sábado, 26 de outubro de 2019

Sentada naquela pequena sala
expressão patibular
não saberia de memória os crimes praticados
sentia-me como um condenado
vida resumida em um novelo enlinhado
de fios multicolores, quase prensados
num tear de aflição em três dimensões
também não saberia identificar onde estaria a ponta
não tinha como deselinhá-lo

meu peito arfava de dor
dos pulmões, um chiado dispinéico
não me indicaste qualquer remédio
no meu teatro de horrores desfilavam as tragédias
os anos passaram e continuava perdida
a cada sessão, mais contundida
estilhaçada em minhas memórias
(se é que ainda as tinha)
os personagens se revezavam em seus patéticos papéis
e eu continuava fiel, à minha dor, à minha agonia
à minha triste história
não encontrei respostas, tampouco a cura
foram anos a fio, numa atabalhoada procura
do sentido ou fito que justificasse o sofrimento
sentia-me fora de mim
e ainda hoje, não consegui adentrar
Peço-te por Deus! Deixa-me viver
se estou feliz, não obstante ainda perdida
de minha história, uma total desconhecida
não preciso de ti, para me deter.
Vânia De Farias Castro.
Em 20 de outubro de 2019

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