segunda-feira, 9 de março de 2020

Dia internacional da mulher

Gostaria de esquecer de Dandara, e de tantas outras que foram vilmente assassinadas por homofóbicos.
Que tentaram viver de acordo com seus psiquismos, entretanto foram impedidas por homens/monstros em conflito com suas próprias identidades de machos fracos, frustrados e pusilânimes.

Gostaria de esquecer do carro de mão em ela foi arrastada com seu sangue maquiando seu corpo de homem lutando para viver sua feminilidade, sem incomodar ninguém, sem humilhar ninguém, sem tirar o direito de ninguém, mas tão somente exercer o seu de viver segundo seus sentimentos, e sensações, sensibilidade, alegrias e dores.

Gostaria de esquecer de Marielle, e de tantas outras cruelmente abatidas pela coragem e ousadia de usarem suas vozes, em defesa de mulheres, outras minorias e até de homens.
Gostaria de esquecer aquele dia, em que mais uma voz de mulher, negra, moradora periférica e lésbica - fora pelo menos temporariamente - silenciada não com um tiro, mas com vários, numa demonstração cabal da passionalidade de seus executores e/ou assassinos intelectuais.

Gostaria de esquecer das mulheres que foram barbaramente assassinadas por lutarem pelo direito de darem à luz, a um filho, resultado de uma relação afetiva e/ou sensual, mas que para seu companheiro a mesma não passava de um objeto para saciar seus espúrios desejos e o filho, apenas um estorvo a ser eliminado antes da nascente.

Gostaria de Esquecer, Elisa Samujo, que não bastasse o bárbaro e covarde homicídio, não lhe fora dado o direito de ser respeitado seus despojos, - costume mantido desde a antiguidade-  o seu corpo pertenceria a seus familiares e amigos, e não ao homicida perverso e narcisista, que ofereceu seus restos mortais, como ração aos cães famintos, numa inútil e burra tentativa de cometer o crime perfeito, contrariando alguns psiquiatras forenses que alegam que todo condutopata é inteligente.

Gostaria de esquecer seu destino, sua humilhação, não apenas por machos psicopatas odientos mas por um judiciário covarde, que subverte e inverte o ordenamento jurídico para justificar seus preconceitos e discriminações apequenadas. E mais alarmante: no presente caso, cometido por uma juíza, que se negara a dar a Elisa, o amparo da Lei Maria da Penha, Dando azo para que aquele e outros machos sem escrúpulos e avarentos continuem dando vazão a seus instintos perversos e requintados de crueldade.

Gostaria de esquecer da pequena Izabela Nardone, mimoso botão que nem chegou a florescer, impedida por um macho e por uma covarde fêmea, descontrolada e ciumenta, justo os dois que tinham o dever de protegê-la, amá-la e educá-la.

Gostaria mesmo de esquecer, de tantos socos, humilhações, desdém, indiferença, abandono a que são relegadas tantas mulheres, nos campos, nas cidades, nas mansardas ou mansões.

Vânia De Farias Castro.
Em 08 de março de 2020.
Imagens Google

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