NATAL
Vânia de Farias
É Natal, as luzes das vitrines
ainda estão acesas,
e não existe sequer um pão
em minha mesa, minha garganta
ainda estão acesas,
e não existe sequer um pão
em minha mesa, minha garganta
segura um grito de agonia
tento racionar, nesta noite fria:
se vivo na penúria, o ano inteiro
que importa se é dezembro,
tento racionar, nesta noite fria:
se vivo na penúria, o ano inteiro
que importa se é dezembro,
março, ou fevereiro?
A minha fome, é de todo dia...
Não entendo a revolta que
me visita agora,
A minha fome, é de todo dia...
Não entendo a revolta que
me visita agora,
no entanto a algaravia
que escuto lá fora
fere meus tímpanos
e encharca minha mente.
que escuto lá fora
fere meus tímpanos
e encharca minha mente.
Tento dormir, o sono
está ausente, só a presença
da angústia, que se ergue
a minha frente
está ausente, só a presença
da angústia, que se ergue
a minha frente
tentando atravessar sua
adaga fria em meu peito!
Quero te pedir, ó Jesus!
me acuda agora
adaga fria em meu peito!
Quero te pedir, ó Jesus!
me acuda agora
tanta festa e desperdício
dançando lá fora
enquanto a triste miséria
se senta em minha mesa...
dançando lá fora
enquanto a triste miséria
se senta em minha mesa...
Mas, que foi? De repente
escuto um grito:
uma jovem mãe num surto
esquisito, profere uma súplica
escuto um grito:
uma jovem mãe num surto
esquisito, profere uma súplica
à Virgem Maria.
Ergue os braços aos céus
e seu grito atinge o vácuo.
Suas frágeis mãos,
Ergue os braços aos céus
e seu grito atinge o vácuo.
Suas frágeis mãos,
quase saltam de seus braços
e sua súplica invade todos
os recintos...
Ela pede a Maria, que ampare
e sua súplica invade todos
os recintos...
Ela pede a Maria, que ampare
o seu filho: um jovem estudante
que agora foi assassinado.
por uma bala que se perdeu
da mão do policial ou do bandido
que agora foi assassinado.
por uma bala que se perdeu
da mão do policial ou do bandido
A louca mãe, pede perdão
de seus pecados, e roga
a Maria, um pouco de paz em seu delírio,
de compreensão para banhar
aquele algoz, que hoje lhe
tirou seu bem mais precioso: seu filho.
de seus pecados, e roga
a Maria, um pouco de paz em seu delírio,
de compreensão para banhar
aquele algoz, que hoje lhe
tirou seu bem mais precioso: seu filho.
Pede ainda, que interceda
junto a Jesus, seu filho - e
que o mesmo atenda a seu pedido:
Que receba nos braços
junto a Jesus, seu filho - e
que o mesmo atenda a seu pedido:
Que receba nos braços
seu filhinho agora inerte,
que o mesmo encontre
a paz, que lhe fugiu, deixando
apenas a morte.
que o mesmo encontre
a paz, que lhe fugiu, deixando
apenas a morte.
E neste instante, uma lágrima
se distrai, caindo em meu rosto
e banhando minha face.
Compreendo, agora que minha
se distrai, caindo em meu rosto
e banhando minha face.
Compreendo, agora que minha
fome é de justiça
mas, O Aniversariante
um dia morreu me dando
a vida!
mas, O Aniversariante
um dia morreu me dando
a vida!
Ergo os olhos e agradeço
pelos ouvidos meus
que me permitiram hoje escutar
aquele pedido.
pelos ouvidos meus
que me permitiram hoje escutar
aquele pedido.
De uma mãe com recursos
e dinheiro, mesa farta
e outros bens, lhe visitando
o ano inteiro.
e dinheiro, mesa farta
e outros bens, lhe visitando
o ano inteiro.
Mas que hoje, preferia estar
sem pão, mas com seu filho
aureolando seu coração!
sem pão, mas com seu filho
aureolando seu coração!
Vânia de Farias
Em 05/12/2015
Em 05/12/2015
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