domingo, 24 de março de 2019

O Carrinho de Corrida

O carrinho de corrida
Sua tia era enfermeira chefe de uma maternidade da capital, e organizava festas memoráveis. A mais atraente para Sairaf era a festa de Natal. Advnav caprichava em suas roupas e acessórios, afinal a mesma seria vista pelas primas da capital que viviam em apogeu material, eis que a avó de Sairaf era uma mulher muito influente no estado, e amealhou com trabalho e dignidade uma fortuna que lhe permitia exercer seu matriarcado com desenvoltura e rigor, razão pela qual os pais de Sairaf decidirem morar em uma cidade pequena, eis que admiravam muito a matriarca, mas admiravam e prezavam mais ainda a independência, e viviam de acordo com seus parcos recursos.
Em certa ocasião, A festa estava linda, com o pátio da maternidade adrede decorado com requinte e bom gosto, com decoração natalina vindas do sul do país, que deixavam aquele cenário, encantador para a pequena Sairaf, e aquelas cores e brilhos, enchiam seus olhos e coração de alegria, sem contar com a grande arvore de natal, repleta de presentes, aguardando apenas a chegada do Papai Noel para a distribuição dos presentes.
Acontece que Sairaf soube através de alguma prima tagarela, que ganharia do Papai Noel, um carrinho de corrida vermelho, e a mesma estava ansiosa para ver e tocar o seu presente, mas eis que uma chuva pega todos desprevenidos e aparvalhados correm em toda direção, para procurarem proteção. Mas Sairaf não contava com a astúcia de sua prima Aigér, que corre em direção a arvore, no meio da chuva encharcando o vestido de organdi, bordado com rendinhas de algodão e ainda seu sapatinho boneca marfim, agora salpicado de pontinhos marrons, da areia molhada do pátio da maternidade.
Aigér com toda a boa intenção possível, pega um grande pacote, e entrega a Sairf, que de pronto estranhou, eis que esperava um carrinho de corrida e aquele pacote era muito desproporcional ao que a menina havia imaginado.
Mas a grande surpresa foi que ao abrir o pacote, auxiliada por Argér, descobre uma grande boneca clara com olhos de vidros azuis, mas com um azul tão forte, que encheu o coração de Sairaf de espanto, imaginando a dor da menina que seria a real ganhadora daquela boneca.
E mais, a boneca não estava vestida, e Sairaf apesar de compadecida da boneca, a rejeitou de pronto, querendo tão somente seu carrinho vermelho. Arjér entre decepcionada e apressada tentava provar a Sairaf que aquele havia sido a melhor escolha, eis que a boneca era linda e seus olhos de vidro, pareciam reais... Não houve argumento que convencesse a menina de que a boneca lhe pertencia. Seguiram para casa e a boneca foi jogada a um canto, nua, como havia chegado e Sairf se negou a brincar ou vestir aquela boneca, desejando aquele carrinho de corrida, que deveria está com alguma criança desconhecida.

Vânia de Farias Castro.

Nenhum comentário:

Postar um comentário