segunda-feira, 21 de dezembro de 2015

NOSSOS BOTES

NOSSOS BOTES
Vânia de Farias
Hoje atraquei o meu bote
estou cansada dos teus
teus botes? São tão certeiros
que ferem os meus sentidos

meu corpo fica tão rijo
que parece, já morreu
já morreu de tanto amar
amar demais também mata
mata, novas vistas belas
como vejo nestas matas
mata nossas emoções
de tanto soco no estômago
mata também sensações
de ser amparada então
por um amigo, por ombro,
que nos ampare a aflição!
Já atraquei o meu bote
atracaste o teu também
já bem pertinho do meu
será que ainda tens
esperança de um dia
tornar-te menos amargo?
tornar-te um cavalheiro
como já fostes um dia
naquelas tardes de janeiro
sonhando viver apenas...
Um amor, sem peia ou rédeas
que nos prendessem ao passado
ou mesmo aos preconceitos
de corações tão amargos
que nos viam como loucos
nossa paixão como estorvo
para suas vistas frias
acostumadas ao feio
as rixas, desarmonia
brigas, socos, palavrões
maldições e tirania
ameaças, punições
separação, covardia
cobranças, chantagens vãs
saber que o outro partia
sem sua autorização
deixando-a tão vazia
que inspirava apenas
indulgência e compaixão
sua vida tão pequena
mal cabia, a presença
do amor, da amizade
de nossas tardes festivas
de nossas festas alegres
como alegre era a vida
daqueles dias risonhos
não havia quem tirasse
de nós dois, os nossos sonhos...
Bastava apenas, que amassem
como nós: as brincadeiras
as cantorias, sem fim
eis que em nossas cabeças
o mundo agora era assim
música, festa, dança, graça
nas cordas do violão
não faltava a cachaça
a água tônica, o carvão
os churrascos, bem assados
como os corpos dourados
pelo sol, galanteador
que não deixava passar
uma mulher sensual
sem mudar a sua cor.
Vânia de Farias .

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