pelo teatro, cultura popular, dança, música, moda e vida! Ela também era ávida por conhecimento, não obstante ter conseguido se alfabetizar aos 15 anos, por impedimento de meu avô. E mesmo assim, após muitas tentativas e um surra.

Herdei ainda a exultação diante do nascimento eis que a mesma exerceu a profissão de parteira, por muitos anos, e contribuiu para trazer à luz, muitos espíritos reencarnantes.
Lembro do brilho em seus olhos, quando relatava sua experiência e emoção diante do nascimento de uma criança:
"Para mim, minha filha, quando a cabeça da criança coroa, é como se fosse uma rosa desabrochando"

Minha mãe não falava de ética, ela agia com ética. Não falava em discrição ela era discreta. não falava em generosidade, era generosa.Não frequentava igrejas, seu coração era um templo.
O espólio deles são o arrimo mais forte que sustenta minha alma confusa e atormentada diante de tantas atrocidades neste nosso orbe.

Minha eterna gratidão neste dia internacional do livro.
Vânia De Farias Castro
Em 18 de abril de 2020.
Imagens Google.

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